Já tinha desistido de escrever sobre o Belenenses e não
seria a ‘novidade’ de mais uma derrota que me faria mudar de ideias. No
entanto, ao reler o penúltimo postal – ‘Bem, começou o campeonato…’ – nomeadamente
a coincidência entre os avisos então feitos e o que se passou em Braga,
pareceu-me que seria curial republicá-lo, desta vez a bold e letra maiúscula.
Mas não vou fazê-lo. Quem se der ao trabalho que o leia. Eu vou limitar-me a
assinalar que o tempo urge. E no que toca a mudar de mentalidade: - é agora ou
nunca.
Explico mais uma vez: nunca mais podemos fazer faltas como
aquelas que aconteceram quer nos últimos minutos em Vila do Conde, quer nos
primeiros minutos em Braga; nunca mais podemos dar-nos ao luxo de demorar a
despachar a bola da nossa zona perigosa; nunca mais podemos executar passes ridículos
para trás e para o lado, passes de enorme risco face à enorme pressão do
adversário; e os médios não podem ter medo de se virar para o ataque. Eles também
servem para isso. Quanto aos avançados, quase sempre poucos e mal servidos,
exige-se inteligência, audácia, e o mínimo de desperdício nas raríssimas
oportunidades que têm para ameaçar a baliza contrária. Nada de remates de
qualquer maneira, toca a levantar a cabeça e procurar a jogada mais promissora.
Isto escreve-se bem melhor do que se executa. Eu sei.
Mas mesmo que façamos tudo bem, com menos erros, há insuficiências
estruturais.
Vou elencar algumas:
- A questão da mentalidade é a mais importante. Existem
jogadores com medo de jogar prá frente, enquanto outros estão convencidos que
são craques por causa do brilharete do ano passado.
- Precisamos de uma solução para o meio campo. Alguém que
assuma o jogo e carregue o piano. Aqui não pode haver desplantes, paragens
cerebrais e erros infantis. A continuarmos assim será muito difícil construir
jogadas de golo. A saída do Diakité foi um erro. Com ele, com o Eggert e com o
Filipe Ferreira talvez fosse possível alimentar o ataque em condições. Agora temos que inventar um novo meio campo.
- O serviço das bolas paradas, uma das chaves do êxito da
época passada, piorou muito. Tiago Silva era importante nesse aspecto, mas lesionou-se e mesmo
antes de se lesionar perdeu a forma. Não esqueçamos que em Vila do Conde
dispusemos de dez cantos a nosso favor e deles não resultou qualquer perigo!
- O mesmo se diga dos cruzamentos, que morrem normalmente no primeiro defesa.
Solucionados estes problemas veremos então se os avançados
de que dispomos conseguem fazer o respectivo trabalho. Marcar golos!
Saudações azuis