No
meu postal 'Horizontes', ainda que superficialmente, dei umas
pinceladas naquele que, imagino, seja o futuro quadro competitivo.
Hoje vou comentar algumas ideias que têm vindo a público sobre o
tema.
Comecemos
pelo Belenenses onde Rui Pedro Soares se antecipou à concorrência,
uma qualidade que efectivamente possui, avançando com a ideia do Lay
Off! Sofreu logo uma chuva de críticas, umas imbecis, outras mais,
mas eu acho que pode ser um dos caminhos para resolver o problema dos
salários no futebol profissional. Neste caso de prolongada (e
indefinida) ausência de competições.
E
não percebo as dúvidas! Se há uma indústria paralisada por causas
que estão a merecer apoio especial e extraordinário, se as
entidades patronais pagam contribuições e impostos, pretendem
manter a actividade, manter os seus trabalhadores, mas sem as
receitas ordinárias e previstas, não conseguem pagar-lhes o
vencimento, se tudo isto se enquadra na lei, porque não hão-de
aceder a este mecanismo de comparticipação?!
A
estas perguntas tudo se calou. Perceberam que não podem realizar-se
campeonatos nacionais só com Benfica, Sporting e Porto, e também
perceberam que seria absurdo usar o lay off para compensar salários
de luxo! Alguns dos quais envolvidos em suspeitas de evasão fiscal!
Só
que os restantes clubes/SAD, que são a esmagadora maioria, pagam
salários, relativamente modestos, a jogadores que sustentam
famílias, e que sem esses salários e sem esses jogadores não
haverá campeonato nem indústria do futebol. Para não falar em
muitos outros profissionais que trabalham a montante e a juzante
desta actividade.
Ainda
assim compreendo que terá que haver adaptações para o futebol. Uma
delas prende-se com a ponderação dos tectos salariais
comparticipados, e a outra, com o universo a quem se aplica. Que só
poderá abranger um número limitado de jogadores por cada clube/SAD.
Critério extensível ao restante staff. Estamos a falar de números
que sejam os indispensáveis para manter de pé um campeonato
nacional. Mais realista e mais viável. Quanto ao resto terá de ser
o futebol a encontrar as respostas. Reformando-se e adaptando-se aos
novos tempos.
Essas
respostas devem vir prioritáriamente da Federação (e da Liga!)
quer com soluções de curto prazo, quer preparando já cenários
futuros. E têm meios para isso. Para além das receitas televisivas,
que terão de ser centralizadas e geridas pela própria Federação,
pode ainda cativar receitas da UEFA. O princípio é simples – só
vai à UEFA quem ganha mas os que perdem também têm que ganhar
alguma coisa com isso. Este princípio distributivo já é seguido
nalguns países europeus e muito antes do corona vírus aparecer. Em
Portugal, porém, esse princípio ainda não foi interiorizado. É
mais fácil queixarmo-nos do egoísmo dos outros.
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