De
facto era uma pequena alegria para os adeptos que andaram com o credo
na boca durante toda a época, adeptos cansados de esperar por um
salto em frente, algo que esteja mais de acordo com a história
centenária do Belenenses. Não foi possível, a manta é curta, os
jogadores sentiram a pressão e os braços do Esgaio são afinal
maiores do que pensávamos! Ainda por cima o sistema defensivo, a
nossa maior arma, voltou a tremer. Não apenas no início mas noutras
ocasiões como foi o caso do segundo golo onde os erros defensivos se
sucederam.
Muitas
coisas ao mesmo tempo e para um só jogo, às quais me atrevo a
acrescentar a falta que Taira fez (desde o início) naquele meio
campo. Está em grande forma, sabe defender e assegura uma transição
com outra qualidade e segurança. É claro que todas as previsões
(e opiniões) se podiam ter alterado se por acaso temos chegado ao
empate ainda na primeira parte. E tivemos ocasiões para isso.
Enfim,
foi o que foi, e não é uma derrota que apaga o que de bom tem sido
feito por esta equipa técnica, num campeonato muito difícil e nas
condições que sabemos. Condições que terão de ser revistas pois
não me parece possível subir a outro patamar enquanto permancer o
actual impasse entre Clube e SAD. A isso voltarei em melhor
oportunidade.
Entretanto
deixo aqui algumas notas individuais:
Krichiuc
– mais nervoso que o habitual, o tal nervosismo que venho notando
numa defesa remendada desde a saída de Henrique. Uma defesa à zona
não se remenda facilmente. Faltam rotinas. E isso transmite-se para
a frente (médios) e para trás, ou seja, para o guarda-redes.
Esgaio
– embora tenha sido o causador do penalty prematuro, um penalty que
alterou os planos que tinhamos para este jogo, a verdade é que não
foi pelo seu lado que o Santa Clara criou verdadeiro perigo. Foi pelo
flanco esquerdo que a nossa defesa foi ultrapassada diversas vezes.
Flanco esquerdo onde existe um conhecido déficit de velocidade,
sendo que o Santa Clara se preparou muito bem para as nossas perdas
de bola.
Gonçalo
Silva – o mais pendular dos três centrais embora no segundo golo
se tenha esquecido do avançado açoreano plantado na nossa área.
Cafu
– tem grande poder de elevação e é rápido mas não é um
central de origem. Poderá vir a sê-lo?! Para já falta-lhe a
segurança e a serenidade que o lugar exige. Está a fazer as vezes
de Henrique o melhor que pode e sabe. Não foi por ele que passaram
mas ás vezes precipita-se e desposiciona-se. É diferente ser
comandante da defesa ou ocupar um dos lados do trio defensivo.
Tomás
Ribeiro – não está em forma e vão aparecendo alguns erros que
não eram habituais. Fica ligado a uma perda de bola infantil que deu
origem ao segundo golo. Segundo golo que matou qualquer hipótese de
reviravolta.
Ruben
Lima – a sua experiência é importante nesta equipa. Precisa no
entanto de cobertura quando avança no terreno e tem que recuar
rápidamente. Contra esta equipa açoreana a velocidade e acutilância
do respectivo defesa direito pregaram-nos alguns sustos.
Shitolle
– médio defensivo com potencial mas que por enquanto só se
destaca nos aspectos defensivos. Transformar as suas intervenções
em transições ofensivas é uma fase que ainda não atingiu. Nem sei
se a equipa principal do Belenenses é o lugar indicado para fazer
esse up grade. Estou a pensar em Palhinha que teve que rodar noutros
emblemas.
Afonso
Sousa – o crescimento de Afonso Sousa coincide com o crescimento do
Belenenses durante toda a segunda volta. Um jovem cujo talento abre
caminhos para ferir o adversário. Ainda tem algumas intermitências
mas o seu remate pode resolver um desafio. Ontem esteve perto de
mudar a história do jogo.
Francisco
Teixeira – surpreendeu-me a sua inclusão de início, na minha
opinião não era o jogo indicado, mas não posso dizer que tenha
jogado mal. Sempre muito solidário, batalhou tal como o resto da
equipa por um resultado melhor. Simplesmente o Santa Clara viu-se a
ganhar desde muito cedo e fechou-se bem dando poucas hipóteses ao
ataque do Belenenses.
Miguel
Cardoso e Cassierra – tal como o jogo decorreu os dois homens mais
adiantados do Belenenses tiveram naturalmente prestações discretas.
Chegava-lhes pouco jogo e o Santa Clara fez-lhes uma marcação
cerrada não lhes permitindo grandes veleidades. Só através de
cruzamentos (ou bolas paradas) era possível criar algum perigo. Foi
aliás num desses lances que Cassierra esteve muito perto do golo.
Taira,
Calila e Bruno Ramires – a entrada deste trio coincidiu com o
segundo golo do Santa Clara. Mas nada tiveram a ver com isso. No
entanto a partir daí o jogo complicou-se definitivamente.
Edgar
Pacheco – pouco tempo em campo.
Resultado
final: - Belenenses 0 – Santa Clara 2
Saudações
azuis
Notas
finais: Em primeiro lugar constatar mais uma vez a facilidade com que
se marcam penalties em Portugal! Se a bola toca na mão de um
jogador, a não ser que o jogador esteja na posição de sentido, é
logo penalty. Alvalade, Paços de Ferreira e ontem no Jamor fizemos
penalties que não prenunciavam jogadas de golo iminente e perdemos
pontos por causa disso. Contabilizo mais de três pontos o que é
muito ponto.
Em
segundo lugar reconhecer que o Santa Clara mereceu ganhar, em
especial pelo que fez na segunda parte, e tem caminho aberto para
ocupar o sexto lugar no fim do campeonato. Aliás é uma das cinco equipas que tem goal average positivo.