JAS (José António Saraiva) escreveu no Record que o Belenenses devia acabar com o futebol profissional e dedicar-se a duas ou três modalidades, mantendo ao mesmo tempo algumas instalações sociais como as piscinas. Diz ele que Lisboa não comporta mais do que dois clubes profissionais de futebol retomando uma tese antiga e que eu julgava em desuso. No fundo o que JAS propôe é um clube recreativo! E se olharmos bem para o actual Belenenses JAS não deixa de ter razão, porque o Restelo é hoje um espaço recreativo onde se entretêm uma meia duzia de sócios e uma duzia de modalidades. Sem ofender obviamente ninguém e muito menos quem trabalha sériamente ou rema contra a maré.
Por tudo o que afirmei, não estranho a descrença de JAS nem ponho em causa o seu amor pelo Clube. Parece-me no entanto que labora num erro de base e por isso pergunto: -para quê alimentar modalidades que cresceram e se notabilizaram à sombra da grandeza do futebol, se sabemos que em Portugal onde estiverem os três grandes são sempre eles que ganham os campeonatos?! Seja de que modalidade for! Vamos fazer de verbo de encher e formar jogadores para depois irem para os tais grandes, como já acontece com o andebol?! É para isso?! Se é para isso não vale a pena.
Outra falácia que JAS reproduz e me parece desactualizada é a questão de haver ou não espaço para mais de dois clubes de futebol em Lisboa. Com todo o respeito, a situação hoje é diferente, porque a população portuguesa (sem esquecer as ex-colónias) está concentrada à volta de Lisboa e Porto e além disso mudaram os hábitos de ver futebol com a televisão a ocupar e tomar conta das audiências.
Portanto, do que o Belenenses precisa é de uma estratégia para sair do plano inclinado e precisa naturalmente de gente com capacidade para a pôr em prática. E claro, que sejam do Belenenses.
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Saudações azuis.
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Post-scriptum: - Faltou-me acrescentar alguma coisa à descrença. Com efeito, aplicando o mesmo raciocínio (e a mesma descrença) a outras actividades, JAS deveria concluir pela extinção, por exemplo, dos pequenos partidos. Pois não têm quaisquer hipóteses de nas próximas eleições (nem nas seguintes) fazer frente aos grandes partidos. Caminharíamos assim, alegremente, para o partido único e quem sabe se as eleições não seriam mais disputadas! E se quisesse ir um bocadinho mais longe podia alargar o seu raciocínio aos jornais eliminando aqueles que não têm a sorte de sobreviver graças aos favores do estado (em crédito e publicidade, por exemplo) ou não têm a possibilidade de recorrer ao mercado de capitais angolano. E fico-me por aqui porque Portugal também estaria em risco... e está... se mantivermos esta descrença.
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