segunda-feira, abril 13, 2020

Reflexões – (Belenenses, Lay off e outras incertezas)


No meu postal 'Horizontes', ainda que superficialmente, dei umas pinceladas naquele que, imagino, seja o futuro quadro competitivo. Hoje vou comentar algumas ideias que têm vindo a público sobre o tema.

Comecemos pelo Belenenses onde Rui Pedro Soares se antecipou à concorrência, uma qualidade que efectivamente possui, avançando com a ideia do Lay Off! Sofreu logo uma chuva de críticas, umas imbecis, outras mais, mas eu acho que pode ser um dos caminhos para resolver o problema dos salários no futebol profissional. Neste caso de prolongada (e indefinida) ausência de competições.

E não percebo as dúvidas! Se há uma indústria paralisada por causas que estão a merecer apoio especial e extraordinário, se as entidades patronais pagam contribuições e impostos, pretendem manter a actividade, manter os seus trabalhadores, mas sem as receitas ordinárias e previstas, não conseguem pagar-lhes o vencimento, se tudo isto se enquadra na lei, porque não hão-de aceder a este mecanismo de comparticipação?!

A estas perguntas tudo se calou. Perceberam que não podem realizar-se campeonatos nacionais só com Benfica, Sporting e Porto, e também perceberam que seria absurdo usar o lay off para compensar salários de luxo! Alguns dos quais envolvidos em suspeitas de evasão fiscal!
Só que os restantes clubes/SAD, que são a esmagadora maioria, pagam salários, relativamente modestos, a jogadores que sustentam famílias, e que sem esses salários e sem esses jogadores não haverá campeonato nem indústria do futebol. Para não falar em muitos outros profissionais que trabalham a montante e a juzante desta actividade.

Ainda assim compreendo que terá que haver adaptações para o futebol. Uma delas prende-se com a ponderação dos tectos salariais comparticipados, e a outra, com o universo a quem se aplica. Que só poderá abranger um número limitado de jogadores por cada clube/SAD. Critério extensível ao restante staff. Estamos a falar de números que sejam os indispensáveis para manter de pé um campeonato nacional. Mais realista e mais viável. Quanto ao resto terá de ser o futebol a encontrar as respostas. Reformando-se e adaptando-se aos novos tempos.

Essas respostas devem vir prioritáriamente da Federação (e da Liga!) quer com soluções de curto prazo, quer preparando já cenários futuros. E têm meios para isso. Para além das receitas televisivas, que terão de ser centralizadas e geridas pela própria Federação, pode ainda cativar receitas da UEFA. O princípio é simples – só vai à UEFA quem ganha mas os que perdem também têm que ganhar alguma coisa com isso. Este princípio distributivo já é seguido nalguns países europeus e muito antes do corona vírus aparecer. Em Portugal, porém, esse princípio ainda não foi interiorizado. É mais fácil queixarmo-nos do egoísmo dos outros.

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