segunda-feira, novembro 30, 2020

Mais perto da vitória

 

Empatar no Bessa nunca é um mau resultado. Empatar com mais oportunidades que o adversário pode até ser um resultado moralizador. No entanto este Belenenses, pese a consistência que vem revelando, sofre de um problema congénito – não marca golos! E por isso terá que tomar cuidado uma vez que a pontuação penaliza muito os empates. Aliás o sistema foi pensado para favorecer quem tem avançados de categoria, homens-golo, coisa que a maior parte das equipas do nosso campeonato não tem. E quando os tem são imediatamente vendidos. A solução é pois 'caçar com gato'. Foi o que Petit tentou fazer com um ataque móvel sem uma referência que se desse à marcação. E na verdade o sistema quase funcionou. Criaram-se oportunidades, que não se traduziram em golos, mas dão alguma esperança que isso possa vir a acontecer no futuro. A lição deste jogo só pode ser esta.


Num plano mais especulativo podemos afirmar que o problema é congénito. Ou seja, está lá desde o início e por isso ouvimos Petit a reclamar um ponta de lança efectivo. Alguém familiarizado com o golo, com algum curriculum, e que não esteja agora a aprender a marcar golos. É certo que também se aprende a jogar na área, a desenvolver o sentido do golo, a rematar, e até se diz que ponta de lança (e guarda redes) são como o vinho do Porto, melhoram com a idade. O Belenenses é que não tem tempo para esperar.


Olhando com mais detalhe para o tridente atacante – Silvestre Varela, Afonso Sousa e Miguel Cardoso – há que dizer o seguinte:

Varela nunca foi um homem golo e ainda hoje quando recebe a bola a primeira ideia não é rematar, nem passar, mas sim arrancar em drible como fazia nos bons tempos. Isto não invalida que marque de vez em quando grandes golos.

Afonso Sousa é ainda muito jovem e não é um finalizador. Nem tem físico para isso. Não obstante herdou do pai e do avô o sentido da baliza e tem um remate perigoso.

Miguel Cardoso é um ala rápido, tecnicista, e com uma boa meia distância.


A suportar o tridente em termos atacantes temos os dois laterais (Ruben Lima e Esgaio) ou o envolvimento de algum médio na ressaca de uma jogada prometedora. Para que isto funcione Ruben Lima e Esgaio têm que trabalhar muito o remate á baliza.


E depois destes comentários resta-me acreditar que Petit vai conseguir o que todos esperamos – um Belenenses consistente, tal como está, mas a marcar golos.


Saudações azuis





terça-feira, novembro 24, 2020

O Belenenses eliminou o Real em Massamá!

 

Começo com este título para contrariar a propaganda enganosa (ou medrosa) que a mando de alguém anda a chamar B-SAD ao Belenenses SAD! Sendo que este alguém só pode ser alguém da Federação! Uma prática velha e relha que em lugar de tomar as decisões que lhe cabem, pois é para isso que tem órgãos jurisdicionais desportivos, fica á espera que os tribunais comuns resolvam os problemas! Mas afinal qual é a confusão?! A lei das SAD não está em vigor para a FPF? Há alguma dúvida de interpretação? Para a Federação é possível que o CFB possa ter outra SAD para o futebol profissional? E por aí gerar-se alguma confusão? A Federação tem que decidir de uma vez por todas se a 'legislação de marcas e patentes' pode subverter a lei das SAD.

Já agora também deve ter algum respeito, ela e os seus diligentes funcionários, pelos adeptos do Belenenses (cerca de 30%) que nas últimas eleições se pronunciaram pelo regresso da equipa do Belenenses SAD ao Restelo.


Passo então ao jogo da Taça cuja eliminatória conseguimos ultrapassar batendo o Real Massamá por duas bolas a zero. Petit não quis faciltar e alinhou com uma equipa muito próxima da habitual, jogando inclusivé com dois médios à frente da defesa – Bruno Ramires e Cauê que não permitiram veleidades ao ataque do Real assegurando ao mesmo tempo rápidas recuperações de bola. Pena que não tenha lançado desde início Richard ou Jordan no lugar de Varela, no sentido de dar mais velocidade às transições ofensivas. Única fórmula de começarmos a marcar mais golos. Mas enfim, acabámos por marcar o segundo golo logo a seguir ao intervalo e a partir daí fomos gerindo a eliminatória. Individualmente gostei de Miguel Cardoso, Afonso Sousa e dos médios Ramires (enquanto esteve em campo) e Cauê. Sobre os alas que entraram, Richard trouxe vivacidade ao flanco esquerdo. Jordan entrou muito tarde e nunca foi servido em condições. Nessa altura já estava tudo a recuar no terreno e era difícil receber uma bola em condições de contra atacar.


Saudações azuis



quinta-feira, novembro 19, 2020

Liga Revelação e outras novidades

 

Começo pela Liga Revelação onde a equipa do Belenenses começa a assumir uma cultura de vitória! Sempre achei que temos que lutar pelos lugares de cima seja em que escalão for ainda para mais nos Sub 23 que são (ou devem ser) um verdadeiro campeonato de reservas prontas a aceder à equipa principal. Para isso não podemos apresentar equipas só com miúdos jeitosos como vínhamos fazendo e com os maus resultados que se conhecem. Além de que os miúdos só crescem em equipas fortes. Assim, e pela primeira vez tive a sensação de estar a ver um conjunto esclarecido, que não deu grandes hipóteses ao Estoril, cuja equipa apesar de ter perdido mostrou porque é líder isolado da Liga Revelação. E também vi pela primeira vez o Jordan Van der Gaag que me deixou aliás uma excelente impressão! Desde que entrou, no final da primeira parte, o jogo mudou passando a pender para o nosso lado. Um livre teleguiado antes do intervalo foi cartão de visita. No segundo tempo esteve nos lances decisivos. Com um toque isolou o nosso avançado centro que acabou por sofrer penalty, e marcou o segundo golo com classe. Isto entre outras jogadas que ficaram na retina. Ou me engano muito ou está ali um médio ala para subir à equipa principal.


A golpada do Cashball/Alcochete foi finalmente desmascarada. Segundo a PJ tratou-se de uma denúncia falsa, os dirigentes do Sporting da altura foram ilibados,e quem vai ser acusado de corrupção é o próprio denunciante! Curioso mas não surpreendente é o silêncio dos media sobre este assunto. Os mesmos que na altura fizeram um escarcéu de todo o tamanho. Não deixa também de ser curioso o pouco entusiasmo com que os actuais dirigentes do Sporting reagiram a esta 'novidade'. Chamo-lhe novidade porque para muitos não é novidade. Desde o início houve quem suspeitasse que poderia haver uma relação/coincidência entre a invenção do Cashball e o ataque a Alcochete. Espera-se pois que a PJ não desista a meio do caminho e investigue tudo até ao fim. Nomeadamente quem esteve por trás da denúncia do Cashball, de quem era o dinheiro para oferecer aos jogadores de andebol e futebol, e já agora, porque devem ser os mesmos, quem patrocinou (na tarde do mesmo dia da denúncia!) o assalto a Alcochete! O que já sabemos é que não foi Bruno de Carvalho. Para bom entendedor...


Porque é preciso saber a verdade e acabar com a batota no nosso futebol.



Saudações azuis



segunda-feira, novembro 16, 2020

Futebol parado!

 

Esta história das selecções, incontáveis, de todas as idades, de género(!), que fazem parar o futebol e levam a maioria dos clubes à falência, começa a tornar-se uma praga. No caso português alimenta os aviários dos 'grandes', o mercado infantil de transferências, os cofres da federação e o 'patriotismo nacional'. O patriotismo vai entre aspas porque não vejo onde esteja a glória ou exaltação de ter uma selecção de emigrantes! Já abdicámos de pertencer ao primeiro mundo? De ter um campeonato competitivo e credível que possa reter os bons jogadores que produzimos?

Neste ponto lembro-me sempre do que acontecia na Europa comunista de antigamente: - se produziam frangos os melhores eram para exportação. O refugo era para consumo interno. É disto que gostam?*


Duas notas para o Belenenses : - a equipa B venceu o Fabril (1-0) e na liga revelação vencemos o Cova da Piedade (5-2). A gestão do plantel de forma integrada é fundamental para dar minutos aos jogadores e ao mesmo tempo alcançar vitórias que é sempre a melhor parte do treino de qualquer atleta. É aquela que lhe dá confiança e auto estima.


Saudações azuis


* Esta overdose de selecções e provas internacionais é em grande parte da responsabilidade da UEFA e FIFA. Mas não nos podemos esquecer que Portugal integra aquelas duas organizações e tem direito de voto. O problema é que os nossos dirigentes são grandes entusiastas do modelo actual. Quanto mais provas internacionais mais hipóteses de medalhas ao pescoço e melhor propaganda para o regime político vigente. O resto pouco interessa. E volto a lembrar-me da antiga Europa de leste.

terça-feira, novembro 10, 2020

A fraude institucionalizada!

 

A fraude parece ser a regra de ouro no futebol português! De acordo com as notícias de hoje, temos:


Indícios de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais; indícios de aliciamento de jogadores e falsificação de resultados; financiamentos encapotados a clubes para daí retirar benefícios desportivos e outros; sacos azuis, cláusulas secretas, prémios para os adversários perderem...


Segundo a PJ, tudo isto entronca no Benfica e envolve outros clubes. Santa Clara, Marítimo, Paços de Ferreira, Vitória de Setúbal, Desportivo das Aves e Chaves estão entre os visados. Os factos em investigação reportam-se às épocas de 2015, 2016, 2017.


Nestas circunstâncias a pergunta é a seguinte: - como podemos confiar que exista alguma verdade desportiva no futebol português quando há clubes patrocinados por outros, e jogadores que não sabemos exactamente de quem são e quem efectivamente lhes paga?


Resposta: - A justiça desportiva tem que ter uma actuação atempada e independente. Se é para andar permanentemente a reboque das decisões dos tribunais, então não serve para nada. A ver se nos entendemos: - não se trata de prender ninguém, isso competirá à justiça penal, trata-se apenas de impedir que os infractores beneficiem desportivamente das infracções que cometem. Note-se que estamos agora a falar de factos e suspeitas com mais de cinco anos! De campeonatos que foram atribuídos com toda a naturalidade pelas autoridades desportivas!


Não estou a ver acontecerem coisas destas em Inglaterra. Nem em Espanha. Em Itália, e por muito menos, a poderosa Juventus desceu de divisão.


Saudações azuis



Notas:

1. Esperamos que as investigações não se tornem num procedimento indefinido e infinito, 'para cumprir calendário', quando sabemos que o centro da suspeição é bem concreto e definido.


2. As notícias também dão conta de investigações ao Sporting por indícios de branqueamento de capitais. Aqui os factos reportam-se à administração Bettencourt/Godinho.


sábado, novembro 07, 2020

Também está certo!

 


Com o regresso de Cafu era natural continuar com o sistema de três centrais e diga-se desde já que tudo funcionou quase na perfeição. A perfeição não existe mas o Belenenses vulgarizou o Rio Ave, tapou-lhe todos os caminhos para o ataque e na primeira parte teve até mais posse de bola! Se isto é verdade também é verdade que eu não deixei de sofrer. Na verdade a incapacidade para transformar ataques promissores em golo era evidente. E a possibilidade de um minimo deslize, sabendo que do outro lado havia jogadores que o saberiam aproveitar, não me saía da cabeça.


Veio o segundo tempo, a energia e a velocidade de Sousa continuavam a perturbar a defensiva vilacondense. Era uma esperança que o penalty transformado em livre desvaneceu. Foi á barra! Grande pequeno jogador que ali está! Cassierra sabe receber a bola e entregá-la em condições mas não tem (por enquanto) a espontaneidade do goleador. Silvestre Varela, esforçado, já não tem pedal para fazer aquilo que antigamente fazia. Agora ou tenta fazer um drible e perde a bola... ou não a perde, mas trava invariávelmente uma transição que se pedia rápida e fulminante. É um problema que Petit terá que resolver.


O que é certo é que o Rio Ave foi começando pressionar lançando para o efeito os seus suplentes de luxo. Petit respondeu com a juventude que estava no banco. O jogo aproximava-se do fim e já se notavam sinais de grande cansaço nalguns jogadores. Cafu teve que sair e passámos para uma defesa a quatro. Houve uma oportunidade para cada lado (Ruben Lima não pode ser batido daquela maneira) e foi com um certo alívio que ouvi o apito final. Um ponto é melhor que nada.


Nos destaques individuais tenho que referir novamente a grande calma e segurança que o keeper Krichiuk transmite; Bruno Ramires esteve em todo o lado, e Afonso Sousa tem uma energia inesgotável! Mas acima de tudo há que salientar que todos deram o máximo e que funcionámos como uma verdadeira equipa!


Resultado final: Belenenses 0 - Rio Ave 0


Saudações azuis

quarta-feira, novembro 04, 2020

Sexta-feira difícil...

 Vamos lá escalpelizar isto.

Factor Covid – Bem sei que o vírus não escolhe a cor das camisolas mas faz diferença para quem tem um plantel menos vasto e menos rico. Não conheço as dificuldades do Rio Ave em matéria de Covid, espero que não as tenha, mas no Belenenses já existem três titulares infectados! Todo o cuidado é pouco, até porque isto está mais para piorar que para melhorar.


Factor casa – O Belenenses, em princípio, joga sempre fora de casa. E embora esteja mais habituado ao Jamor eu preferia que este jogo fosse em Vila do Conde. Há várias razões para isso sendo que a principal é de natureza psicológica. Uma derrota ou mesmo um novo empate no estádio nacional serão sempre mais penalizadores que qualquer resultado 'fora de casa'. Além de que o Rio Ave tem jogadores rapidíssimos para explorar as perdas de bola no nosso processo ofensivo.


Factor intensidade/surpresa – inspirando-me no jogo realizado ontem pelo Porto contra o Marselha* penso que o Belenenses para ganhar ao Rio Ave tem que jogar da mesma maneira. Uma defesa a quatro – Esgaio, Henrique, Tomás Ribeiro, Ruben Lima; uma linha média a quatro muito intensa e directa (sem perder a bola e sem perdas de tempo com a bola) – Cauê, Bruno Ramires, Taira e Sousa; e lá na frente dois falsos pontas de lança a descairem para as faixas – Cassierra e Richard.


O que é que eu procurava com isto?! Surpreender o adversário e chegar ao golo. Note-se que o futebol de onze é cada vez mais futebol de salão e o que define o vencedor é a intensidade. Intensidade que se mede na rapidez do raciocínio e do passe. Passe certeiro e seguro. Jogadores que correm com a bola em vez de ser a bola a correr ou que demoram o passe sem qualquer sentido não têm lugar no futebol actual.


Saudações azuis


* O Porto ontem jogou à defesa, na raça, espreitando todas as oportunidades de fazer mossa a um adversário que em condições normais lhe é superior. Com alguma estrelinha conseguiu ganhar. E com o passar do tempo justificou a vitória. É neste paralelismo que me apoio para sugerir que o Belenenses adopte a mesma receita na próxima sexta-feira.

domingo, novembro 01, 2020

A história de um empate caído do céu!

 

Não quis fazer esta crónica sem ver o jogo outra vez, com mais calma, e fiz bem. Ontem a minha primeira reacção foi de desespero. Hoje já estou mais positivo. É verdade que na primeira parte houve mais Farense, uma equipa com um maestro acima da média (Ryan Gould) e que a partir daí criou algumas jogadas perigosas. No entanto tirando um lance muito bem construído e que atravessou toda a nossa grande área, a nossa defesa foi chegando para as encomendas. Recorde-se que o Farense ainda não ganhou mas sabe marcar golos aos seus adversários.


O lado negativo (durante todo o jogo) foi a nossa impotência ofensiva. Há mérito dos algarvios que secaram completamente as saídas pelos flancos e demérito nosso porque não soubemos dar a volta ao texto. Nem penso que as ausências por Covid possam servir de justificação. Na verdade ou passávamos para uma defesa clássica (a quatro) muito mais cedo e assim criávamos outros problemas à lição bem estudada do Farense ou então precisamos de outros argumentos no meio campo, jogadores tipo Ryan Gould. Rápidos a pensar e certeiros a executar.


Vendo as substituições á posteriori, o que é sempre mais fácil, eu diria que a entrada de Sousa ao intervalo para o lugar de Richard não surtiu grande efeito. Teria sido mais útil aproveitar a sua velocidade e intensidade no miolo. Aos 60 minutos Petit faz sair Cauê e Semedo, entrando para os seus lugares Robinho e Cassierra. Foi então que sofremos dois penalties (um deles não convertido) e ambos sobre Hugo Seco, extremo direito muito vertical que entrara entretanto.


Aos 81 minutos entrou o médio de cobertura Bruno Ramires, saiu Danny Henriques passando a defender com quatro. Taira também saiu sendo substituído pelo extremo Francisco Teixeira. Consentido ou não remetemos o Farense à sua grande área e conseguimos chegar ao golo que nos deu o empate. Isto aconteceu no último segundo do jogo.


Notas individuais: - Num jogo não conseguido os destaques individuais são poucos. Estreia positiva do guarda redes Krichiuk que transmite segurança naturalmente; os três centrais cumpriram com Henrique num patamar superior; Bruno Ramires entrou com genica.


Saudações azuis


Nota arbitral - Manuel Mota tão lesto a assinalar grandes penalidades contra o Belenenses (que o foram) esqueceu-se de assinalar uma a nosso favor no final da primeira parte. Quanto ao tempo concedido (seis minutos), e que tanta celeuma gerou, recordo que o golo do empate foi marcado aos 97 minutos e zero segundos. Um minuto de compensação extra que é prática generalizada em todos os jogos.