Empatar no Bessa nunca é um mau resultado. Empatar com mais oportunidades que o adversário pode até ser um resultado moralizador. No entanto este Belenenses, pese a consistência que vem revelando, sofre de um problema congénito – não marca golos! E por isso terá que tomar cuidado uma vez que a pontuação penaliza muito os empates. Aliás o sistema foi pensado para favorecer quem tem avançados de categoria, homens-golo, coisa que a maior parte das equipas do nosso campeonato não tem. E quando os tem são imediatamente vendidos. A solução é pois 'caçar com gato'. Foi o que Petit tentou fazer com um ataque móvel sem uma referência que se desse à marcação. E na verdade o sistema quase funcionou. Criaram-se oportunidades, que não se traduziram em golos, mas dão alguma esperança que isso possa vir a acontecer no futuro. A lição deste jogo só pode ser esta.
Num plano mais especulativo podemos afirmar que o problema é congénito. Ou seja, está lá desde o início e por isso ouvimos Petit a reclamar um ponta de lança efectivo. Alguém familiarizado com o golo, com algum curriculum, e que não esteja agora a aprender a marcar golos. É certo que também se aprende a jogar na área, a desenvolver o sentido do golo, a rematar, e até se diz que ponta de lança (e guarda redes) são como o vinho do Porto, melhoram com a idade. O Belenenses é que não tem tempo para esperar.
Olhando com mais detalhe para o tridente atacante – Silvestre Varela, Afonso Sousa e Miguel Cardoso – há que dizer o seguinte:
Varela nunca foi um homem golo e ainda hoje quando recebe a bola a primeira ideia não é rematar, nem passar, mas sim arrancar em drible como fazia nos bons tempos. Isto não invalida que marque de vez em quando grandes golos.
Afonso Sousa é ainda muito jovem e não é um finalizador. Nem tem físico para isso. Não obstante herdou do pai e do avô o sentido da baliza e tem um remate perigoso.
Miguel Cardoso é um ala rápido, tecnicista, e com uma boa meia distância.
A suportar o tridente em termos atacantes temos os dois laterais (Ruben Lima e Esgaio) ou o envolvimento de algum médio na ressaca de uma jogada prometedora. Para que isto funcione Ruben Lima e Esgaio têm que trabalhar muito o remate á baliza.
E depois destes comentários resta-me acreditar que Petit vai conseguir o que todos esperamos – um Belenenses consistente, tal como está, mas a marcar golos.
Saudações azuis