domingo, dezembro 31, 2006

Futuro próximo

Já bem perto do Ano Novo será boa altura para fazer o ponto da situação e perspectivar o futuro próximo.
Como temos vindo a insistir, o Belenenses ou é futebol ou não é. Todos os factos recentes demonstram esta verdade e a presente conjuntura de aperto generalizado, com o céu a desabar sobre a terra, não permite mais fantasias nem disparates. Estamos todos falidos, e para além disso, começa a levantar-se a ponta do véu que explica este enriquecimento sem causa que vai alimentando vergonhas e outros ilícitos neste país à beira-mar plantado.
Não pensem que me iludo, nada de importante será descoberto, ninguém será incriminado, excepto os ‘bibis’ do costume, úteis bodes expiatórios do sistema, o resto são cantigas, a própria ‘doutora de bronze’ há-de aproveitar a melhor oportunidade para se demitir aparatosamente, e fica tudo como dantes. Não será bem como dantes, um ligeiro temor fará recuar alguns impulsos que o hábito consentia, algumas unhas hão-de também recolher-se, mas depois, com os jornais desportivos a comandarem a alienação, tudo se esquecerá depressa. Assim continue a aparecer o dinheirinho, venha ele de onde vier!
O futuro próximo do Belenenses navega um pouco ao largo destas marés, e para já preocupa-se em arranjar um ou dois jogadores que possam colmatar ausências de longa duração. Estamos a falar de um avançado experiente na arte de marcar golos e já agora de um extremo que esburaque os flancos adversários. Meyong emprestado, vem, não vem, parece que não vem; e mais recentemente surgem os nomes de Carlitos e Mateus oriundos do Gil Vicente, de quem, dizem, se terão desvinculado!
Se são jogadores livres, se a desvinculação não foi litigiosa, não vejo qualquer objecção em fazerem parte do plantel do Belenenses. O caso Mateus nunca visou o jogador nem este tomou qualquer atitude ofensiva para com ninguém, registe-se até a sua extrema discrição! Quanto a Carlitos, há muito que gostaria de o ver no Belenenses, pese o seu curriculum de lesões, que ainda assim lhe permitem resolver uma série de desafios por época!
E seria até uma boa oportunidade para afastar fantasmas e ao mesmo tempo reatar um relacionamento institucional com o Gil Vicente, esclarecendo juízos e equívocos, uma vez que o Belenenses como todos já reconhecem, se limitou a accionar os seus direitos, como qualquer outro Clube o faria nas mesmas circunstâncias.
Não esquecendo afinal a velha máxima – as Direcções passam, mas os Clubes permanecem.
Saudações azuis, com votos de um Bom Ano para todos os desportistas.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Quem foi a luminária?

Quem foi afinal que decretou estas férias grandes do futebol português… a meio da época?!
Não se sabe, ninguém se acusa, é um mistério! Sabe-se apenas que quando interpelados, treinadores e dirigentes, todos se mostram surpreendidos e dizem que foi um erro e um disparate.
O Belém Integral, que gosta de desvendar segredos, propõe-se investigar mais este estranho caso e pede para o efeito a generosa colaboração de eventuais detectives. Já existe algum trabalho de casa, uma série de pistas promissoras que nos podem levar ao local do crime:
A primeira hipótese, o primeiro suspeito, parece ser o Governo, mais precisamente o seu chefe, Sócrates. E porquê?! Sabe-se do seu entusiasmo pelos países nórdicos, é conhecida a sua vontade em transformar Portugal numa espécie de Finlândia, e nesse sentido, nada melhor do que começar por adoptar os respectivos hábitos climáticos! Se lá interrompem o campeonato por causa do frio e da neve, nós também o devemos fazer! Admitimos ainda que o primeiro-ministro terá aproveitado a oportunidade para convencer os patrões da florescente indústria do futebol, a encerrarem actividades o maior tempo possível, a fim de pouparem dinheiro ao erário público. Seria um contributo patriótico para a redução do défice.
A segunda pista leva-nos ao Presidente da Liga de Clubes que terá despachado, sem ver, a papelada que estava em cima da sua mesa de trabalho! Em linguagem futebolística diríamos que rematou para onde estava virado.
O incontornável Madaíl seria sempre o suspeito número um, senão soubéssemos de antemão que ele não é responsável por nada do que se passa na Federação. Subsiste no entanto uma dúvida: como o próprio fez questão de salientar há bem pouco tempo, Gilberto Madaíl é economista, e nessa qualidade poderá ter sido sensível aos argumentos do primeiro-ministro – o futebol português só é rentável quando está parado!
A última pista é uma mera suposição do autor e nem sei se vale a pena ser averiguada! De facto, atendendo ao crescente número de internacionais portugueses que são estrangeiros, seria uma forma de recompensar esses jogadores que assim poderiam passar o Natal com as suas famílias. Nada mais justo, os nossos rapazes merecem.
Se souberem mais alguma coisa, digam.
Saudações azuis.

domingo, dezembro 24, 2006

Bom Natal e Feliz 2007

A secção de Futsal tem tido há já algum tempo a iniciativa nos ir enviando por e-mail as notícias relativas à modalidade assim como os cartazes de divulgação dos vários eventos que envolvem a modalidade. Tento corresponder dando o destaque possível e esta é talvez a oportunidade ideal para agradecer à secção pela atitude que é simpática e dá uma ideia agradável de empenho e vontade em envolver os adeptos, penso que é esse o objectivo, obrigado, um Bom Natal e um 2007 com muitas conquistas.

Já desejei as boas festas a todos os Belenenses num comentário mas para não faltar nada deixo aqui o cartaz, muito azul, também enviado pela secção de Futsal:

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Saudações Azuis

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Um sentido para a derrota

Digerir quatro golos sem resposta não é fácil. Encontrar explicações para o facto, também não. Justificar o sucedido com aplausos ou sorrisos de satisfação, isso nunca.
Começo pelo fim: esta derrota só terá alguma serventia se for encarada como mais um degrau da longa escadaria que nos há-de elevar a outra condição. Ao estatuto que perdemos…e merecemos.
A crónica vai nesse sentido.
Perdemos no Estádio da Luz porque tivemos medo do adversário, porque se mantém o temor reverencial próprio de clubes pequenos, de um país pequeno. O Belenenses não ajudou Jorge Jesus a ganhar! As falhas aconteceram no sector considerado mais forte, mais coeso, em jogadores com muitos jogos nas pernas, mas que subitamente fraquejaram, escorregaram, pequenas coisas, gestos precipitados, principalmente naquele período de jogo em que não podíamos facilitar – a primeira parte.
Sofrer quatro golos de bola parada, é obra. E a sensação que ficou é que poderíamos ter sofrido mais se existissem mais lances semelhantes! Isto não tem nada a ver com sorte ou azar, é pura nervoseira.
Vamos lá então digerir o prato do dia:
O primeiro golo resulta de penalty escusado, fruto de uma precipitação de movimentos de um defesa que nos últimos jogos vinha rubricando excelentes exibições!
O segundo golo é caricato: um livre indirecto, marcado directamente para a baliza, a bola toca na barreira, talvez em José Pedro, e muda de trajectória. Costinha tem que corrigir a rota, escorrega, e não consegue evitar o golo.
No terceiro golo, livre marcado bem longe, junto à linha lateral, Nuno Gomes, que terá vindo de uma posição irregular, ganha de cabeça a Gaspar, enviando a bola para o centro da área onde acorre Kikin Fonseca, mais lesto que Nivaldo, e faz o golo de cabeça.
Quarto golo: novo livre ainda longe da área, Beto simula que vai marcar, Simão aproveita para lançar a bola para a pequena área, a linha defensiva do Belenenses desfaz-se, com Alvim a colocar em jogo três jogadores encarnados. Katsouranis cabeceia em arco para o fundo das redes à guarda de um surpreendido Costinha.
Podíamos dizer: se tivéssemos marcado primeiro, a história do jogo seria diferente. É verdade, mas não marcámos. Também se colocam outras hipóteses: ouvi alvitrar que se tem jogado o Meyong, tínhamos apontado pelo menos dois golos. Talvez, e perderíamos por quatro a dois!
Foi pena que na hora da verdade tudo tenha acontecido, parecia bruxedo.
Jesus fez uma pequena alteração na equipa: entrou Eliseu de início, não jogando, como vem sendo hábito, com Cândido Costa na posição de primeiro defesa direito. Será que Gaspar acusou demasiado esta mudança!
Ruben Amorim esteve bem a marcar Simão e na segunda parte realizou grande exibição! Dady desperdiçou muito, mas esteve lá, no sítio onde se marcam os golos. Eliseu está em boa forma, mas continuo na minha: gosto mais de o ver no meio, a ponta de lança. Com trabalho, pode fazer-se.
Esta é a minha análise de um jogo em que mentalmente fraquejámos, mas que pode servir de trampolim para melhores exibições se tivermos a coragem de perceber porque é que perdemos… jogando bem.
Saudações azuis.
JSM

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Jesus merece

O treinador do Belenenses é um homem do futebol, com uma carreira feita a pulso, o que ganhou foi ganho sem favor, quando perdeu, perdeu, ponto final. Leva as coisas a sério, trabalha muito, empenha-se e vai conseguindo transmitir a este Belenenses um pouco da sua força interior.
Dizem-me que nunca venceu na Luz! Um facto que terá o seu peso.
Hoje à noite merece ter a ponta de sorte que é sempre necessária para ali triunfar. O valor do adversário, o ambiente, a fragilidade dos árbitros portugueses, tudo concorre para dificultar o objectivo maior.
Mas Jorge Jesus não teme os desafios difíceis. O Belenenses vai ajudá-lo a ganhar.
Saudações azuis.
JSM

segunda-feira, dezembro 18, 2006

O triângulo das Bermudas

À saída do tribunal de Gondomar, Gilberto Madaíl explicou o futebol português, pelo menos desde que é o Presidente da respectiva Federação.
Disse mais ou menos isto a um batalhão de jornalistas que o aguardavam: vim aqui prestar declarações na qualidade de amigo do Major Valentim Loureiro, sou economista, não percebo nada de leis e portanto não me perguntem porque é que a Federação não levantou processos disciplinares aos arguidos por corrupção no futebol! E prosseguiu a sua exposição errática dando a entender que isso de corrupção no futebol é com os tribunais comuns, a Federação só deve agir se forem considerados culpados pelos crimes de que são suspeitos! Pelos vistos confunde tudo e deve pensar que a capacidade disciplinar da Federação, que lhe foi delegada pelo Governo, só serve para punir cartões amarelos!!!
Perante este quadro de miséria, verdadeiramente patético, é bem possível que eu tenha razão quando lhe chamei inimputável, e é bem possível que tenham que ser ouvidos em juízo, os altos responsáveis que tutelam o desporto neste país e que dão cobertura a esta situação.
Mas valerá a pena, quando se sabe que Madaíl mantém na sua lista de candidatura a novo mandato, arguidos no processo “Apito Dourado”!
Valerá a pena quando da mesma lista faz parte Hermínio Loureiro, presidente da Liga e actual deputado da Assembleia da República! E que já afirmou não sentir qualquer incompatibilidade pelo facto!
Fecha este misterioso triângulo do nosso futebol um personagem verdadeiramente intrigante! Apetece até perguntar – Veiga, quem és tu?
Sabemos apenas que foi discípulo de Pinto da Costa, que fez negócios com o Sporting quando o Sporting foi campeão, e que desaguou mais recentemente na Luz fazendo dupla com Vieira, e fazendo também o Benfica campeão!
Pelo meio uma série de negócios pouco claros.
Fica assim definido o verdadeiro organigrama do futebol português, a saber:
Consta de dois biombos articulados, um na Federação e outro na Liga, mobília devidamente recomendada pelo Governo, seja ele qual for. Para lá dos biombos e fora das vistas do grande público, existem três buracos negros, do género do ozono, por onde tudo se escapa e justifica. Finalmente, e para gáudio de uma comunicação social sempre atenta e obrigada, temos agora mais um personagem do tipo romanesco – Carolina.
É neste quadro que a Procuradora deve tentar descobrir algo. Peço-lhe apenas que não gaste o seu tempo nem os nossos impostos a descobrir peixe miúdo. Não queremos carapau de gato, queremos os tubarões.
Deixo aí as redes.
Saudações azuis.
JSM

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Sexta-feira da vitória

Não vou poder ver o jogo e por isso deixo aqui alguns recados para logo à noite, nada que o Jorge Jesus não lhes tenha dito já. É só para reforçar:
Cuidado com o zambiano Mbesuma, espero uma marcação cerrada e nunca o deixem virar-se à vontade para a baliza. Atenção que o rapazinho chuta com os dois pés!
Cuidado com os cartões amarelos que podem estar ‘encomendados’ para o Ruben Amorim e para o Alvim, até rima!
Cuidado com o Marcinho, e não façam faltas ao pé da área.
Se seguirem estas instruções, e com coragem e abnegação lutarem até ao último segundo, a vitória há-de sorrir-nos.
Joguem o vosso futebol. Chega perfeitamente para vencer no Funchal.
Saudações azuis.
JSM

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Sempre, sempre, ao lado dos mesmos!

O Robin dos Bosques português, Gilberto Madaíl de seu nome, lá conseguiu levar a sua avante, ou seja, conseguiu desencantar mais uns dinheirinhos para dar aos ricos. Os pobres que se lixem.
Depois dos terrenos, dos estádios do euro, e respectivos alugueres, dos centros de estágio, das bombas de gasolina, dos apartamentos, da publicidade por parte de empresas públicas e semi-públicas, e de todos os etecéteras que, “ por pudor, terei vergonha de confessar seja a quem for”…, descobrimos mais uma fonte de receita que vai contemplar, adivinhem quem? Todos, aparentemente, os três do costume, na realidade.
Descobrimos é o termo, ou não fosse Madaíl da raça dos navegadores, aqueles que descobriram novas terras, novas gentes…
Com efeito lemos hoje na imprensa da especialidade que os Clubes que cederem jogadores à selecção nacional, vão ter um “um duplo motivo de satisfação” – “além do prestígio de ter mais um internacional, os clubes portugueses passarão a receber compensações financeiras”!
A ideia recebeu naturalmente o apoio entusiástico de Hermínio Loureiro, o recente Presidente da Liga e que, já se sabe, será vice-presidente na lista única de Madaíl, que concorre de novo às próximas eleições para a Federação. O eterno destino das moscas.
Aquilo que o G14 ainda não tinha conseguido de nenhuma Federação, aí está, aprovado pela Federação Portuguesa de Futebol, sempre na linha da frente do desporto mundial!
Voltando à realidade, confesso, sem ter necessidade de escrever qualquer livro, que as provas sobre a corrupção do futebol português podem ser todas deduzidas a partir das decisões, quer da Federação, quer da Liga de Clubes.
Escusam de procurar numa só pessoa, chame-se ela Pinto da Costa ou Jorge Nuno, procurem em todos os que conviveram e convivem com este estado de sítio, há largos anos!
Saudações azuis.
JSM

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Noitada na TVI

Desta vez quase que valeu a pena! Estava lá o Palmelão a dizer das suas e a incomodar ligeiramente os restantes convivas.
Foi mais ou menos assim, quando o locutor resolveu abordar o livro da “Lady Dy” portuense: Octávio Machado, perante o ar de surpresa dos circunstantes, questionou – “não li, mas vocês estão admirados com as revelações do livro? Então tenho que concluir que têm andado distraídos todo este tempo”! Insistiu – não se lembram porque é que eu fui corrido da selecção nacional? E atirou a matar, com os manos Oliveiras na zona do alvo: “ como é que se explica que uma empresa como a televisão pública, que ano após ano apresentava milhões de euros de prejuízo, ainda assim, conseguia engordar e enriquecer tanta gente à sua volta”!
O locutor mudou de assunto.
Foi então a vez de me apetecer telefonar para o dito domingo desportivo!
O tema era a violência na primeira Liga que, segundo os presentes, está a aumentar a olhos vistos. Mas a TVI é vesga e como só vê o que lhe interessa, resolveu exibir alguns dos lances mais violentos deste campeonato. A peça jornalística estava cozinhada de forma salomónica, via-se o Simão a agredir e a ser agredido, o Nuno Gomes idem, e porque não podiam deixar de lado a entrada do Katsouranis que vitimou o Andersson, engendraram um texto onde uma locução feminina repetia candidamente: “uma entrada legal, mas dura”!!!
Registe-se que cada nova repetição do lance escancara o que se tem vindo a esconder: trata-se de uma entrada criminosa, em que, tal como escrevi na altura, o jogador grego atinge primeiro as pernas do Andersson, levando depois tudo à frente com esse movimento, inclusive a bola! Recorde-se que nem falta foi marcada!
Depois disto como é que querem que não acredite no Palmelão: “ninguém tem vontade nenhuma de investigar ou descobrir seja o que for”!
Eu confirmo e acrescento: não têm vontade porque estamos todos implicados, uns por acção, e a maioria, por omissão.
Saudações azuis.
JSM

sábado, dezembro 09, 2006

Um grande jogo

Que começou bem, um passe profundo, magistral, a surpreender tudo e todos, com Silas nas costas da defesa do Braga a deslizar para a baliza e a marcar! Havia três minutos de jogo!
Jorge Jesus armou esta equipa com todo o cuidado do mundo, era uma vitória essencial face ao perigoso calendário que se aproxima, e por isso, entraram os que deviam entrar e nos lugares certos. Depois do golo o Braga teve mais posse de bola mas nós saímos sempre a jogar e a criar espaços e perigo, especialmente pelo flanco esquerdo do ataque.
As preocupações defensivas prendiam-se com alguma folga que Alvim deu ao falso defesa direito arsenalista – um cruzamento perigoso, um remate forte de Marcelo e outro à queima-roupa de João Pinto, este muito bem defendido por Costinha, foram lances que causaram algum calafrio. No resto, emperrámos a máquina bracarense, e já ao findar da primeira parte, Silas podia ter resolvido o jogo, mas atirou ao lado!
No segundo tempo, com muita autoridade e pundonor, não nos remetemos a uma defesa porfiada, antes empurrámos o adversário para a respectiva área, criando lances suficientes para dilatar o marcador. Que aconteceu já próximo do fim com uma recarga forte de Ruben Amorim que assim fez o 2-0 final.
O melhor jogo da época, contra um adversário de categoria, que tentou tudo para não ser desfeiteado.
Jorge Jesus está de parabéns assim como toda a equipa, sem esquecer que com este resultado passámos para a metade superior da tabela, totalizando 17 pontos e menos um jogo.

A minha análise individual é a seguinte:
A equipa está praticamente definida e isso é importante em termos de rotinas, e contribui para a subida de forma dos jogadores. Por outro lado, penso que a partir deste jogo haverá mais confiança e menos nervosismo, passando a equipa a cometer menos erros.
Depois deste intróito, todos constatámos que a defesa, incluindo Costinha, esteve imperial, nomeadamente Gaspar, imbatível no jogo aéreo, e também Nivaldo, simplesmente intratável. Não foi por acaso que os avançados do Sporting de Braga ficaram a zero!
Sandro Gaúcho foi essencial, implacável na marcação, tem uma extraordinária capacidade de impulsão que lhe permite devolver inúmeras bolas, e no meu entender, divide com Gaspar, Nivaldo e Ruben Amorim, o título de melhor em campo! Ruben que também esteve bem na marcação, beneficia da presença de Gaúcho para se libertar para tarefas ofensivas onde naturalmente vinca a sua classe. Marcou um grande e decisivo golo.
Silas jogou na posição de falso ponta de lança, mais adequada às suas características e onde indiscutivelmente rende mais. Revelou alguma precipitação nas recepções de bola, mas isso não desvaloriza uma excelente actuação e um golo cheio de sentido de oportunidade.
José Pedro não esteve tão brilhante como nos últimos jogos, o meio campo do Braga também não é pêra doce, mas trata-se de um elemento indispensável, que a qualquer momento pode causar estragos nas defensivas adversárias, que estão sempre de sobreaviso, pois já todas conhecem as potencialidades do seu pé esquerdo! Uma grande entrada em drible pela área e cruzamento a condizer, foi infelizmente desaproveitado por Ruben Amorim.
Dady não mata mas mói. Há-de matar estou certo, atendendo aos progressos que continua a exibir. Fez bem Jorge Jesus em mantê-lo em campo, pois à sua conta prendeu dois defesas lá atrás. Claro que os adeptos esperam mais, sempre mais, mas o Nem não se deixa enganar facilmente.
Os restantes cumpriram. Uma nota para saudar o regresso de Amaral depois de uma longa lesão, e que pode vir a ser a ala que precisamos. Assim ele queira, porque já jogou nesse lugar, e tem velocidade para isso.
Saudações azuis.
JSM

terça-feira, dezembro 05, 2006

Alto risco

Não era previsível que a última Assembleia-geral Ordinária viesse a descambar num ajuste de contas com a actual Direcção, a ponto de se equacionar a sua demissão num cenário de eleições antecipadas!
Que seria naturalmente contestada, não temos dúvidas. Que seriam chumbadas as suas propostas, também não me admira, porque não é novidade. Que seria oportunidade para se perfilarem algumas candidaturas, tendo em vista o próximo acto eleitoral, também acho natural.
Mas não foi assim que as coisas se passaram – a Direcção apresentou-se mal preparada, estranhamente dividida, o que a juntar às três derrotas consecutivas e ao risco de nova descida de divisão, incendiaram-se ânimos que fizeram transbordar o copo da paciência associativa. E as coisas são o que são.
Perante a gravidade dos factos a Direcção deveria ter apresentado a sua demissão, disponibilizando-se a assegurar a gestão do Clube até ao novo acto eleitoral. O único argumento aceitável para não se demitir seria a instabilidade que isso causaria na equipa de futebol. Fraco argumento quando se sabe que a gestão da equipa de futebol está nas mãos do treinador e por ele passam todas as decisões no que concerne a possíveis reforços de Dezembro. O regime de gestão não inviabilizaria por certo esses reforços pontuais.
Assim, temos que concluir que a Direcção não mediu bem as consequências do seu gesto, nem soube tirar as prometidas ilacções, pois ignorou a forte contestação que a cada derrota irá sofrer.
Preferiu continuar, confiando apenas, e Deus queira que assim seja, nas vitórias da equipa de futebol! E o ciclo adivinha-se tremendo…Braga, Marítimo fora, Benfica, Sporting, Benfica…
Quando uma Direcção que tem falhado completamente no futebol, se escuda no futebol, a situação pode tornar-se explosiva.
Saudações azuis.
JSM

Direcção continua

“O Presidente do Belenenses, Cabral Ferreira, garantiu que irá cumprir o mandato até ao fim”, pode ler-se na ‘Sportugal’.
Falando à saída de uma reunião de emergência que juntou todos os Corpos Gerentes, Cabral Ferreira destacou a importância da “estabilidade”, factor que pesou na sua decisão. E desvalorizou os reveses da recente AG, acrescentando – “propostas de aumentos de quotas já foram chumbadas noutras Direcções, e em relação aos orçamentos, mesmo no próprio país, já se viveu de duodécimos”.
Estas as notícias de última hora que interessam por certo a todos os belenenses e nesse sentido aqui se transcrevem.
O Belém Integral comentará este assunto em próximo postal.
Saudações azuis.

domingo, dezembro 03, 2006

Vitória em Aveiro

Uma vitória fundamental, contra uma equipa necessitada de pontos como nós e que é agora treinada pelo nosso conhecido Carlos Carvalhal.
Diga-se que entrámos muito bem no jogo, em pressão alta, uma rapidez de trocas de bola que eu nunca tinha visto e foi graças a esses factores que chegámos ao golo. Zé Pedro desarma um defesa aveirense, caminha pelo eixo central e dispara um excelente remate à entrada da área. Com cinco minutos de jogo, estava aberto o marcador em Aveiro. Continuámos a controlar a partida e através da marcação de um canto chegámos ao segundo golo: Silas marca o canto para o segundo poste, Gaúcho devolve de cabeça para o outro lado e Dady, também de cabeça, marca. Três toques e golo!
Os aveirenses reagiram e reduziram para 1-2 logo no início da segunda parte. Jardel, ligeiramente deslocado, ganha nas alturas e amortece para um companheiro que, sem perder o sentido do lance, consegue desfeitear um desamparado Costinha.
Havia ainda muito tempo para jogar, mas lá conseguimos levar a água ao nosso moinho e conquistar três preciosos pontos.
As substituições, todas ocorridas na segunda parte, foram as seguintes: Silas por Eliseu, Alvim, lesionado, por Faísca, e por fim, Dady por Manuel.
Espera-se a confirmação deste resultado na próxima sexta-feira contra o Braga, no Restelo.
Saudações azuis.
JSM

sexta-feira, dezembro 01, 2006

AG da insatisfação

Orçamento para 2007 chumbado, Direcção contestada, muita insatisfação e pode bem acontecer que o acto eleitoral, previsto para Abril do próximo ano, venha a ser antecipado.
Este é ao fim de contas o resumo da Assembleia-geral Ordinária que ontem decorreu no Restelo.
Pelo que li, face à derrota das suas propostas e pontos de vista, Cabral Ferreira encerrou o debate dizendo que saberia tirar as devidas ilacções do que tinha acontecido. Espera-se assim por uma reunião de emergência da Direcção, a realizar na próxima segunda-feira, e onde poderão surgir novidades.
Crítico desde a primeira hora do rumo que o Belenenses vem seguindo, não vou neste momento tecer quaisquer comentários, quer sobre a Assembleia a que não pude assistir, quer sobre cenários que entretanto se desenhem. A minha opinião é contudo conhecida, já a escrevi e reescrevi dezenas de vezes neste espaço, e resume-se no seguinte: o Belenenses precisa de fazer um corte com o seu passado recente, com o declínio irremediável, e para isso precisa de gente descomprometida com a crise permanente em que temos vivido.
Se vai aparecer ou não alguém com esse perfil, se existe ou não coragem e capacidade para tal, não sei, mas é disso que o Belenenses precisa.
Penso que sobre isso ninguém tem dúvidas.
Se me é lícito, não termino sem uma advertência: qualquer que seja a decisão que a actual Direcção venha a tomar, a prioridade é manter o Belenenses na primeira Liga, custe o que custar.
Saudações azuis.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Mais ainda?

Dezasseis é muita gente, doze é que está bem, escreve Delgado na “Bola” de hoje!
Seriam doze clubes e muitas voltas! O homem anda alarmado com as assistências! Esta jornada, os oito jogos foram presenciados por 57.544 pessoas, sendo que no Benfica–Marítimo estiveram 34.337 espectadores, ou seja, a maior parte do bolo.
Quer isto dizer que os restantes sete desafios estiveram às moscas, incluindo os recintos onde se deslocaram Porto e Sporting – Restelo e Figueira da Foz, respectivamente! A título informativo diga-se que no Belenenses–Porto estiveram cerca de 7.000 pessoas e na Figueira, 2.500!
Em contas rápidas de cabeça, os 57.000 espectadores equivalem a um jogo grande dos campeonatos espanhol ou inglês!
Conclui pois o ilustre escriba e ex-guarda-redes, que a solução seria reduzir a primeira Liga para os tais doze clubes. Se fosse mais corajoso diria a verdade, ou seja, isto só dá para três mais um, e nessas condições passaríamos rapidamente para um campeonato de sueca! A trezentas voltas.
Mas como isso não é possível só vejo uma alternativa: os três clubes do estado pediriam a adesão ao campeonato espanhol e a gente por cá organizava-se à antiga portuguesa.
Deixo no entanto um aviso aos interessados: aqui ao lado, para lá de Badajoz, a coisa fia mais fino. Dos três clubes a exportar, só um discutiria o título, porque os outros andariam pelo meio da tabela a lutarem para não descer de divisão.
E era preciso que o orçamento de Estado continuasse a investir nestes meninos.
Saudações azuis.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Um jogo de treino

Vi a primeira parte no sofá e a segunda parte no estádio, falhei vinte minutos, se tanto, mas já sei que não houve novidades na minha ausência! Treinámos o sistema defensivo, que se comportou razoavelmente, esteve até muito bem no jogo aéreo, excepção feita ao canto que o Marco sacudiu defeituosamente para a linha de golo, mas milagrosamente não entrou!
Os laterais não comprometeram e o Alvim até ensaiou movimentos ofensivos interessantes. Mas, numa altura em que já conseguíamos alguma retenção de bola, depois do Zé Pedro ter rematado duas vezes com perigo à baliza de Helton, lá sofremos o golo da ordem, mesmo ao findar da primeira parte. Um golo esquisito, diga-se, numa jogada que parecia resolvida – há um balão para dentro da área, Marco é batido nas alturas pelo poderoso Bruno Alves, a bola sobra para Hélder Postiga que não tem dificuldade em fazer o golo. Os jogadores azuis contestaram, alegando que Bruno Alves estaria em posição irregular, mas Olegário e o fiscal de linha entenderam que não. A televisão também não esclarece.
De qualquer modo podemos dizer que o Porto, até esse momento, não tinha conseguido criar oportunidades correspondentes ao seu domínio de jogo, que foi quase total durante os primeiros 45 minutos.
Na segunda parte, houve alterações, saiu Roma que não estava a jogar mal, entrou Eliseu; saiu Ruben Amorim, sempre aquém das expectativas, e entrou Cândido Costa.
Passámos a ter maior caudal de jogo atacante mas sem criar verdadeiro perigo, porque os azuis e brancos, estranhamente trajados de encarnado, controlavam os nossos movimentos sem grande dificuldade. Aliás, só com a entrada de Dady, que substituiu um apagado Manuel, é que eu senti que poderia acontecer qualquer coisa, um remate inesperado, um ressalto na grande área portista, mas não, fomos quase inofensivos em termos atacantes.
O título desta crónica não é depreciativo para ninguém, limita-se a espelhar a realidade, foi de facto um jogo-treino para o nosso poderoso adversário. Eles sabiam que nós sabíamos que dificilmente marcaríamos qualquer golo! Sem alas velozes, que desequilibrem, sem um avançado experiente e concretizador, ficamos dependentes de remates de longe ou de lances de bola parada. E neste capítulo, também temos um fraco índice de aproveitamento.
Para a semana, contra o Beira-mar, temos que nos esforçar por conseguir marcar golos. Sem eles não há vitórias.
Resultado final: Belenenses 0 – Porto 1. Marcou Hélder Postiga, aos 41 minutos da primeira parte.
Saudações azuis.

Post-Scriptum: Não gostei da propaganda da Sport TV a anunciar no nosso estádio a transmissão do próximo jogo da segunda circular!
Como também acho estranho que a mesma SportTV, resolva transmitir o Manchester United-Chelsea praticamente em cima do nosso jogo!
Gostava de ver se faziam o mesmo se estivessem em causa os interesses dos três clubes do estado!

sexta-feira, novembro 24, 2006

“Matateu – A oitava maravilha”

Um livro sobre Matateu, ora aí está uma excelente ideia no meio desta floresta de publicações que diariamente nos anunciam. O autor, é o jornalista Fernando Correia, o respectivo lançamento será hoje, no Estádio do Restelo, onde mais poderia ser!
Não podia passar em claro esta notícia, aqui, para mim, que o vi jogar desde as Salésias, até…já nem me lembro, tudo isto aconteceu há séculos, no Belenenses!
Passou pelo Atlético, por outros clubes, já em fim de carreira, foi pena não o termos conservado sempre entre nós, como o irmão, o grande Vicente!
Fez vida no Canadá e regressou um dia pela mão do Rosa Freire, passou em frente à tribuna, todos de pé, aplaudimos, a maioria nunca o viu jogar, mas aplaudiu com mais força. Era uma lenda, um repentista, que fazia miséria em dois ou três metros de terreno, depois o remate de qualquer ângulo, quase da linha de fundo, e ainda assim a bola entrava!
Marcou golos à Inglaterra, estreou-se contra a Argentina e com esse nome baptizou a sua filha. Estou a escrever ao sabor da memória, que poderá certamente ser corrigida com a leitura do livro.
Que há-de fazer menção ao Mercedes que levou o seu nome e foi táxi de grande longevidade! Que há-de lembrar que a seguir a um jogo com o Sporting, foi levado em ombros nas Salésias.
Que saudades do Matateu…

terça-feira, novembro 21, 2006

A resvalar

O que o telefone me disse e eu acredito foi o seguinte:
Uma primeira parte inacreditável, em que não criámos verdadeiro perigo junto à baliza do Estrela da Amadora. Na segunda parte, o costume – aquele domínio de jogo que o adversário consente porque está a ganhar, domínio improfícuo, incapacidade absoluta para marcar um golo, verdade que todos os belenenses reconhecem.
Subsistem algumas perguntas:
Porque é que entramos sempre mal no jogo? Porque é que nunca surpreendemos pela positiva? Com raça, com garra, não confundir com frenesim ou violência gratuita.
Sim, porque é que nunca existe um jogador dos nossos que se destaque, que tenha o seu dia de glória?! Fora de casa, naturalmente.
Porque é que Ruben Amorim, esperançoso craque, não há-de ele brilhar a grande altura, empurrando a equipa para a frente, fazendo jus aos elogios recentes da comunicação social! Insisto, porquê?
Porque é que nada disto nos acontece e sempre acontece aos outros? Ao menos uma vez, por engano!
Já experimentaram fazer estas perguntas aos vossos botões? Qual a resposta?
Podia ser esta:
Temos uma equipa muito fraquinha, não interessa agora justificar o facto com o “caso Mateus”. Para além disso, os jogadores não sentem a necessária pressão directiva, a mesma que se vê nos nossos adversários, que nenhum treinador pode substituir, por mais disciplinador ou exigente que seja.
Existe um espírito fraco no nosso Clube, que lá se infiltrou e instalou há muito! Se quiserem chamem-lhe falta de ambição, resignação, não é o adjectivo que interessa. Que existe uma predisposição para a derrota, isso é evidente. Nota-se em tudo, desde a euforia com que são saudadas as vitórias nas outras modalidades, à raiva que se abate sobre tudo e todos a seguir às derrotas no futebol, nas declarações do treinador e dos jogadores, até nos programas mediáticos em que o Belenenses fala de si próprio.
Estarei eu a arrasar com o resto?
Não pensem nisso, porque o resto já não dá para arrasar.
O resto que falta resume-se a levantar de novo a cabeça, apostando tudo, a cave inteira, no futebol.
Para não descer de divisão, só isso.
Como é que isso se faz?
Com reforços para a equipa, mas sobretudo, para o Clube de Futebol “Os Belenenses”.
Saudações azuis.

domingo, novembro 19, 2006

Jornal à minha maneira

A grande preocupação do “domingo desportivo” da TVI, que vai para o ar ao sábado, quando o Benfica joga ao sábado, é saber porque é que o Benfica perdeu, e não porque é que o Braga venceu!
Isto responde em certa mediada ao editorial do director do jornal “A Bola”, do mesmo dia. Mas esse é outro assunto e noutro postal lá chegaremos.
O Sporting de Braga ganhou bem, deu um festival de futebol na primeira parte, com recuperações de bola constantes que assim impediam o seu adversário de organizar o ataque em boas condições.
Depois, balanceavam-se ligeiros na ofensiva, abrindo crateras na defensiva encarnada! Apesar disso e graças a um livre inventado pelo árbitro Benquerença, e da colaboração do guarda-redes arsenalista, o Benfica chegou ao empate, sem saber ler nem escrever!
Mas não havia volta a dar. O Braga carregou novamente e marcou o segundo golo antes do intervalo.
A segunda parte, menos espectacular, revelou uma tentativa do Benfica em inverter os acontecimentos mas a equipa anfitriã tinha a lição bem estudada, controlou a partida, e ainda lhe sobrou tempo para apontar o terceiro golo.
Seria interessante que os comentadores de serviço se tivessem debruçado, sem cair, sobre a metamorfose bracarense, que em determinados momentos do jogo atingiu o brilhantismo!
Mas não, andaram para ali a gemer hipóteses e ameaças em cima da cabeça do Fernando Santos, desvalorizando a vitória do adversário.
Em resumo, boa aposta do presidente do Braga em Rogério Gonçalves, independentemente dos juízos de valor negativo que se possam fazer, e eu faço-os, a propósito deste novo “prec” (leia-se - processo revolucionário em curso) que consiste em roubar treinadores aos clubes mais pequenos!
O eterno lema do Robin Dos Bosques português, que a populaça adora: roubar aos pobres para dar aos ricos.
Depois queixam-se!!!
Saudações azuis.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Em contra pé

Talvez não seja o momento mais oportuno para lançar este debate, justamente quando a selecção das quinas se apresta para mais um desafio com vista ao seu apuramento para o mundial de futebol.
Talvez.
Mas isto está cada vez mais desinteressante, as longas interrupções estão a matar o nosso campeonato, afastam o público, e tudo por causa dos enfadonhos e desnecessários grupos de qualificação, que inevitavelmente confirmam as equipas mais apetrechadas, aquelas que alimentam o interesse e as finanças dos organizadores, e que não podem deixar de estar presentes nas respectivas fases finais.
Acresce que nesta santa terrinha, as coisas são sempre levadas ao exagero, incluem-se na propaganda do regime, e por isso, ao contrário dos nossos vizinhos espanhóis e de outros países, optámos por parar os campeonatos! Quinze dias sem bola ao fim de semana, é muito tempo para preparar um jogo com o Cazaquistão! E os clubes a pagar aos jogadores, com as despesas fixas cada vez mais fixas, etc.etc....
A solução no futuro passa por aligeirar o sistema, acompanhando os tempos, eliminando preliminares. Seria preferível aproveitar os ranking dos últimos europeus e mundiais, para, a partir daí, estabelecer um número razoável de participações automáticas, que no fim de contas acabam sempre por acontecer. Os lugares em aberto seriam preenchidos com o recurso a eliminatórias, tanto quanto possível, próximas da data da realização do evento, garantindo assim que as equipas presentes estariam em boa forma.
Evitavam-se assim uma série de convocatórias, deslocações, lesões e outros inconvenientes, que só prejudicam e comprometem o êxito das fases decisivas, as únicas que verdadeiramente interessam ao público.
Acabavam também algumas fantasias e mentiras, como sejam o facto de estarmos a defrontar um Azerbaijão, por exemplo, que inclui na sua equipa três ou quatro brasileiros! Que tipo de interesse têm estas falsas selecções. E não é só o Azerbeijão, como bem sabemos.
Por isso, está dito: campeonatos da Europa e do Mundo a sério, a doer, naquelas três ou quatro semanas em que jogam os melhores contra os melhores.
O resto, são excessos de protagonismo da UEFA e da FIFA.
E não só.
JSM

terça-feira, novembro 07, 2006

À atenção do Belenenses

Hoje a primeira Liga de Futebol Profissional chegou à seguinte situação:
Existem três clubes, Benfica, Sporting e Porto que reúnem a esmagadora maioria dos adeptos, a esmagadora maioria dos apoios, e um tempo de antena por parte dos media também esmagador!
Estes clubes vivem exclusivamente para as competições europeias porque o campeonato interno, nas actuais condições, só lhes dá prejuízos. E pelas mesmas razões são obrigados a investir num quadro técnico e em jogadores de alta craveira, claramente acima das suas possibilidades financeiras, mas única forma de conseguirem resultados na Europa.
Seguindo esta lógica, a ‘formação’ fica tapada pelos jogadores contratados e vai rodar para uma ou mais equipas satélites na mesma primeira Liga. Aqui faço parênteses para relembrar que a formação destes três clubes, mais o caso especial do Boavista, açambarca a maior parte dos jovens talentos do mercado.
Depois surge o Boavista que, quer gostemos ou não, conseguiu aproximar-se em termos de influência, organização, formação e resultados, dos três clubes já citados, a que acresce o benefício de ser o segundo clube da cidade do Porto, sem concorrência depois do desaparecimento do Salgueiros.
Por fim convém olhar para o fenómeno madeirense: trata-se de uma região que se desenvolveu com a autonomia e que apresenta índices semelhantes à região de Lisboa e Vale do Tejo, assegurando condições para manter na primeira Liga dois clubes, que têm vindo a crescer, e que lutam normalmente pelo acesso às competições europeias.
È uma situação nova, que não existia antes da autonomia.
Feito o retrato, que só peca por defeito, concluímos que os três primeiros lugares da Liga estão reservados para Porto, Benfica e Sporting e que os três ou quatro lugares seguintes serão normalmente ocupados pelo Boavista, pelos clubes da Madeira e eventualmente pelo Braga, um clube em ascensão graças aos bons negócios com a venda de jogadores, sem esquecer o forte apoio autárquico.
A partir daqui surgem uma amálgama de clubes que lutam para não descer e onde há que contar com a forte concorrência dos satélites, reforçados com os jovens talentos excedentários dos três clubes do estado.
A pergunta é esta: e tu, Belenenses, qual é o teu lugar no meio disto tudo?
Termino com uma frase que estou cansado de repetir – a vida não está nada fácil para os clubes, como o nosso, que queiram manter a sua independência...
Se nada se fizer o futuro é incerto e perigoso.
À atenção dos belenenses.

sábado, novembro 04, 2006

Da antevisão à realidade

A gente sonha com o bife, com as batatas, com o ovo a cavalo, mas a realidade está sempre a acordar-nos, e se quiseres bife, não é no Restelo. Pelo menos por enquanto.
Então vamos lá a ver o que é que Jesus inventou: sem alas, o jogo dependia da circulação de bola que saísse dos pés de Silas e Zé Pedro, muito encostados à lateral esquerda, e da resposta ofensiva dos dois trincos com que alinhámos à partida – Sandro e Pinheiro. Teriam que avançar no terreno, aproximar-se da área e rematar ou passar em condições, o que não era fácil face à muralha leiriense. Sandro ainda ameaçou dois remates, Pinheiro rematou uma vez de muito longe, e na primeira parte, ficámos por aqui quanto ao desdobramento ofensivo dos trincos!
Pelas alas, sem alas de raiz, é difícil furar e assim sucedeu – Sousa fez dois movimentos interessantes mas não conseguiu centrar em condições. Do lado esquerdo ganhámos alguns cantos que se continuarem a ser marcados pelo pé esquerdo de Zé Pedro continuarão a ser inofensivos. Quando não está o Amorim não há ninguém para marcar os cantos daquele lado? É que a bola, para fugir da linha de fundo, vem muito para dentro e não dá hipóteses de cabeceamento com êxito. Vou repetir isto até me convidarem para conselheiro técnico do clube.
Entretanto o que é que se passava com os dois pontas de lança! Tinham pouco apoio – Roma ligeiramente mais expedito que o costume conseguiu flectir e entrar na área mas estatelou-se na hora de rematar e perdeu-se uma boa ocasião para abrir o activo antes da União de Leiria.
União de Leiria que começava a tomar conta do jogo graças ao bom desempenho de duas promessas portistas – Ivanildo, que viria a marcar o golo decisivo e Paulo Machado, um armador a ter em atenção!
Não foi portanto contra a corrente do jogo que sofremos o golo, há uns bons minutos que a ala esquerda da União estava a atarantar Sousa e companhia! Curiosamente o centro que apanhou Sousa desposicionado, veio do outro lado, mas era do corredor esquerdo que surgiam as ameaças.
E veio o intervalo e com ele duas coisas, uma boa e outra má: a boa foi a alteração azul, saindo Sousa e recuando Pinheiro para o seu lugar para dar entrada, finalmente, a um extremo, Eliseu. Com esta alteração os sectores juntaram-se, o Belenenses avançou no terreno, Dady, o melhor do Belenenses, passou a ter mais apoio e começaram a surgir jogadas de perigo. Na retina ficou um remate tremendo de Zé Pedro a que Fernando correspondeu com uma grande defesa!
A coisa má que aconteceu foi o dilúvio que transformou o jogo numa batalha naval, numa lotaria, em que não tivemos a sorte pelo nosso lado. Lutámos muito, mas era difícil naquelas condições. O empate seria um bom prémio para tanto esforço.
Os sócios compreenderam a atitude e aplaudiram a equipa no fim do jogo. Uma raridade nas derrotas!
Eu abandonei o estádio cabisbaixo e habituado. E não houve bife.
Saudações azuis.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Antevisão

Amanhã, a noite há-de trazer chuva, estarei preparado; como já combinei uma gazeta ao trabalho durante três horas, não vai por certo haver problema. Chegarei a tempo de ver os golos, serão três, uma salva de palmas de despedida, e a seguir, uma ceia prometida.
Se ganharmos, bife do lombo com aquele molho especial; não existe outra hipótese porque só há bife do lombo!
Será então altura para dissecarmos a partida, o onze inicial, as substituições, o golo do Zé Pedro, talvez na ressaca de um canto, ou será o Ruben que se adianta um bocadinho para estoirar do meio da rua! Claro que se assim for, teremos outro trinco, o Sandro quem sabe! O importante é que a defesa mantenha coesão e que o Gaspar continue a subir de forma. Para quando um daqueles golos de antigamente, na sequência de um corner! Faço aqui uma ressalva: estes golos de defesas que vão lá à frente dependem muito da tensão da bola, nada de centros muito curvilínios e encaracolados – isso só serve para os golos directos.
Reparo que me intrometi sem querer na área técnica, não volta acontecer.
Não vou falar dos lesionados, mas espero que tenhamos ala esquerda, o Fernando, por exemplo, mais forte porque o terreno estará por certo pesado e escorregadio.
Nivaldo e Alvim vão confirmar progressos e o Sousa estará sereno e eficaz.
Silas capitão, não acrescento mais nada.
E não posso concluir sem falar no Dady: agora que já marcou, que revela progressos técnicos assinaláveis, antevejo que vai ser sempre a aviar. Atenção ao jogo de cabeça, treino diário, bi-diário, a toda a hora. Resolvida esta imperfeição, o perigo rondará a área adversária.
Lá estou eu a fazer concorrência ao Jesus!
Não há azar porque amanhã é para ganhar. Ora aqui está uma boa palavra de ordem!
Jogamos com quem?
Saudações azuis.

PS: Esta antevisão é como o molho universal, vale para todos os jogos.

domingo, outubro 29, 2006

Rádio Santo Tirso speaking

- Aí vai o Porto novamente balanceado para o ataque...golo do Benfica!
Lembrei-me hoje outra vez desta célebre frase de um não menos célebre locutor nortenho, Nuno Brás de seu nome, que num jogo com o Benfica em que o Porto estava a ser completamente dominado, quis dar a ideia de um equilíbrio inexistente, mas sem sorte, porque foi imediatamente traído pela realidade!
O locutor da rádio de Santo Tirso também não fez a coisa por menos: "olha, foi golo do Belenenses"! No resto do jogo, o relato rondava perigosamente as redes de Costinha, sem qualquer notícia sobre o envolvimento atacante do Belenenses. Como se o Desportivo das Aves estivesse sozinho em campo e ainda assim a bola teimasse caprichosamente em não entrar na nossa baliza!
Mas isso agora que interessa, ganhámos, foi uma vitória contra o destino, é a imagem que me ocorre, porque na história recente falhámos sempre o jogo da confirmação.
Não posso adiantar grande coisa, lerei as crónicas de quem lá foi, pois fiquei apenas a saber o que a curiosa reportagem de Santo Tirso ía transmitindo, como por exemplo: - pronto, lá vai o Costinha cair para ganhar tempo, é ‘sagradinho’! Então agora que o guarda-redes do Belenenses está em dificuldades, o Aves não consegue pôr a bola lá na frente!
Parece que é canto a favor do Belenenses!
Perante isto, concluo: uma vitória importantíssima e decerto difícil, porque o Desportivo das Aves não podia perder este jogo.
E reparem que foi um fim-de-semana perfeito! Há quanto tempo não ganhávamos fora com a segunda circular a perder pontos!
Saudações azuis.

Para a história: Desportivo das Aves 0 Belenenses 1 (Golo de Dady)

terça-feira, outubro 24, 2006

Tempo de antena

Não esperava vir a ter saudades do Domingo Desportivo da RTP, que antigamente me irritava pela parcialidade das análises sempre em favor dos mesmos. Não perdoava este facto ao operador público que em meu entender deveria manter-se equidistante, sem favorecer nenhum dos competidores. Mas existe um velho ditado que diz mais ou menos o seguinte: ‘atrás de mim virá quem bom de mim fará’!
É verdade, apesar de tudo, o canal público sentia-se na obrigação de ser imparcial embora não o fosse na realidade. Hoje o concessionário desse serviço informativo, a TVI, tem critérios mínimos a esse respeito, o objectivo primordial é o mercado e sendo este constituído por adeptos dos três clubes que se conhecem, toca a reduzir tudo a este desiderato.
Assim, quem se der ao incómodo de esperar por alguma notícia relevante sobre o emblema da sua predilecção, terá que se aventurar noite dentro por uma pequena aberta na cobertura cerrada dos jogos em que participam Benfica, Sporting e Porto, para desfrutar então de breves segundos de emissão que apenas registam os golos dos restantes jogos da jornada. Isto é um escândalo que ofende inclusive o direito a uma informação equilibrada e isenta. Aliás a concessão ou acordo, que envolveu concerteza o Governo através da RTP, não pode ter deixado de vincar a natureza de serviço público que ali se transmitia.
Ora bem, quem pode acabar com este estado de coisas? Não, por certo os três beneficiados, mas a Federação e a Liga deveriam ter uma palavra a dizer sobre o assunto porque são os interesses do futebol português no seu conjunto que estão em causa.
Se não percebem isso, alguém tem que os alertar. O Belenenses, tal como todos os clubes que ainda não são satélites, só têm a ganhar em denunciar esta situação vergonhosa, que atenta, inclusivamente contra a verdade desportiva, na medida em que favorece a visibilidade dos que já a têm em larga escala, em detrimento de todos os outros competidores.
Se o Madaíl ou o Hermínio mesmo assim não perceberem, a questão deve seguir para o Secretário de Estado do Desporto, que nessa altura não se pode recusar a intervir.
Por fim se a TVI não consegue transmitir um programa desportivo com um mínimo de qualidade e isenção, retire-se-lhe a concessão, ou cancele-se o contrato por incumprimento.
Saudações azuis.
JSM

sábado, outubro 21, 2006

Vitória assegurada na primeira parte.

C.F. Belenenses 2 P. Ferreira 0

Ganhamos e o resultado era justo ao intervalo. A equipa entrou bem no jogo, e teve logo nos instantes iniciais uma boa jogada, com o Eliseu a entrar pela esquerda e a sofrer falta à entrada da área. Até ao fim da primeira parte, com uma boa exibição, criamos ocasiões de golo, falhamos umas, o árbitro anulou um golo ao Silas.
Mas não havia nada a fazer, o Zé Pedro com a pontaria afinada, marcou dois golos de bola parada, um de penalty sofrido pelo C.Costa e o segundo de livre.

Na segunda parte, nada de especial aconteceu, controlamos a partida com alguma facilidade e apenas não deixamos jogar o adversário que, na minha opinião, não jogou nada o jogo todo, mas como que se costuma dizer; “uma equipa joga o que a outra deixa jogar”.

Assisti ao jogo no topo norte o que dificultou a percepção dos lances uma vez que o jogo decorreu todo junto à baliza sul. Não me apercebi, por isso, muito bem do lance do penalty e também não vi como é que o livre cobrado pelo Zé Pedro entrou directamente, pois a bola estava longe da baliza, mais ou menos junto do banco de suplentes.
Deu no entanto para ver o jogo numa perspectiva mais geral.

E a equipa esteve diferente. Não jogou o Roma, e o Silas jogou mais adiantado, próximo do avançado, o que fez toda a diferença. São dois jogadores que por razões diferentes perdem muitas bolas no meio campo e que originam por vezes lances perigosos de contra ataque, desfavoráveis à equipa, pelo que foi uma boa opção, a de não jogar para já com estes dois jogadores juntos.
Aliado a isto esteve um grande jogo do Zé Pedro e do Eliseu, que está muito mais rápido e motivado, são para mim os jogadores que merecem mais destaque.
Já deu para ver que o Jorge Jesus gosta de jogar com extremos, e neste jogo o esquema saiu bem com o C. Costa a ter também uma interferência positiva no jogo, mais concretamente no lance do primeiro golo.

De resto nem se deu pela defesa, os laterais não subiram no terreno, e passaram todos despercebidos. Lá à frente, o Dady esteve bem, esforça-se e é também importante neste esquema, só é pena a equipa não aproveitar as bolas que ganha de cabeça; o Silas tem aquela dificuldade em jogar com os outros, talvez o Roma quando estiver mais adaptado possa melhorar este aspecto.
Dou apenas um destaque menos positivo para o Amorim, pode ser que seja da posição que ocupa, mas não gostei muito da sua exibição agravada com um cartão amarelo infantil.

Uma vitoria importante contra uma equipa do nosso campeonato. São estes jogos que temos que ganhar, embora isto continue a não estar fácil. Mas ao menos sabemos que temos uma equipa com garra e com vontade de ficar na primeira Liga, ou pelo menos temos adversários que podem descer. Vamos lá dar continuidade e pontuar com o D. Aves.

Saudações Azuis.


"Ficha técnica:


Árbitro: Paulo Paraty (Porto)

Equipas:

Belenenses - Costinha; Sousa, Gaspar, Nivaldo, Rodrigo Alvim; Rúben Amorim, José Pedro, Silas, Cândido Costa (Sandro Gaúcho, 71); Dady (Roma, 78) e Eliseu (Rolando, 85).

Paços de Ferreira - Peçanha; Mangualde, Luiz Carlos, Geraldo, Fredy (Pedrinha, 67); Paulo Sousa, Elias (Edson, 42), Dani, Didi, Ronny (João Paulo, 54) e Cristiano.

Marcadores: 1-0, José Pedro, 16 m (g.p.). 2-0, José Pedro, 39.
Acção disciplinar: cartão amarelo para Paulo Sousa (12), Rúben Amorim (25) e Dady (30).

«Fizemos uma primeira parte muito boa» (Jorge Jesus)
O técnico do Belenenses destaca a excelente primeira parte realizada pelos seus jogadores, onde marcaram dois golos e praticamente fecharam a vitória sobre o Paços de Ferreira (2-0).
«Vínhamos de duas derrotas que influenciavam psicologicamente os meus jogadores. Fizemos uma primeira parte muito boa, corremos muito, realizamos pressão alta e essa táctica desgastou muito a minha equipa, mas fomos compensados com dois golos. Na segunda parte não estivemos tão frescos e defendemos mais atrás. O Paços de Ferreira arriscou tudo e se estivéssemos melhor fisicamente podíamos ter aproveitado essa situação», esclareceu Jorge Jesus."

A Bola Online - 20-10-2006 23:49

SPM

segunda-feira, outubro 16, 2006

Isto não está fácil

Nada fácil!
Vi o jogo aqui em casa, um daqueles jogos com resultado anunciado, podia até ter escrito esta crónica ontem que não errava por muito. O Nacional da Madeira chegou ao golo sem grande esforço, não teve pressa porque sabia que mais tarde ou mais cedo aconteceria o deslize fatal. Deu-nos a iniciativa, nada de preocupante. Preocupante era a incapacidade de reter a bola, sem conseguirmos ligar três passes!
E o que é que acontecia nas alas?
O Eliseu entretinha-se a fazer faltas enervantes e desnecessárias; o Cândido Costa...nem os foras ganhava!
Dir-me-ão que o jogo foi equilibrado, que o relvado estava escorregadio, que é difícil jogar na Choupana, que o Nacional também sentiu a nossa pressão. É verdade. Mas o que é que isso tem a ver com aquele cruzamento, em que a nossa defesa está de frente para a bola, e mesmo assim aparecem dois madeirenses a cabecearem à vontade! E as faltas escusadas à entrada da área! São um risco enorme.
Durou pouco tempo a vantagem do adversário porque Alvim, o nosso melhor jogador, repôs a igualdade através de um remate tão extraordinário quanto imprevisto! Foi um bálsamo para a minha descrença.
No entanto, não conseguimos assentar jogo, continuámos nervosos e trapalhões. Todos sabemos que Roma e Pavia não se fizeram num dia, mas este Roma tem que arranjar mais força nas canetas. Foi mal servido, mas precisa de ser mais espontâneo, mais rápido a decidir-se. Fez-me lembrar o Paulo Sérgio que passava a vida no chão, a olhar para o árbitro, à espera de uma falta que nunca vinha.
Depois do intervalo a toada manteve-se, mas o Nacional procurava o golo da vitória. Emergiu um tal Pateiro, que bem secundado por Alonso, começava a abrir brechas na nossa defensiva. Na altura pensei: onde é que o Nacional foi desencantar este Pateiro!
Se estivesse a jogar por nós, numa das alas...não sei! Numa dessas jogadas, inflectiu para o meio, a bola sobrou para Nuno Amaro que não deixou os seus créditos por mãos alheias: desferiu um remate tremendo de fora da área e estava encontrado o vencedor na Choupana.
Ainda faltava muito tempo e Jorge Jesus mexeu na equipa. Saíu Rolando e entrou Daddy que de imediato atirou uma bola ao ferro da baliza adversária. Algum azar. As coisas pareciam melhorar e nos últimos dez minutos o Belenenses deu indícios de que poderia chegar ao empate, beneficiando do retraimento do Nacional.
A pressão aumentou com a entrada de Sousa e Januário e tivemos então a grande oportunidade de marcar – Daddy em frente da baliza falha de forma incrível!
Nada mais para dizer. Repito, isto não está nada fácil, os jogadores correram, suaram a camisola, mas não chega. A equipa esteve muito nervosa, trapalhona, e para ganhar são precisos golos. E para marcar golos, são precisos bons avançados, como diria o senhor de La Palice.
Resultado final: Nacional da Madeira 2 - Belenenses 1
JSM

quinta-feira, outubro 12, 2006

Alta competição

“Obikwelu mais três anos no Sporting”

Francis Obikwelu, Rui Silva e Naide Gomes renovaram pelo Sporting por mais três épocas, com mais uma de opção. Quinze dias após o empresário de Obikwelu ter ‘oferecido’ o velocista ao Benfica, os leões asseguraram a continuidade dos seus melhores atletas devido ao patrocínio da CGD.
DN – 12/10/06

Ora aqui está uma pequena notícia que nos elucida sobre o estado da nação e da nossa alta competição!
Não é preciso ter pista de atletismo, como sabem estes atletas vivem e treinam em Espanha, também não é preciso investir, porque quem faz esse serviço é a nossa Caixa Geral de Depósitos, não é portanto preciso ter nada!
A receita para o êxito chama-se Benfica, Sporting e Porto, é preciso que sejam estes clubes de futebol profissional a dar o seu nome e emblema aos referidos atletas porque senão eles não ganhavam nada! O silêncio cúmplice da nação também contribui para o sucesso deste esquema.
Sou frontalmente contra esta palhaçada, contra esta espécie de atletismo nacional em Madrid, mas já agora pergunto - o que é que o Sporting dá ao Obikwelu que o Belenenses não podia dar?!
Saudações azuis.
JSM

terça-feira, outubro 10, 2006

A Taça da Liga

Desmintam-me se estou enganado! Para não ir mais longe, situemo-nos aqui ao lado, em Espanha, e na respectiva Taça da Liga, aquela que é disputada entre os clubes da Liga espanhola e que também dá acesso às competições europeias. É essa prova que tenho em mente quando defendo a sua realização em Portugal, o que me parece a coisa mais normal do mundo. E estou convicto que a prova em Espanha tem público e é rentável.
Assim, quando Hermínio Loureiro, no seu programa eleitoral, avançou com essa hipótese, pareceu-me uma excelente iniciativa, e bem ancorada em razões de oportunidade face à míngua de receitas dos clubes mais pequenos, por virtude da arbitrária redução de clubes na Liga.
Inexplicavelmente, ou talvez não, vem agora Gilberto Madaíl dizer que não apoia nem augura sucesso a esta iniciativa, segundo ele, condenada à falência se não tiver a participação dos ‘três clubes grandes’!!! O estádio do Algarve é também mencionado, não sei a que propósito! E até o campeonato de reservas é apontado como opção mais viável!
Estou estupefacto!
Claro que Madaíl, como eu sempre disse, está ao serviço, não do futebol português, não para o valorizar ao nível das provas internas, mas está apenas preocupado com a sua componente externa, ‘as suas selecções’, os seus cargos nos organismos internacionais...
Tem como grandes aliados os três clubes do estado, ocupadíssimos também com as suas receitas extraordinárias, com os seus estágios e torneios na estranja, com a sua propaganda.
São clubes europeus, o campeonato interno é um estorvo e um prejuízo, as receitas ordinárias não interessam para nada! O orçamento de estado de uma maneira ou de outra há-de pagá-las!
Portanto, tudo o que perturbe esta ‘paz’ abençoada pelo poder político é para eliminar. Como a Taça da Liga, por exemplo.
Mas felizmente que não há bela sem senão: há-de vir um tempo de vacas magras, que já se anuncia, que vai afastar ainda mais público dos campos de futebol, e por muitos motivos, alguns evidentes como a batota, que já ninguém consegue escamotear, ou a excessiva dependência da televisão. As longas paragens do campeonato, sem oferta de futebol, também não ajudam. Os jogos com o Azerbeijão também não!
Azerbeijão que alinhou com três brasileiros pelo menos, uma espécie de nação Joker, cuja nacionalidade não conta para a UEFA e para a FIFA!
Tudo isto, aliado ao facto de amanhã passarmos a ter uma selecção exclusivamente de emigrantes, tudo isto há-de cansar e desinteressar o adepto do futebol, ao ponto de começarmos a perceber que perdemos alguma coisa pelo caminho. Será então o momento, sem Madaíl, de valorizarmos de novo os campeonatos internos, a Taça de Portugal, a Taça da Liga, os campeonatos de reservas, etc.etc....
Até lá...Saudações azuis.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Dia de reflexão

Tomada de posse
“Ele é apenas um empregado dos clubes” – disse o presidente do Nacional da Madeira, a propósito de Hermínio Loureiro, novo presidente da Liga de Clubes.
“Não vou descansar enquanto o futebol profissional não estiver limpo de uma suspeição generalizada” – disse Hermínio Loureiro na tomada de posse.
Sobre o ‘Apito dourado’, acrescentou – “É uma vergonha para a justiça que em nada dignifica o futebol”!
“Uma intervenção corajosa”
– disse Laurentino Dias, secretário do Desporto.
“Estou positivamente surpreendido” – disse Valentim Loureiro.
“Eis um monumento ao compromisso apressadamente interpretado como um arrojo de valentia. E por isso recebeu palmas. Porque para Hermínio Loureiro o problema reside na Justiça e o futebol é a vítima inocente. A Justiça é má, o futebol é bom. A culpa da situação não é de dirigentes, árbitros, empresários, que combinam favores e recompensas. A culpa é dos polícias que investigam, dos juízes que autorizam escutas telefónicas e da transcrição pública dessas conversas, o que não é permitido pela Lei.
Nem sequer foi suficientemente vago o presidente da Liga ao abordar a questão. Tivesse ordenado a frase ao contrário – “é uma vergonha para o futebol que em nada dignifica a Justiça” – e teria, assim sim, produzido uma intervenção lúcida, prometedora e corajosa” – escreveu Leonor Pinhão no jornal “A Bola” de hoje.

“ O Sporting anunciou que vai dar três meses de benefício da dúvida à nova Direcção da Liga. Em termos práticos, quer dizer isto: se, no Natal, o Sporting liderar o campeonato isolado, com mais de 4 pontos de avanço sobre o mais directo perseguidor, é porque o futebol está felizmente no bom caminho” – escreveu Leonor Pinhão no jornal “A Bola” de hoje.

Incompatibilidades
Hermínio Loureiro pediu a demissão do cargo de vice-presidente do PSD. Mantém-se como deputado por Aveiro, e continua na Assembleia Municipal de Oliveira de Azeméis.
Logo, se houver qualquer berbicacho entre um clube do distrito de Aveiro e um clube de outro círculo eleitoral, Hermínio está numa posição de imparcialidade invejável!

Mais uma paragem no campeonato,
Mais um Domingo sem futebol, mais despesas e menos receitas para os clubes, situação especialmente gravosa para os clubes mais pequenos, que não têm capacidade para participar em torneios, nem têm alternativas rentáveis.
A Taça da Liga continua em banho-maria.

Belenenses
Posta a Direcção em sossego, continuamos com um estaleiro de lesionados impressionante!
Para reflectir.

Saudações azuis.

domingo, outubro 01, 2006

Belenenses 0 - Boavista 2. Uma questão de fundo

Escrevo para libertar demónios, para afastar pesadelos, para me resignar à dura realidade!
O Boavista ganhou tranquilamente no Restelo por duas bolas a zero. Uma oferta no princípio acelerou o inevitável; um deslize a meio campo, a fechar a primeira parte, retirou dúvidas que porventura existissem: Zé Manel arrancou rápido, deixou o central para trás, e consumou a derrota.
Durante o resto do tempo o Belenenses tentou sem êxito chegar com perigo à baliza do Boavista. Se ainda estivéssemos a jogar a esta hora, posso-vos garantir que dificilmente marcaríamos um golo!
Há fio de jogo, há sinais de treino aturado, a equipa luta do princípio ao fim, tem uma boa atitude, mas não chega. Pelo menos para adversários mais matreiros, com jogadores que têm uma técnica de base superior, quero dizer, que fazem com um toque o que muitos dos nossos jogadores só conseguem fazer com dois ou três! E por isso temos os adversários sempre em cima, criando imensas dificuldades à nossa circulação de bola! E também por isso somos mais previsíveis, replicamos com mais lentidão, facilitando o trabalho das defensivas contrárias.
O rescaldo não é nada animador, e a onda de lesões continua – desta vez foi Manuel quem teve de sair, ainda na primeira parte.
Destaques: Nivaldo, sempre enérgico, Silas a revelar boa técnica, Alvim, empreendedor, e Ruben Amorim, o mais esclarecido, apesar do deslize que facilitou o segundo golo do Boavista.
A rever: as alas têm que funcionar, precisamos de criar mais desequilíbrios no um contra um. Doutra maneira, contra defensivas com qualidade e bom sentido posicional, torna-se complicado criar situações de golo. E continuamos a falhar muitos passes quando partimos para o ataque.
Olegário Benquerença poupou na expulsão de William. Uma arbitragem irritante.
Para a próxima temos que ser melhores e mais eficazes.
Saudações azuis.

sábado, setembro 30, 2006

Ponto da situação

AGE
Comecemos por aqui: não fui, mas deixo ficar alguns comentários sobre o que mais me impressionou, a fazer fé no relato do ‘Blog do Belenenses’, a quem envio um obrigado pelo serviço público prestado!
- Barros Rodrigues – “As crianças não querem o Belém. Temos de ser um clube de futebol. Doa a quem doer! (...) “O Belém é o único clube com mais sócios do que adeptos. Não temos condições para ter todas as modalidades”.

Comentário:
Vem ao encontro das posições largamente defendidas neste espaço, e têm a força de quem já teve grandes responsabilidades no Clube. De qualquer modo gostaria de reforçar os argumentos, desmontando outros que vêm fazendo escola para que fique tudo na mesma!!!
Cabral Ferreira disse que o ‘ecletismo’ faz parte dos estatutos! Uma fuga típica à questão de fundo. Os Fundadores, se não fosse o futebol, não teriam fundado o Clube de Futebol “Os Belenenses”. Claro que depois, e como era habitual na época, incluíram nos Estatutos a possibilidade da prática de outras modalidades. Não é por ter a roda da bicicleta no emblema, que o Benfica se sente obrigado a ter essa modalidade a funcionar. Funciona quando lhe convém e sempre com o futebol a justificar esse esforço promocional.
Outro argumento, este mais frequente, vem dizer o seguinte: as modalidades só gastam uns tostões, enquanto o futebol desbarata milhões e não consegue resultados condizentes. Isto, assim dito, até pode parecer verdade, mas não é. As modalidades ocupam espaço, distraem o clube da sua razão de ser, têm custos invisíveis, criam verdadeiras ‘quintas colunas’ nos vários órgãos de gestão do clube, e justificam a vaidade de muitas pessoas que se servem do Belenenses em lugar de o servir!
Mas o argumento decisivo é este, e não tenho medo de ser desmentido: Enquanto o nosso futebol não puder concorrer com os nossos rivais da segunda circular, não seremos nunca grandes em nenhuma das modalidades em que eles resolvam concorrer connosco. Isto vale para o basket, andebol, futsal, atletismo, triatlo, etc! E só não vale para o rugby, porque eles não querem, atendendo ao pouco impacto popular que essa modalidade possui. Em Portugal o futebol é que manda e é quem conduz a carroça a que gostamos de chamar desporto nacional!
Portanto, só o futebol pode tornar ganhadoras as restantes modalidades, aquelas que atraem alguma atenção popular.
Deixem-se por isso de sonhos infantis.
Merecem também reflexão duas outras intervenções na AGE, sem qualquer desprimor para as outras, uma vez que me baseio no relato já citado:
Abel Vieira – “perdemos dois mil sócios por ano”!
Sem comentários.
Elísio Gouveia – “com 300 mil contos por ano investidos em formação, somos um clube de topo”.
Comentário: deduzo que seríamos um clube com capacidade para atrair as jovens promessas que hoje preferem vincular-se ao Benfica, Sporting e Porto, ainda que seja para serem emprestados a outros clubes. Estou a falar de jovens, atenção.
É também minha convicção a necessidade de redobrarmos esforços na área do futebol juvenil.

Salésias - Restelo
Passeio de saudade e reflexão, e que sirva para reencontrar o caminho perdido. O caminho das vitórias. Estamos fartos de perder.

Belenenses – Boavista
Para ganhar.

Saudações azuis.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Os tambores da guerra

A ninguém passou despercebido o tom de ameaça e a linguagem característica de ‘família’ desavinda que estalou entre Valentim Loureiro e Luís Filipe Vieira, com aquele a denominá-lo de ‘arrependido’, atirando-lhe ainda a advertência – ‘não se meta comigo’! Na mesma linha, e aproveitando a disponibilidade que patenteia para usar qualquer canal televisivo, Vieira ripostou com as mesmas ameaças!
A causa próxima desta zanga de comadres é o morto e ressuscitado ‘apito dourado’, mas na realidade toda a gente pressente que existe uma razão mais funda para o alarido e que está relacionada com a impunidade que vigora em Portugal, em todos os domínios, mas a que é preciso dar alguma resposta, mais tarde ou mais cedo.
É claro que nada disto interessa ao Governo, muito menos ao poder judicial, habituado a não decidir em questões incomodativas, que possam perturbar a paz dos anjos em que vegeta. Agora o que se estranha, ou talvez não, é o silêncio cúmplice da comunicação social da especialidade que prefere publicar banalidades, a noticiar as escutas telefónicas em que se combinam os resultados dos jogos, jogos que a mesma comunicação social gosta de relatar como se fossem a coisa mais séria do mundo!
Mas eu compreendo, os jornais desportivos em Portugal, não são jornais desportivos, são unidades de missão, ao serviço dos interesses, não tanto dos clubes do estado, mas deste sistema vicioso que no fim de contas os alimenta. Repare-se que tivemos que ler as novidades sobre os escândalos que abalaram definitivamente o futebol nacional, nos jornais generalistas, enquanto que os ‘desportivos’ abdicavam alegremente das receitas que tal furo jornalístico lhes proporcionaria! Não se espere pois deste lado qualquer contributo para a regeneração do futebol português.
O canal público de televisão também faz o seu trabalho de casa! Sem qualquer sensibilidade, vai continuando a branquear e ilibar arguidos, ou presumíveis arguidos, do processo ‘apito dourado’, através dos aparentemente inofensivos bonecos do ‘contra-informação’!
Mas a realidade não se pode escamotear eternamente, e é por isso que este atoleiro tende a secar desvendando então o que resta da podridão imaginada.
Equaciono assim os seguintes cenários:

1. Ou o processo ‘Apito dourado’ prossegue e incrimina de facto os ‘homens do norte’ envolvidos, reagindo estes através de um confronto de natureza regional, aproveitando inclusivamente a embalagem do ‘caso Mateus’.
2. Ou o ‘Apito dourado’ é arquivado, com o Governo a propor uma ‘amnistia’ geral e um ‘começar de novo’ para todos.

Penso que será por aqui que as coisas seguirão, e nesse sentido seria importante definir um caderno reivindicativo por parte dos clubes profissionais de média dimensão, aqueles que ainda têm adeptos próprios, para ser negociado na altura nas melhores condições.
Saudações azuis.

domingo, setembro 24, 2006

Belenenses 0 – Naval 0: Uma questão de espaço.

Havia espaço com fartura nas bancadas, a lembrar que o futebol em Portugal já conheceu melhores dias, mas no campo, dentro das quatro linhas, o problema era a falta de espaço para jogar! E quando assim é, tudo se multiplica:
O raciocínio, o discernimento, os reflexos, têm que ser muito mais rápidos; a falta de classe nota-se muito mais; as carências são mais gritantes.
Houve de tudo isto ontem no Restelo frente a uma equipa da Naval com muito pulmão, que disputava todos os lances no limite, que não deixava pensar, que sabia também trocar a bola, e esteve sempre à espreita de uma oportunidade para marcar.
Do nosso lado, do lado de Belém, lutámos muito, tentámos outras variantes, mas nunca conseguimos criar verdadeiro perigo. Mas o melhor é dar a palavra ao treinador Jorge Jesus que no fim do encontro, sintetizou:
‘Foi um jogo muito disputado, este campeonato vai ser como o anterior, ou seja, muito competitivo, com poucas diferenças nas equipas, a distinguirem-se umas das outras nos pormenores, e eu quero dizer que hoje saímos daqui com um ponto porque o Belenenses tem uma defesa muito forte’.
Está feito o retrato do jogo.
Uma última palavra para o árbitro, o que não é habitual nas minhas crónicas. Para manifestar alguma surpresa, mas ao mesmo tempo dizer bem! Precisamos de entender que nesta fase conturbada em que vive o nosso futebol, os árbitros, que estão à partida condenados à suspeição, parecem paradoxalmente mais livres e libertos! E acabam por ter melhores desempenhos, não obstante o alarido, mais fingido do que outra coisa, que vem obrigatoriamente das bancadas.
Este Paulo Pereira, deixou jogar, às vezes até perante alguma incredulidade dos intervenientes, cometeu os erros normais, mas nenhuma das equipas se pode queixar de interferência malévola no resultado.
É a minha opinião.
Saudações azuis.

sábado, setembro 23, 2006

Parabéns e para mais

Estou de partida para o Estádio do Restelo que faz hoje cinquenta anos de existência! Estávamos em 1956, num dia 23 de Setembro, trinta e sete anos depois da Fundação!
A esta distância, penso que é legítimo equacionar algumas perguntas:
Que esperanças animavam os homens daquele tempo?!
Que sonhos poderiam acalentar perante a bonita ‘Taça de Pedra’ que ali se erguia diante dos seus olhos, que inevitavelmente se alongavam até ao rio de todas as descobertas!
Que lembranças teriam da difícil empresa terminada! A mesma que transformou uma pedreira numa obra de tal envergadura! Quem se atreveu na altura a pensar nos tremendos custos que aquela mudança, das Salésias para o Restelo, iria acarretar!
E quem, de entre os presentes, ousou sequer imaginar o declínio, a divisão, a vergonha, que já ali todos presenciámos ou vivemos?!
Ainda bem que não imaginaram tal coisa, sinal de que a mentalidade era grande e esperançosa.
O Belenenses afinal resistiu, ainda existe, e merece por isso os parabéns! Mas não seremos os ‘contentinhos’ deste filme.
Falta cumprir a esperança daqueles que lançaram no Restelo, a primeira pedra.
Mas festa é festa, parabéns Belenenses.

terça-feira, setembro 19, 2006

Intervenção Administrativa, já!

Estou com o jornalista Miguel Sousa Tavares, que hoje, nas páginas do jornal ‘A Bola’, propõe a intervenção do Governo no futebol, para acabar de vez com o clima de suspeição que a impunidade sempre gera.
De facto, ainda agora começou o campeonato, e já se notam os sinais da desconfiança, a polémica a propósito de tudo e de nada, a enorme pressão sobre os árbitros, afinal, o elo mais fraco desta cadeia de cumplicidades em que inegávelmente está submergido o futebol português!
Agora já não vale a pena balbuciar ‘que toda a gente é inocente até prova em contrário’, porque já se sabe que neste país, a justiça é incapaz de julgar alguém, desde que esse alguém possa recorrer a um bom advogado!
No limite, existem ‘constitucionalistas’ que entendem que a nossa Constituição prevê a impunidade para a corrupção desportiva!!!
E esta, deve ser apenas a ponta do iceberg da outra!!!
Nestas condições, não sendo admissível que o Estado, como pessoa de bem, queira continuar a patrocinar ‘jogos de batota’, só vejo uma saída para a crise: uma intervenção administrativa para pôr as coisas no são.
Como?
Demissão compulsiva dos presidentes da Liga e da Federação, nomeando uma Comissão de Saneamento (básico) de modo a reverter este espectáculo desportivo aos parâmetros normais e regulares para esta actividade.
Consequências?
A FIFA, alegando justamente a irregularidade invocada pelo Governo, aproveitaria a oportunidade para suspender o futebol português das competições internacionais até que tudo estivesse sanado, o que bem vistas as coisas seria também a oportunidade para reformar de vez este futebolzinho a ‘três mais um’, completamente viciado e viciante, ou seja, seria uma ‘quarentena’ mesmo a calhar.
É natural que se ouvissem os berros dilacerantes dos clubes do estado, o choro pungente dos adeptos do futebol a fingir, as reacções acaloradas dos políticos da bola, mas o futebol português agradecia.
Quero lembrar que no tempo em que se valorizava o campeonato interno (o contrário do que agora acontece), os estádios enchiam-se de público, e público mais exigente, pela simples razão de que gostava de futebol e não apenas de ganhar a qualquer preço.
Saudações azuis.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Notícias de segunda

Abro com uma excepção: é notícia de primeira o Belém ter regressado de Coimbra com um resultado positivo. E depois de estar a perder, conseguir recuperar é sempre uma boa notícia.
Ouvi o ‘relato’, se posso chamar àquilo relato! Com um locutor, vítima das novas tecnologias de informação, a falar sobre tudo menos sobre o que se passava no relvado. Fiquei apenas ciente, para além dos golos, que Costinha equipava de azul-bébé com meia branca.
Bem, logo à noite vou ver se vejo os golos na TVI, pensei eu, depois de beber um café forte para aguentar a noitada. Não aguentei, desliguei a televisão ao fim da centésima repetição do golo que o Paços de Ferreira marcou em Alvalade!
Oh, meus amigos, metam esse programa no lixo, usem a co-incineração se for preciso, salvem o locutor, mas proíbam-no de falar em público, era um favor que faziam ao futebol. Digam-me lá uma coisa – se o lance irregular tivesse sido na outra baliza, teriam feito o mesmo alarido, como se de morte de gente se tratasse! Claro que não.
E querem provas? Já repararam que o campeonato prosseguiu e prosseguirá como se não tivesse acontecido nada! Os mesmos árbitros, os mesmos dirigentes, o mesmo público, todos em segredo de justiça, e só os ouvimos protestar quando o seu clube parece ser atingido por alguma perversão.
Sim, falei do público que gosta de ver jogos a fingir; sim, falei dos dirigentes que ficaram calados que nem ratos, enquanto se desenrolava o ‘caso Mateus’; sim, falei dos árbitros, incapazes de dar o grito do Ipiranga para ganharem a independência da Liga.
E há mais, mas não me apetece.
Tenho que acabar com notícias de primeira: Ruben Amorim, jogador da ‘cantera’ azul, disse que o resultado não era bom, mas apenas aceitável atendendo às incidências do próprio jogo. É este o discurso que quero ouvir sempre.
Saudações azuis.

quinta-feira, setembro 14, 2006

“Descubra as diferenças”

“Portugal, Itália e a crise do futebol: descubra as diferenças”

“O Diário de Notícias tem vindo a revelar um conjunto de elementos no âmbito das escutas telefónicas do chamado caso ‘Apito Dourado’. Desses factos emerge clara intenção de diversos agentes ligados ao mundo do futebol condicionarem resultados desportivos.
No passado mês de Maio o semanário italiano L’Expresso publicou transcrições de escutas telefónicas realizadas no âmbito do Calciocaos, que estava a ser investigado pela Procuradoria de Nápoles. Face à gravidade dos factos, o Governo italiano nomeou um Comissário especial, operando no âmbito das estruturas federativas, para averiguar a situação e tomar as medidas apropriadas. Em resultado, dois meses depois a Juventus viu-se apeada dos últimos títulos de futebol que havia conquistado e despromovida à divisão inferior. Outros clubes de renome sofreram sanções disciplinares e desportivas, assim como vários árbitros e inúmeros dirigentes.
Em Portugal, o chamado 'Apito Dourado’ continua a marinar pelos tribunais e terminará, presumivelmente, em nada. Asfixiado pelo garantismo do sistema judiciário e perdido nas malhas labirínticas do processo penal, o qual, pela mão de advogados ilustres, favorece a impunidade dos poderosos.
Todavia, o contraste mais gritante com o chamado Calciocaos, que tem grandes semelhanças com os factos revelados no caso ‘Apito Dourado’, reside na atitude do poder político: em Itália, o Governo quis prontamente restabelecer a dignidade desportiva do futebol (não obstante o sistema jurisdicional transalpino ter feito frente, brilhantemente, ao terrorismo na década de 70 e à corrupção nos anos de 1990); em Portugal, o Governo parece não se importunar perante factos de inquestionável gravidade, confiando pacientemente na capacidade do sistema jurisdicional para a ‘resolução’ do problema.

António Goucha Soares, Professor Universitário.
Publicado no DN de hoje, quinta-feira, 14 de Setembro de 2006.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Tarde de futebol

Comecei pelos juniores, uma agradável surpresa, fio de jogo, três ou quatro jovens a prometer muito e umas ‘bocas’ bem-humoradas: - Oh jsm, aquele miúdo é jeitoso, não deve ficar cá muito tempo...
Fica sim senhor, que isto agora vai mudar. A ‘cantera’ tem que ser a base disto tudo, vamos investir mais, poupar noutros sítios, por exemplo, no ‘ecletismo’ pateta, e não pode haver mais dúvidas sobre o caminho a seguir: - ao nível dos juniores, temos que andar a par com os melhores, custe o que custar.
Acabámos por ganhar bem ao Nacional da Madeira por 3-1, que não se livrou do alto sentido crítico de um adepto azul: - ‘Estes gajos não jogam uma beata’!
Rumei então ao campo principal, havia muita gente e havia muita expectativa, alguma excitação, e um claro excesso de decibéis!
Faço aqui um encarecido apelo à Direcção do Belenenses: - não insistam neste disparate (eu diria histerismo) que afasta mais gente do que pensam. E vamos lá ver uma coisa: se esta ‘animação’ se destina a ensurdecer os adeptos, evitando que troquem impressões ao intervalo, e antes do jogo, tudo bem; mas se o objectivo é apenas o de fazer sofrer os velhos associados do Clube, então não vale a pena, porque nós já sofremos o suficiente durante os jogos!
De qualquer maneira, repito, baixem o som e o tom. Antigamente, quando o Restelo tinha muito mais gente, quem animava os adeptos era a equipa através do futebol praticado! E vice-versa! E também havia música.
Viremos então a página para dizer bem de alguma coisa: era a minha primeira vez esta época, ainda não tinha visto jogar o Belenenses de Jesus e tenho que confessar – gostei! Uma equipa à imagem do treinador, raçuda, a pressionar mais que o habitual, sem medo de ter a bola, a projectar-se para a frente, com um meio campo onde existe o que é preciso – bons pés.
Entrámos naturalmente nervosos, um ou outro calafrio defensivo, mas fomos crescendo com o decorrer do tempo e acabámos senhores da situação. Destaques?! O colectivo sobrepôs-se, o que é positivo, mas não posso deixar de referir alguns jogadores – Amorim, a jogar onde for preciso, esteve em grande, tal como José Pedro que foi decisivo nos golos – marcou um e também marcou o canto que permitiu ao pequeno Roma fechar de cabeça a contagem. Este Roma, aliás, é muito bom jogador e estou certo que fará sucesso no campeonato! Alvim também me deixou boa impressão, discreto, conseguiu parar Varela, o mais perigoso entre os sadinos, e ainda meteu umas bolas à frente com a propósito. Boa estreia! Nivaldo, com alguns deslizes comprometedores, revelou contudo, reflexos e muita genica. Está naturalmente a adaptar-se ao nosso futebol. Os restantes cumpriram.
Atenção esta vitória foi extremamente importante, como foi importante que tenha sido este o nosso primeiro jogo. Já pensaram que se temos ido à Luz, nos arriscávamos a um desaire, com as consequências psicológicas daí resultantes! Assim, foi ouro sobre azul.
Não termino esta croniqueta sem salientar a excelente participação de Jorge Jesus no programa desportivo da noite, na TVI, onde o nosso treinador, sem papas na língua, descobriu a careca aos donos da bola, relativamente à ‘redução de clubes’! Com efeito, os verdadeiros objectivos que nortearam tal redução têm a ver com os grandes interesses financeiros instalados no futebol português, que estão instalados na órbita dos chamados três grandes, e que somados aos interesses da selecção do Madaíl e da propaganda do Governo, produziram este filme da redução! Redução que prejudica fortemente os clubes pequenos e o futebol português no seu conjunto. Coisa de somenos, aliás!
Não para Jorge Jesus, felizmente, que disse em meia dúzia de palavras aquilo que temos vindo a dizer no Belém Integral com muitas palavras.
Parabéns Jorge Jesus! Um homem do futebol!
Saudações azuis.

Post-scriptum: O programa da TVI para noctívagos chamado Domingo Desportivo, ou coisa que o valha, ‘passou’ o resumo do Belenenses-Vitória de Setúbal no tempo record de 10 segundos! Bravo!

domingo, setembro 10, 2006

Recados para dentro

A bola vai recomeçar, para trás fica um longo processo que conseguimos levar a bom termo, e no entanto, desde ontem que ando a remoer alguma insatisfação que não resisto a partilhar.
O que se passou foi o seguinte – Cabral Ferreira estava a ser entrevistado por um canal de televisão quando foi confrontado com uma pergunta incómoda relativa à participação dos clubes na escolha dos árbitros para os jogos, depreendo que se trata das finais, da Taça de Portugal! A pergunta tinha como base uma entrevista concedida nesse mesmo dia ao jornal ‘A Bola’ pelo antigo presidente do Belenenses, Sequeira Nunes, onde este confirmava que tal prática era comum!
Ora bem, não vou pôr nada disto em causa e como não li a dita entrevista posso naturalmente estar a fazer juízos temerários, mas aquilo incomodou-me porque não entendi o sentido nem a oportunidade de tal entrevista nesta altura do campeonato. Deduzo que os jornalistas quisessem ouvir uma reacção de um dirigente azul à época (2003/2004) e naturalmente que o interesse da entrevista se resumia a isso, ou seja saber se o Belenenses também terá participado nesse leilão do árbitro!
Ainda não sei ao certo se participou ou não e daí a minha surpresa que face ao escândalo público dos jogos combinados, apareça um ex-dirigente do Belenenses a colaborar no branqueamento desta vergonhosa situação, sabendo-se ainda por cima que neste filme fazemos sempre o papel da vítima.
Repito, posso estar enganado, penitenciar-me-ei se for caso disso, mas aconselho vivamente sobriedade e contenção numa matéria em que temos todo o interesse que chegue às últimas consequências, que é a denúncia da batota institucionalizada, para deixarmos de ser os bombos da festa...prazenteiros e colaborantes!
Em princípio, os beneficiados não perdem, e nós temos passado a vida a perder! Era o que mais faltava que passássemos por aquilo que não podemos ser – batoteiros.
E volto à entrevista de Cabral Ferreira, que gostei de ouvir! Esteve bem, como tem estado bem em todo este processo. Merece por isso ter uma retaguarda em condições.
Saudações azuis.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Próximos episódios

Não perca de facto os próximos episódios que prometem revelar finalmente toda a verdade que está por detrás das movimentações da Liga de Clubes.
Ora bem, recordemos que o Presidente da respectiva comissão executiva terá jurado, segundo dizem, que o Belenenses só ficaria na primeira Liga se ele, Major, morresse! Talvez não seja preciso ir tão longe, mas a frase diz tudo sobre o ambiente em que se desenrola este ‘caso Mateus’, adicionado ao ‘apito dourado’, à zanga das comadres, às ligações perigosas entre a política e o futebol, e entre o futebol e o muito dinheiro envolvido. Em pano de fundo, portanto, a luta terrível pelo poder entre os chamados ‘donos da bola’.
Mas regressemos à realidade: hoje, sexta-feira, haverá decisões a partir do TAFL que podem despoletar consequências pouco previsíveis. Vou tentar usar a lógica, instrumento da razão que, como se sabe, tem pouca utilidade em Portugal.
Ainda assim, começo pela declaração do Professor Fausto Quadros, catedrático em Direito Administrativo e que, segundo li no DN da passada 4ª feira, terá sido o autor do parecer jurídico que sustentou a decisão da FPF em invocar o interesse público para desbloquear as competições profissionais. Diz Fausto Quadros que “o TAF nunca concedeu nenhuma providência cautelar requerida pelo Gil Vicente. No pedido principal, o tribunal ordenou a citação da Liga de Clubes e do Belenenses”. E refere ainda que “simultaneamente, o Gil Vicente pediu a suspensão provisória e urgente da eficácia do acórdão do CJ da Federação, o que o Tribunal expressamente indeferiu”. “Acórdão, esse, que determinou a manutenção do Belenenses e descida do Gil Vicente à Liga de Honra”. Para Fausto Quadros, “o que o tribunal fez, foi, com base no artigo 128º, nº1, do Código de Processo nos Tribunais Administrativos, decidir que a simples citação dos interessados impedia a execução do acórdão do CJ, a não ser que, por resolução fundamentada, fosse demonstrado que a não execução imediata do acórdão do CJ provocava graves prejuízos para o interesse público”. Foi esta resolução fundamentada que a FPF apresentou entretanto no tribunal.
Dito isto, percebe-se bem toda a desinformação que tem sido veiculada por parte do Gil Vicente, assim como se percebe que o Major tenha tentado subverter a situação, marcando à pressa o tal jogo entre o Benfica e o Gil Vicente, sem ter para isso qualquer apoio jurídico nas decisões do TAF!
Aliás, toda a actuação do Major Valentim Loureiro indicia e permite pensar que não está a ser imparcial neste processo. A sua última rábula, referindo a inutilidade de entregar, em consonância com a FPF, uma declaração de interesse público, é reveladora da clivagem entre entidades que deveriam estar unidas neste processo, pois a ambas cabe zelar pelo cumprimento do mesmo normativo.
As expectativas reduzem-se pois a saber se o TAFL exigirá mais uma formalidade, a tal declaração conjunta de interesse público, envolvendo FPF e LPFP, ou se afastará esse incidente formal.
É nisto que joga o Gil Vicente e o Cruz Vilaça, questões formais, dilações e mais dilações, porque a questão de fundo – a batota – essa permanece e vai ser difícil dar-lhe a volta.
O máximo que poderiam conseguir, no caso do Juiz do TAFL achar ser necessária uma ‘declaração conjunta de interesse público’, seria, de acordo com o exposto acima, bloquear de novo o campeonato.
Mas não acredito neste cenário.
Saudações azuis.

quinta-feira, setembro 07, 2006

O Livro Cinzento

Estou com o ex-ministro Arnaut, também gostaria de ter sido convidado pela Europa a elaborar um Livro Branco do futebol, no sentido de averiguar sobre os riscos que ameaçam a sua verdade desportiva.
Quando o ouvi desbobinar as patifarias que o cercam – empresas de apostas sem pátria que patrocinam campeonatos, sociedades anónimas que são accionistas de vários clubes, tráfico de influências, jogos combinados, arbitragens duvidosas, empresários suspeitos, enfim todo um mundo de corrupção espreitando o momento para se lançar sobre a presa – juro que quando o ouvi, tudo aquilo me soou familiar, não muito longe desta santa terrinha onde habito! E tive vontade de interromper o jovem discurso, tão destemido defensor da verdade do futebol, para dizer simplesmente isto:
Caro deputado, escusava de se ter dado ao transtorno da Europa, das viagens cansativas, das despesas inúteis, pois teria Vossa Excelência mesmo ao pé de casa, os problemas e os desvios que procura lá fora! Eu próprio me comprometo a fornecer-lhe alguns dados e pistas, cabendo então a Vossa Senhoria fazer o necessário cruzamento da informação entretanto recebida.
Depois desta revelação estou certo que o deputado Arnaut concordaria em analisar o seguinte:
- Portugal, país do extremo ocidental da Europa, tem três clubes apurados para a ‘Liga milionária’, que correm o risco de ser impedidos de participar se a FIFA levar por diante a ameaça de suspender a FPF. Foram entretanto inventariados e divulgados os possíveis prejuízos que atingem números astronómicos para a nossa realidade!
- Portugal, país do extremo ocidental da Europa, tem três clubes que se eternizam nos lugares de acesso à Liga milionária e que contam absolutamente com essas receitas (extraordinárias!) para amenizarem os monstruosos défices acumulados.
Para que conste, há mais de sessenta anos que apenas o Boavista e por uma vez, conseguiu intrometer-se nos lugares de acesso à Liga dos campeões! Também para que conste informo que no ano em que o Boavista foi campeão, eram presidentes da Liga e da Comissão de Arbitragem, dois ex-dirigentes do Boavista, mais tarde arguidos no processo ‘apito dourado’!
Em apoio do que acabo de informar, seguem mais alguns dados esclarecedores:
- A empresa que tem a concessão (!) das transmissões televisivas é, também ela, accionista de quase todas as SAD dos clubes que participam na Liga; a distribuição das receitas televisivas pelos participantes, a que resulta deste estado de coisas, é simplesmente escandalosa e parte do curioso princípio de que poderia haver competição sem adversários!!!
- O Estado, através de empresas públicas ou semi-publicas, faz negócios com os três clubes acima referenciados desvirtuando assim a competição desportiva;
- O Canal público de televisão também contribui, em termos de direito de antena, para cavar o fosso que existe entre clubes grandes e pequenos; como curiosidade e a título de mero exemplo, constatamos que os telejornais se sentem na obrigação de dar notícias sobre os três clubes já referenciados, mesmo quando não exista qualquer notícia relevante para dar!
Outros dados poderiam ser coligidos sem esforço, como a longevidade dos dirigentes, quer na Liga quer na Federação, mas pensamos que a situação descrita, seja qual for o ângulo por que se analise, sejam quais forem os factores apreciados, constitui um caso único na chamada Europa do futebol, record absoluto com direito a Guiness...mas não pode deixar de levantar sérias preocupações sobre a apregoada verdade desportiva.
À atenção portanto do deputado Arnaut.
Saudações desportivas.

quarta-feira, setembro 06, 2006

A verdade desportiva

Diz o DN de hoje, o seguinte: “Loureiros escolhiam árbitros para o Boavista” é o título da notícia, que tem como subtítulo – “As nomeações dos árbitros na Liga de Futebol Profissional eram condicionadas pelos pedidos de João e Valentim. O DN revela novas escutas telefónicas em que o major chegou a dizer a um auxiliar que lhe ‘puxava as orelhas’ e o filho, presidente do Boavista, fazia chegar mensagens aos árbitros sobre promoções na carreira como contrapartida”.

(...) “Modus operandi”:
“Segundo o procurador Carlos Teixeira, o modo de actuação de Valentim e de João Loureiro passa, além das sugestões de nomes, pelo conhecimento antecipado dos nomes dos árbitros escolhidos. Tal permitia-lhes encetar os contactos com antecedência. Exemplos disto são as escutas interceptadas antes do jogo Belenenses-Boavista, arbitrado por Bruno Paixão. Numa conversa interceptada entre João Loureiro e Ezequiel Feijão, um ex-árbitro e observador da Liga, o presidente do Boavista pede que a equipa de arbitragem seja abordada, dando as instruções: “Ele (Bruno Paixão) chegou onde pediu (...), se quer umas viagenzinhas para o ano e tal...temos... de atalhar caminho, pá (...). Tu pediste foi-te concedido”.
Também antes do jogo Boavista-Beira Mar, João Loureiro contactou o observador Pinto Correia para este dar um ‘toque’ ao árbitro...”, etc. etc. etc.!!!

O resto, podem ler na edição papel do DN de hoje, quarta-feira, dia 6 de Setembro de 2006.
Apenas uma nota pessoal: Já repararam que as televisões só se preocuparam em divulgar eventuais prejuízos que o Benfica pudesse ter sofrido por causa de arbitragens tendenciosas! Já repararam que o Benfica fazia parte da actual Direcção da Liga que agora critica.
É só para pensarem.
Saudações azuis.

Post-scriptum: As escutas acima mencionadas referem-se à época de 2003/2004.