Fui ao Restelo, estava pouca
gente, sócios pagantes ainda menos. O clube subsiste agarrado àqueles onze
jogadores de camisola azul e cruz ao peito. O resto são capelinhas e (pequenos)
jogos de poder.
Foi um bom jogo, na minha
opinião, uma das exibições mais consistentes dos últimos tempos, incluindo
aquele passeio triunfal pela divisão de honra. A explicação é simples: - senti
que estava ali uma equipa, sem vedetas nem vedetismo, e isto que vos digo, não
é coisa de somenos. É uma raridade no Restelo! Foi preciso chegarmos à estaca
zero, foi preciso chegar um treinador de poucas falas e muita acção, que soube (e
sabe) com quem pode contar para começarmos a construir uma equipa. Vícios
antigos, que percorrem o clube em todas as direcções, que invadem o balneário, são
os verdadeiros adversários de Lito… e do Belenenses. Contra eles luta, jogo
após jogo, e a verdade é que tem ganho algumas batalhas! Eu faço ideia com que
esforço!
Mas falemos do jogo e dos seus
protagonistas: - ora bem, e como não me chamo jornal “A Bola”, órgão oficioso
do nacional-benfiquismo, achei que o nosso melhor jogador, aquele que revelou
mais classe chama-se simplesmente Palmeira! Meteu no bolso craques afamados,
joga de cabeça levantada e, pelo menos do meio campo para trás, pode fazer
qualquer lugar na equipa.
Quanto ao mais, ainda existem
alguns restos de vedetismo que Lito terá que limar. Ainda se fazem algumas
palermices nos lances de bola parada e ainda vislumbro algumas indecisões que o
tempo e o treino saberão rectificar. Mas fica provado que afinal o problema não
tem tanto a ver com a qualidade dos jogadores (que tínhamos) mas sim com a
mentalidade (que não tínhamos). Relembremos a propósito que alguns dos nossos
antigos jogadores têm lugar (com outra mentalidade, evidentemente) em outras
equipas do nosso campeonato.E até marcam golos importantes! Ou que poderiam
ter sido importantes.
As últimas linhas para sublinhar
o regresso de Pelé, que fez um bom jogo embora me pareça um pouco pesado; a
boa contratação de Nelson; os progressos de Deyverson e a acutilância de Miguel
Rosa. Mas todos cumpriram.
Saudações azuis