quarta-feira, dezembro 28, 2005

Nove meses em revista

É costume, no final de cada ano, fazer um balanço de actividades sobre o que correu bem, o que correu menos bem, que expectativas existem para o futuro. Não foge à regra este ‘espaço’ dedicado ao Belenenses.
Foram mais de cem textos que pretendemos coerentes, que nos identificam melhor do que qualquer assinatura reconhecida em notário! Penso que ninguém ficou com dúvidas. Não quero com isto dizer que não houve erros, houve decerto. Também corrigimos a rota nalguns casos, quando não tínhamos razão, mas de tudo o que ficou escrito é ainda possível reconhecer uma linha de rumo, uma directriz, que imagino firme e sem hesitações.
Mas comecemos pelo princípio:
- Os símbolos – ‘A Camisola Azul com a Cruz de Cristo ao peito’.
Fizemos a profecia: enquanto os que se auto intitulam belenenses, não perceberem ou não assumirem o verdadeiro significado dos símbolos do ‘Clube de Futebol ‘Os Belenenses’, a decadência não pára, e não vamos a lado nenhum. Especiais responsabilidades têm, nesta matéria, os que se propõem dirigir os destinos do Clube.
- O Belenenses é um Clube anti-sistema – ‘O sistema’ (ou regime, como queiram), atirou-nos para o fundo, com culpas próprias. Entretanto fez passar a ideia de que fomos beneficiados durante o Estado Novo, o que é mentira.
Mas nós, não nos temos sabido defender. Subservientes com os outros dois clubes de Lisboa, pouco firmes com o tradicional aliado do Norte, andamos, sem política própria, a fazer figura de anjinhos. Ao sistema que nos repudiou, fazemos fretes na esperança de migalhas! E realmente vamos recebendo migalhas!
É preciso cortar a direito, sem medo. E medo de quê? O que é que nos pode acontecer de pior? Se andamos há trinta anos a descer ou a lutar para não descer!?
- Futebol, futebol, futebol – foi, é e será sempre a nossa razão de existir. Defendemos isto contra a ideia pusilânime e ridícula do ecletismo – doença infantil das sociedades atrasadas. Onde se fazem estádios imponentes, com pistas de atletismo e outras excrescências, mas também onde, curiosamente, não se pratica desporto de base, e as populações vivem com enormes carências.
Para além do mais, e como oportunamente expliquei, o chamado ecletismo nos Clubes de futebol profissional é contraproducente para o desenvolvimento das próprias modalidades. Nos Países civilizados e desenvolvidos, os que ganham medalhas a sério, a educação física inicia-se na escola e prossegue nos clubes-modalidade. Por cá, esta brincadeira do ecletismo serve apenas de elemento de propaganda do Clube de futebol e por consequência, serve também para abichar algum dinheiro do orçamento de Estado. Claro que com o necessário reconhecimento de Instituição de Utilidade Pública, porque se substitui ao Estado nas tarefas em que não se deveria substituir! E não saímos disto!

Mas o que fica dito não chega, se não houver uma adequada intervenção sobre a ‘envolvente’, o tal ‘sistema da treta’. A seu tempo, defini as tarefas patrióticas:
- Escavacar a Federação – é a tarefa de qualquer belenense ou desportista lúcido.
É uma estrutura piramidal, desadequada, retrato de corpo inteiro do tal sistema redutor, feito à imagem e semelhança das extintas democracias populares de Leste, e cuja única preocupação é manter-se. Para isso organiza imensos campeonatos profissionais, sem adeptos, e para que conste!
Justifica-se ainda, para benefício dos Grandes e para delapidar o erário público com inúmeras selecções, dentro da linha de propaganda deste País de eventos!
- Corrigir a Liga – fundamental. Mas para que isso aconteça, torna-se necessário que existam clubes independentes, que possam votar sem constrangimentos, que não temem, porque não devem. Sabemos que o que se passa actualmente é exactamente o contrário. Mas o Belenenses está em boas condições de remar contra a maré, porque ainda tem adeptos (poucos) que são só do Belenenses! Esta situação, se não serve para defrontar os grandes interesses que mandam no futebol português, pode ao menos servir para denunciar as injustiças mais gritantes.
Exemplos: Diminuir o leque de distribuição dos dinheiros da Televisão; proibição de empréstimos de jogadores entre clubes concorrentes; estabelecimento de um tecto razoável para os défices, devidamente fiscalizados, evitando assim maiores desequilíbrios entre os participantes no mesmo campeonato; acabar com o ‘canibalismo’ que, ano após ano, e impunemente, se vai praticando sobre os pequenos clubes (Alverca, Estoril, Vitória de Setúbal...), prejudicando a transparência e a verdade desportiva, situação que parece não incomodar, quer o poder político, quer a comunicação social!
- Requerer a realização da Taça da Liga, que só não existe porque não interessa aos Grandes e atrapalha as selecções do Dr. Madaíl! As receitas dos pequenos não interessam para nada!
- Valorizar o nosso campeonato – é uma síntese do que se pretende que envolve uma nova filosofia de encarar o futebol português, actualmente formatado para ‘emigrar’ para a Europa na busca de sustento e verbas que compensem um campeonato interno inviável, nos moldes em que é disputado.

Enfim, há muito para dizer e fazer mas o texto já vai longo. Na próxima crónica falarei então das expectativas do Belenenses para 2006. Haja esperança.
Saudações azuis.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Presente de Natal

De Coimbra veio o presente que só em segredo pedi ao Pai Natal! O empate já não era mau. Mas a vitória, sem sofrer golos e com um bonito golo do Meyong... foi a consolação e o aconchego que o coração azul precisava, para viver em plenitude esta Quadra e entrar no Novo Ano cheio de esperança.
Segundo rezam as crónicas tivemos espírito de equipa e fomos sempre mais perigosos que a Académica, pelo que se adivinha um reforço moral muito importante para os próximos embates. O Gil Vicente que vem a seguir, será um jogo para ganhar.
Mas deixemos isso por agora e saboreemos este tempo de vitória dando os parabéns aos jogadores e treinador.
Aproveito também esta oportunidade para, em conjunto com o SPM, desejar a todos os Belenenses que sentem e sofrem com o Clube – um Santo Natal e um bom Ano Novo. Desejo extensivo a todos os ‘Blogues’ amigos e aos ilustres visitantes (alguns em locais longínquos) deste espaço dedicado ao Belenenses.
Não termino sem uma saudação especial aos nossos Atletas e a todos os responsáveis que dão o seu entusiasmo e esforço em prol do CLUBE DE FUTEBOL ‘OS BELENENSES’!
Boas Festas para todos.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

O campeonato dos satélites

Ninguém pode levar a sério este campeonato português, que se resume a pouco mais do que três clubes independentes entre si, que não do Estado, obviamente!
O resto, consiste numa legião de subserviências, dependências de toda a ordem, com um único ponto em comum – vassalagem completa aos interesses dos chamados ‘Grandes’.
Em face disto, Valentim, ou o que resta dele, encolhe os ombros, Madaíl diz que não pode fazer nada (nem quer!), enquanto o Governo olha para o lado, com a eterna desculpa do movimento associativo.
Não faltará muito e este jogo de ‘cartas marcadas’ em que se transformou o nosso futebol, cairá no completo descrédito, ou numa alienação nunca vista, mas o resultado final será sempre o mesmo – batota e bancadas vazias!
Ora bem, desenrola-se à nossa frente mais um episódio lamentável desta telenovela: O Vitória de Setúbal, clube histórico, em situação irreconhecível, com o treinador e jogadores em debandada, ameaça subverter mais uma vez a transparência do campeonato! Se, como vier a confirmar-se, os setubalenses alinharem fragilizados e desfigurados no próximo encontro a disputar com o Benfica (tinha que ser!), pergunto, como ficam a verdade desportiva da prova e os interesses de terceiros?!
Será mais um ‘fait-divers’ perfeitamente compreensível, à semelhança do que aconteceu na época transacta, com o Estoril-Benfica, jogado no Algarve?
Vai continuar tudo na mesma?
Entretanto a comunicação social faz a sua campanha de branqueamento do assunto. Coitadinhos dos jogadores, ou Chumbita Nunes é que é o culpado, em lugar de porem o dedo na ferida: o nosso campeonato é uma fraude, com a maior parte dos Clubes a viverem acima das suas possibilidades, e, surpresa das surpresas, o melhor exemplo desta situação encontramo-la nos TRÊS CLUBES GRANDES, com défices obscenos, em falência técnica, que só não acontece porque o Estado não deixa!
O que está a preocupar muito os responsáveis do sistema, é o facto de Maciel não ter jogado contra o Porto. A questão de fundo, o empréstimo de jogadores entre Clubes que disputam o mesmo campeonato, não incomoda os jornalistas do regime. Isso é de somenos importância! A rede de dependências que esse facto gera, não interessa a esses escribas que todos os dias poluem as páginas dos jornais. Jornais que só existem para o seguinte efeito: favorecer os Grandes e as suas negociatas.
Para essa cambada de incompetentes e pobres diabos que enxameiam os ‘corredores’ (e bastidores) do nosso futebol, ainda assim, envio-lhes de graça uma ‘dica’: antes de encurtarem a Liga, talvez tivesse sido bom para a qualidade e transparência do nosso futebol, proibir o empréstimo de jogadores entre clubes que disputam os mesmos pontos.
Termino, sugerindo um inquérito a eventuais actos de assédio aos jogadores do Setúbal e ao próprio Vitória, por parte de potenciais ‘interessados’!
Por muito menos, foi instaurado pela Federação Inglesa, um inquérito à esperteza saloia de Mourinho, a propósito de um ‘encontro’ com um defesa de uma equipa concorrente. Asheley Cole, lembram-se?
Saudações azuis.

domingo, dezembro 18, 2005

Crónica de Domingo

(Belenenses 2-Paços de Ferreira 0) – Ganhámos, não sofremos golos, esta a questão fundamental. No resto – entrámos mal, não conseguimos manter a posse de bola, o que é sempre mau, (já que diminuem as nossas possibilidades de fazer golo e em contrapartida aumentam as do adversário), reequilibrámos as coisas com um bom golo de cabeça do Rolando, e assim fomos para intervalo. Fez-nos bem o descanso e a situação de vantagem no marcador – abrimos o corredor direito (há muitos jogos que não funcionava) tornámo-nos perigosos e, como consequência veio o segundo golo, em resultado de uma bonita jogada, iniciada e concluída pelo inevitável Meyong! Houve assobios nas substituições e Couceiro, na conferência de Imprensa, mostrou-se mais uma vez agastado com a falta de apoio dos sócios.
Não vamos comentar esta situação, acrescentando apenas que o treinador está a acertar com a equipa.
Em Coimbra, no entanto, e face a um conjunto bem orientado, vamos ter que entrar no jogo de outra maneira, sem complexos, e com mais futebol.

Os outros jogos – faltando jogar ainda uma partida (Boavista-Guimarães), não se pode dizer que os resultados nos outros campos, nos tenham sido desfavoráveis. Infelizmente, já andamos a fazer contas destas nesta altura do campeonato. É a nossa triste realidade, não há nada a fazer, excepto ter esperança em melhores dias.
Destaco desta jornada incompleta, o seguinte: a boa prestação da Académica, a jogar de igual para igual, em Braga; o bom remate de Fajardo, (um Belém, filho de Belém), contra o Sporting; a evolução positiva de Quaresma, mais adulto, a jogar para a equipa; a inconcebível actuação da equipa de arbitragem no jogo Benfica-Nacional, a prejudicar sistematicamente os insulares, um conjunto personalizado que não merecia sair derrotado da Luz! Acrescente-se a isto e a propósito, a miserável crónica do jornal ‘A Bola’, aliás, na linha do que já nos habituou. Para não falar da Sport TV, e a parcialidade do costume.
Não vale a pena andarem os nossos ‘governantes’ em Conferências de Desporto e candidaturas ruinosas a eventos que mais ninguém tem tempo nem dinheiro para realizar, enquanto os resultados do futebol continuarem a ser cozinhados desta maneira! Ando a repetir-me – em Portugal a fraude e a esperteza saloia compensam. E isto é tanto assim quanto sabemos que aquela ‘bendita’ Assembleia da República é incapaz de fiscalizar seja o que for, quando se trata dos ‘três meninos’ (‘três porquinhos’, que é mais carinhoso) porque na realidade aqueles deputados são todos adeptos dos três...grandes (evitei aqui outro vocábulo, por ser época natalícia). Esta é que é a verdade, o resto são cantigas.
Vou terminar com um comentário positivo, para não dizerem que eu critico tudo e todos – o nosso consócio Homero Serpa escreve hoje uma crónica no ‘tal jornal’, sobre o Belenenses, com o título: ‘O caso Belenense’. Saúde-se o aparecimento do cronista a referir-se explicitamente ao nosso (e dele) Clube, deixando para trás, espero, aqueles escritos cifrados e inócuos, que poucos percebiam, e ainda menos, que se estava a referir ao Clube de Futebol ‘Os Belenenses’. Ficou uma leve tentação de um palpite sobre o conteúdo do mesmo...talvez para a próxima.
Saudações azuis.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

‘Erros meus, má fortuna, amor ardente...’

O Silas é o novo Petrolina, com uma diferença, ainda é mais caro. Ao que parece o ordenado do Silas, pago a tempo e horas, todos os meses, chegava para pagar à ‘melhor defesa da Europa’.
Segundo a rádio “Azul”, que ouvi à saída de Setúbal, os jogadores que constituem a tal defesa, recebem, ou melhor receberiam se lhes pagassem, um total de 35 mil euros... se calhar ainda sobrava!
Em épocas consecutivas investimos em “estrelas” cuja relação rendimento/custo é tão baixa, que ainda lhes temos que pagar para se irem embora!
Estão a pagar, ao que parece, a dois treinadores, cuja ambição nunca se notou, nem nota, pelo menos não se transmite aos jogadores – nem sequer aproveitam a garra natural e o querer que alguns têm. São poucos é verdade, devem ter vindo por engano, mas existem e estão lá, se calhar, para perderem essas qualidades que já demonstraram noutros clubes.
Posto isto, vamos falar de ecletismo?
Para quê?
Se não se consegue rentabilizar um orçamento que é dos melhores do campeonato (estou a falar dos clubes normais, os outros três têm 5 a 10 vezes mais) para quê equacionar a extinção das modalidades? Nem vale a pena falar nisso, e eu até sou contra o ecletismo.
Sou contra o ecletismo na forma como ele me é apresentado, isto é importante esclarecer. Na realidade estou-me borrifando se o Belenenses tem 5 ou 50 modalidades “extra”.
O que sou contra, é que me digam que o Clube é grande porque tem vinte e tal modalidades.
Sou também contra, ter essas modalidades, muitas de pavilhão, e não ter um recinto com condições e não merecendo isso, qualquer preocupação (pelo menos aparente).
E sou contra uma série de ideias que estão ligadas ao ecletismo, que estão erradas, pois acho que o ecletismo só tem servido para esconder ou disfarçar uma grande falta de competência e ambição. Não são certamente os euros que são gastos nas modalidades “extras” que vão alterar grande coisa, por muitos que eles sejam. Basta fazer umas contas de cabeça: o nosso orçamento está ao nível dos candidatos à UEFA, o orçamento dos candidatos ao título é como já disse muito superior, no entanto, existem clubes que vão disputando o campeonato com qualidade e dão alguma luta (e não estou a falar só do Setúbal, que nem sequer tem orçamento), enquanto nós iremos certamente lutar para não descer, e esse objectivo começa a ser tão difícil como alguém do grupo dos uefeiros ser campeão!
Este desabafo estava reprimido há algum tempo, entendam-me.
Saudações azuis.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Estaca zero

Só me decidi a cumprir esta tarefa, escrever sobre o jogo, depois de ver na televisão o golo do Vitória de Setúbal, e mais uma vez comprovar duas coisas: em cada três cantos seguidos é muito provável que o Belenenses sofra um golo; e que Marco Aurélio não sai do lance isento de culpas.
E vão 7 pontos à conta do ‘imperador’! É caso para dizer, imagine-se se o homem era um simples súbdito...
Na cabeceira do Bonfim, onde estava, não dá para ver nada do que se passa na outra área, (é mais um daqueles estádios construídos na perspectiva das medalhas de ouro olímpicas!), mas confirmei, que ao fim do terceiro canto consecutivo, ainda houve tempo para Auri surgir solto na grande área belenense, e cabecear para o golo!
No resto, voltámos ao mesmo: contenção, espartilho, enorme falta de confiança para arrancar em direcção à baliza ou à linha de fundo (Amaral precisa de um psicólogo, com urgência – ou então sou eu que vou precisar!), Januário com a tarefa prioritária (!) de marcar o defesa esquerdo do Vitória (pensava que devia ser ao contrário!?) e nestas condições o lado direito do ataque (!) azul não funcionou.
Toda a gente a falhar passes, Vitória incluído, uma primeira parte em ritmo de treino! Para quem viu a velocidade, a energia e a confiança, da equipa ‘holandesa’ do Benfica, estávamos ali na presença de ‘múmias’.
Ao intervalo pedia-se um pontinho, por favor, porque isto é tudo gente muito pobrezinha!
Segunda parte, entrámos pior, é costume, e lá sofremos o tal golo.
A partir daí, também o costume – em vez de devagarinho, metemos a mudança para ‘devagar’ e fingimos que íamos atacar. Já se sabe que é impossível, sem qualidade de passe, sem cruzamentos venenosos, sem ganhar segundas bolas. Ao invés, cérebros parados, infantilidades várias, e diga-se, alguns jogadores que, pese a melhor das boas vontades, não têm nível para a 1ª Liga.
Estamos outra vez na estaca zero e vai ser muito difícil dar a volta ao assunto, até porque a equipa está sem confiança nenhuma.
Não vale a pena acrescentar mais nada. A não ser o frio, muito frio.
Saudações azuis.

domingo, dezembro 11, 2005

Expectativas

Não é uma antevisão do próximo jogo com o Vitória de Setúbal, mas uma simples análise sobre o que se está a passar à nossa volta.
Menos meia centena de golos do que no mesmo período da época passada, falam por si, e explicam a luta cerrada para não descer, num ano em que descem quatro equipas. Em paralelo, os clubes tomam posição para partirem para os saldos de Dezembro, na ânsia de se reforçarem para a ‘guerra’, que se adivinha de vida ou de morte, na segunda volta.
Fomos contra a redução desde sempre, e explicámos porquê. Não vai resolver nenhum dos problemas do futebol português que está, como se sabe, formatado para servir os interesses dos três grandes, com prejuízo dos restantes e do próprio futebol, seja sob o aspecto desportivo, seja sob o aspecto da rentabilidade da Liga. É um problema que só se resolverá com medidas de fundo que não interessa aqui e agora, focar. O que é preciso é que os ‘nossos meninos’ consigam ir lá fora ganhar o dinheirinho, porque cá dentro, a gente ‘fia’!
Olhemos antes para a realidade que está à nossa frente, que é neste momento o que importa.
E desde logo uma primeira nota – apesar de nada ter feito para isso, antes pelo contrário, seja pelo lado Madaíl, seja pelo lado Valentim, a verdade é que o nosso futebol está muito mais equilibrado e, ao contrário do que vinham afirmando os ‘idiotas de serviço’, subiu de nível.
O segredo reside no mal dos outros, neste caso o Brasil. A enorme crise brasileira é responsável pela vinda de catadupas de jogadores desse País, ‘abençoado por Deus’, e que é, indiscutivelmente, a maior e melhor fábrica de jogadores de futebol do mundo!
Quem viu o derby madeirense, ou assistiu ao Leiria-Porto, para não falar outra vez no Benfica-Manchester, terá facilmente concluído que o futebol português pode, hoje, bater-se com qualquer um, graças a este contingente, que alimenta aliás outros países e outros campeonatos, desde a Europa ao Japão!
Digamos, para quem se lembra, que é uma versão do que se passava nos anos cinquenta e sessenta com os africanos provenientes do então Ultramar. Claro que o Brasil tem, neste aspecto, um potencial incomparável!
É nestas condições, portanto, que teremos de equacionar o futuro próximo do futebol português, (até por aqui se vê o erro da redução), e já agora, o futuro próximo do nosso Clube.
‘Daqui prá frente, tudo vai ser diferente...’
Saudações azuis.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Tragédia na 2ª Circular

O telefone tocou, do outro lado do fio, uma voz grave com a pergunta-resposta – Já sabes? – Ganharam, estamos lichados.
Já sei, vi aos bocados e ouvi os gritos, os guinchos, quero eu dizer. Amanhã não compres jornais, ficas com as mãos cheias de tinta encarnada. Temos de convir que eles jogaram bem, mereceram qualificar-se, mas que diabo... aquilo é que é o Manchester?! Já não se pode confiar em ninguém?!
- Sabes, ouvi dizer que o Toni tinha oferecido ao Sir Alex, antes do jogo, uma garrafa de ‘vintage’... Viste bem a cara do homem, o ar ausente? O Queiroz já se sabe, não anda nem desanda – é daqueles treinadores que não há adversário que não simpatize com ele! E depois, com o Ronaldo a jogar de brinco e sapato alto, armado em vedeta... estava tudo feito para os lampiões!
Olha, agora vamos ter que os gramar na mó de cima uma data de anos. Nem sei se aguento.
E aquelas dívidas, do Mantorras, ao Vale e Azevedo, as compras de passes penhorados, etc., isso agora vai tudo à vida. A esponja já está a trabalhar de certeza.
Viste os figurões da política no camarote, todos contentes?
O Belém vai ter que sobreviver neste filme - tenho a impressão que caímos outra vez no pátio das cantigas!
Vou desligar...isto foi uma tragédia.
Nunca te esqueças da velha máxima – ‘quando o Benfica avança, o País recua’.
Saudações azuis... e coragem.

terça-feira, dezembro 06, 2005

A mística

Nunca os vi assim! A seguir ao golo, com entusiasmo e raiva, a gritar, Belém, Belém, em apoio daqueles jogadores, que corriam e lutavam pela vitória, há tanto tempo esperada, e que estava ali, por milagre, a poucos minutos de se concretizar. Foi bonito! Como imagino, terá sido bonito o gesto de reconciliação com a massa associativa, que aquela faixa traduzia – ‘Belenenses até morrer’!
Éramos poucos, mas todos sentimos, na expressão do olhar, nos abraços espontâneos trocados no fim do jogo, que ainda era cedo para encerrar a história deste Clube sofrido, maltratado, quantas vezes pelos próprios, mas que ainda tem tempo para se salvar, para regressar à sua anterior grandeza.
Não é uma questão de quantidade, nunca é. É sempre uma questão de qualidade. Não serão precisas bandeiras, cachecóis, fumos e outros artefactos. Muito menos gritarias imitativas e inócuas de ‘speakers’ de serviço. Quem é belenense por dentro, dispensa esse folclore. Isso é para os outros, os tais grandes, que se estivessem tanto tempo como nós, sem ganhar nada, já tinham acabado. Esses é que têm adeptos que já foram de outros clubes, muitos cujos pais eram do Belenenses, esses é que precisam de afirmar por fora, as dúvidas que têm por dentro! Nós não. Nós somos um clube diferente.
Nós temos esta Cruz que a intolerância não admite.
Em altos gritos, os poucos sócios presentes, gritavam Belém, Belém, mas não, porque fossem de Belém, mas porque é esse o nosso grito de guerra, que é Azul com a Cruz de Cristo. Que não é encarnado nem verde, nem águia francesa, nem leão inglês. É isso que lhes dói. Que o nosso símbolo seja português e bem português.
Quando interiorizarmos isso de novo, voltaremos a discutir o 1º lugar...contra ventos e marés.
Saudações azuis.

domingo, dezembro 04, 2005

Nos últimos minutos

Um inexplicável atraso, e aí vou eu, a trote, ultrapasso o pavilhão, sigo por debaixo da ‘urna’, olho de soslaio para o topo sul, e está zero a zero! Ainda não é tarde.
Galgo os últimos degraus e num ápice estou junto dos meus companheiros. Nem tive tempo de respirar e saiu o primeiro remoque: O Couceiro está farto de procurar por ti! Não quis ouvir mais nada, vou por ali abaixo, aproveito uma substituição do Nacional, misturo-me na área, e no meio da confusão atiro a bola para a baliza. O golo foi atribuído ao Meyong, mas eu ainda lhe toquei!
A seguir fomos jantar e então foi altura de me inteirar dos acontecimentos. Esta crónica é portanto deles. Eu só entrei no último quarto de hora.
Digam-me uma coisa, porque é que os sócios estavam frenéticos?
A seguir ao golo nunca vi tanto apoio, ‘Belém, Belém’, o que é que aconteceu?
Eles entraram com uma faixa, a dizer que eram belenenses. Depois já sabes como é – o Paulo Costa com uma tremenda dualidade de critérios... Mas merecemos a vitória. O Couceiro está a dar a volta a isto. Recuperou o Rolando, aliás os centrais jogaram impecavelmente. Na primeira parte tivemos momentos bons. Claro que houve alturas em que nos desorientámos, mas o Nacional só teve duas oportunidades. Fundamental parar de sofrer golos e isso, o Couceiro está a conseguir. Os dois últimos golos que sofremos, contra o Boavista e Marítimo, foram ‘ofertas’ do Marco Aurélio!
E mais? – insisti eu.
A equipa está muito mais coesa, o Amorim também esteve bem – levou palmas quando foi substituído. E deixa-me dizer-te, o Silas fez a melhor exibição desde que cá está! Correu que se fartou. A juntar à classe do Meyong, está tudo dito. As substituições foram muito bem feitas... e tinhas razão, o Januário está ‘verde’.
Ouve, o Pinheiro está mais rápido e entrou outra vez bem no jogo, à semelhança do que já tinha acontecido na Luz! Idem para o Romeu. O Rui Ferreira vai a todas, como nós gostamos de ver e tens ai o retrato do jogo, que não viste.
Para a próxima chega mais cedo, para marcarmos mais cedo!
Para a próxima vou a Setúbal, para ganhar.
Saudações azuis.

quarta-feira, novembro 30, 2005

Notícias boas e más

(Assembleia Geral)

Não fui. Do que li, parece poder concluir-se o seguinte:
Foi mais concorrida que o costume, embora realizada fora de portas. O Bingo começa a baixar. As ‘amadoras’ e o tal ecletismo, continuam a consumir recursos, a distrair-nos do essencial, funcionando quase sempre como sistema de compensação de frustrados e frustrações. O futebol a sério, continua adiado!
Isto é uma síntese. Ver desenvolvimentos noutros textos já publicados e a publicar (talvez sobre o ‘ecletismo’).


(Silas)

Volto ao assunto: Silas é um jogador caro. Um dos comentadores desta ‘casa’, lançou há pouco tempo a seguinte farpa – com a mensalidade de Silas, contratávamos dois dos melhores jogadores a actuar no Brasileirão! Estou convencido que as suas informações são credíveis. Se assim é, Silas tem que provar em campo que merece o esforço que fazemos, senão...


(Sport TV)

Tenho a Sport TV, maneira cómoda de ver os jogos ‘fora’ do Belenenses (já lá vai o tempo em que saía do sofá, para enfrentar o frio, a chuva e a derrota), mas desligo o som, por razões higiénicas. Acontece, que por razões terapêuticas, me vejo forçado a ouvir os comentadores residentes e convidados. Com honrosas excepções, aquilo oscila entre o recreio infantil e uma claque de futebol! Gritam golo a plenos pulmões quando o Benfica ou o Sporting marcam, assinalam penalties a favor dos mesmos, ignoram ou ficam silenciosos quando o lance pode prejudicá-los, e lá se decidem a rectificar qualquer coisa perante a evidência das imagens.
A televisão é, hoje em dia, o ganha-pão dos clubes, recebem adiantamentos sobre transmissões a efectuar, estão na mão da ‘Olivedesportos’, mas tudo tem limites. A Direcção do Belenenses podia e devia protestar contra a fórmula adoptada pelos comentadores – ‘a análise dos lances na perspectiva dos interesses dos grandes’. É que se tem que ser assim, devemos cobrar mais pelas transmissões. À conta do ‘insulto’.

(Boas notícias)

Não há!

segunda-feira, novembro 28, 2005

Jogo repetido

Ontem, domingo, pelas 21 horas e 15 minutos, a Sport TV resolveu transmitir um dos muitos jogos que o Belenenses tem realizado no Estádio da Luz nestas ultimas épocas.
A qualidade da imagem era boa, os jogadores estavam muito parecidos com o que são, e o jogo trouxe apenas duas novidades: esta equipa do Benfica apresentou-se bastante modesta, sendo que a outra diferença residiu no resultado, que normalmente seria 1-0 a favor do Benfica (golo de penalty) e desta vez foi um empate a zero!
No resto, as melodias de sempre, que me levaram a pensar se não estaria a sintonizar o canal ‘História’.
Quando vi a equipa toda cá atrás, recuada, a perder a bola logo que a recuperava, o Benfica de novo a carregar, aquele avançado sozinho lá à frente, e quando não estava sozinho, estava mal acompanhado – juro que até me comovi e tive saudades desses tempos, em que sofria à brava e acabávamos sempre por perder. Bem, desta vez não perdemos! Tenho que perguntar à Sport TV que cassete é aquela, e de que época era aquela equipa do Belenenses, porque eu já estou a ficar desmemoriado.
Vai para a colecção. O resultado não foi mau!

sexta-feira, novembro 25, 2005

Anonimato e assuntos importantes

Lavra grande agitação nos blogues afectos ao Belenenses, não pelas exibições da equipa de futebol, mas por causa da utilização dos denominados ‘nick names’. Há, inclusivamente, quem veja nisso atitude menos corajosa por parte dos utentes!
Antes de fazer qualquer comentário sobre o assunto, socorri-me de um texto que escrevi há já algum tempo e que passo a publicar – ‘A questão do anonimato’:
‘Recém iniciado na blogosfera, subscritor de dois ‘Blogs’, um de natureza política, a título individual, e outro em parceria, ligado ao Belenenses, logo me pareceu que o uso de pseudónimo era elementar regra de bom senso que nos defendia a privacidade contra o mundo desconhecido que contactávamos.
Por outro lado, neste universo virtual, a verdadeira identificação faz-se pela coerência das ideias e nunca me passaria pela cabeça sustentar aqui posições diferentes das que afirmo à luz do dia.
No entanto, o círculo Belenense, não o posso eu ver como mundo desconhecido e tenho verificado que muitos dos inter nautas que nos visitam e contactam não são anónimos, o que pode desequilibrar o relacionamento.
Por último, algumas das minhas intervenções podem envolver crítica à Direcção eleita e nestas circunstâncias o anonimato poderia parecer cobardia, o que não quero que se pense.
Assim, pesados os prós e os contras, decidi que os interessados poderão sempre saber quem sou através de e-mail, desde que devidamente justificado’.
E isto tem acontecido. Já enviei e recebi e-mails de vários dos meus interlocutores, sem qualquer dificuldade ou problema.
É por isso que não compreendo o incómodo e a recente cruzada contra o uso de siglas! Estou até convencido, sem qualquer vaidade, que se passasse a assinar os textos que escrevo com o meu nome próprio, quem me costuma visitar continuaria a identificar-me por JSM.
Agora, o que tenho reparado, é que nas caixas de comentários, o teor dos mesmos deixa, ás vezes, muito a desejar em termos de educação. Quer assinem com nick name, quer assinem com o nome próprio! E os assuntos importantes passam naturalmente para segundo plano!
Não termino, sem deixar uma pequena nota sobre o último texto assinado por CPA, no ‘Belenenses Sempre’. Sirvo-me para o efeito deste meu espaço, porque entretanto já foram ali publicados outros textos.
O meu comentário é o seguinte: é como sempre um texto lúcido e coerente com as posições que tem vindo a assumir.
Apenas dois reparos: Nesta altura do campeonato, parece-me excessivamente contundente em relação à Direcção (estou à vontade para o dizer porque, como desde o princípio se tornou notório, votei na lista concorrente). E em segundo lugar utiliza erradamente a expressão ‘monarquia’, levando ao engano e confusão outros consócios, e desvirtuando com isso o alcance das suas propostas. Explico:
Os clubes devem reger-se pelos seus Estatutos. Se isso não acontece, há que corrigir o erro ou alterar os Estatutos.
O que o amigo CPA quereria dizer, suponho, é que o Belenenses vem sendo dirigido por uma oligarquia, que tomou conta do Clube há uma série de anos e que, com o beneplácito dos sócios que vão votando, por lá continua, com o poder a transmitir-se por acordo entre eles. Não tem nada a ver com monarquia. Aqui o poder transmite-se por via sanguínea, de pais para filhos. A comprovar a infelicidade da comparação, registe-se que é no Boavista que tem funcionado uma fórmula encapotada de monarquia, aliás com óptimos resultados (para eles).
Estão feitos os reparos.

terça-feira, novembro 22, 2005

Crónico

Ainda bem que não pedi dispensa do trabalho. Vi hoje na televisão com calma, sem enervamentos, mesmo assim a vesícula deu sinal!
Não vou fazer crónica nenhuma sobre o jogo. Aliás rectifico: do ‘não jogo’ da primeira meia hora, da ‘tentativa de jogo’ no tempo restante. Os últimos minutos merecem uma referência especial – incapacidade para o jogo!
Depois disto há que olhar para a frente. Couceiro tem, no entanto, uma margem de manobra muito estreita.
Antigamente o Belenenses antecipava-se aos outros, tinha gente que percebia de futebol. Agora parece que não. Está à vista de todos, que não vale a pena andarmos a descobrir jogadores jeitosos na II Divisão ou mesmo aproveitar jogadores das equipas que descem. Ponho mesmo em causa a utilidade da tradicional ‘cantera’ de jovens jogadores. Hoje, uma boa equipa constrói-se rápidamente, ou com muito dinheiro (caso do Chelsea), ou com bons jogadores brasileiros (casos do Marítimo e do Nacional). Não estou a falar de cracks, estou a referir-me à imensidade de jogadores que jogam no Brasileirão. Um bom treinador, de preferência brasileiro (como tenho vindo a referir), faz o resto.
O que é que o Belenenses resolveu fazer este ano? Foi comprar uma série de jogadores jeitosos, mas que tirando Silas e Meyong, são claramente inferiores, em termos técnicos, aos tais bons jogadores brasileiros. E não só em termos técnicos, em termos tácticos e de ciência de jogo, em suma, ao nível da maturidade.
Veja-se o caso de Rolando, Ruben Amorim ou Paulo Sérgio – são jovens promissores, mas verdes. Num ano em que descem quatro equipas, não nos podemos dar ao luxo de formar jogadores no decurso da época.
Os outros clubes também não o fazem. Porque é que andamos armados em patetas?! Outro exemplo, acham que o Fábio Januário tem maturidade para filtrar todo o nosso jogo atacante? Claro que não. É um jovem jogador, que pode evoluir, que pode entrar durante os jogos, mas não lhe peçam mais.
Nos primeiros jogos, com Silas e Meyong ao seu melhor nível, disfarçámos a situação. Agora é impossível esconder que precisamos de reforços.
Este campeonato vai ser disputadíssimo, já não há grandes diferenças entre as equipas, por isso não podemos falhar.
Três ultimas notas: defesa esquerdo, centro campista e guarda-redes.
Quanto ao defesa esquerdo, e enquanto não tivermos outro, ponham lá o Sousa. No que respeita ao meio campo, não sei. Relativamente ao guarda-redes, não quero ter razão, mas é urgente dar mais oportunidades ao Pedro Alves.
Saudações azuis.

sábado, novembro 19, 2005

Um Clube simpático

Os outros conhecem-nos melhor do que nós! Quando confrontados com a respectiva filiação clubista, muitos adeptos dos outros clubes grandes, repetem invariavelmente: – ‘o Belenenses é um clube simpático, é o meu segundo clube’!
O que pensarão disto os sócios e simpatizantes do Belenenses?! Que razão, ou razões, se escondem por trás desta preferência?






Deixo algumas pistas:


Atenção:Para seleccionar duas respostas pressione a tecla Ctrl

Free polls from Pollhost.com



Para responder, sugiro o método de escolha múltipla: os interessados deverão assinalar duas hipóteses, que entendam ser as mais plausíveis, para solucionar a questão colocada.
Veremos o que acontece.

terça-feira, novembro 15, 2005

Notícias do Sindicato

‘Joaquim Evangelista, 38 anos, presidente do Sindicato dos jogadores profissionais de futebol, traçou um retrato sombrio do futebol português...’. É assim que começa uma longa entrevista, conduzida por José Manuel Delgado, e que o jornal ‘A Bola’ publicou no dia 14/11/05.
O entrevistador, benfiquista confesso, pôs-me logo de pé atrás, em relação às perguntas. Quanto às respostas, não tendo eu ideia formada sobre Evangelista, limitei-me a fazer o seguinte juízo – será, que à semelhança do anterior presidente, anda à procura de emprego nalgum clube grande?!
Depois de afastar dúvidas, próprias de uma mente retorcida e doentia, dispus-me a ler a entrevista.
Evangelista não sai mal deste filme de terror em que se transformou (nunca deixou de ser) o futebol português. Com clareza lá vai explicando que o problema se centra na falta de qualidade e coragem dos dirigentes, na promiscuidade (que continua) entre a política e o futebol, na incongruência do ‘edifício Madaíl’, que produz a módica quantia de 1700 futebolistas profissionais, com uma nota informativa interessante: para os tais dirigentes, os salários só se consideram em atraso, quando ultrapassam o prazo de rescisão automática, que como se sabe, é de dois meses!
Bem, o diagnóstico é conhecido e está feito. O problema é que ninguém quer mudar absolutamente nada. A começar pelo Secretário de Estado que vai protelando a necessária intervenção, com medo de perder votos, pois claro! E estamos a falar de um Governo suportado por uma maioria absoluta no Parlamento!!!
Evangelista deu, inclusivamente, o exemplo da Espanha, cujo Governo, na altura própria, não teve dúvidas em intervir, contribuindo assim para o desenvolvimento do futebol profissional no país vizinho, como está à vista de todos!
Portanto, tenho que considerar que o presidente do Sindicato disse coisas importantes, mas se me permitem a imodéstia, faltou-me ali qualquer coisa. E por outro lado disse qualquer coisa a mais.
Por exemplo: continua a achar que a Liga deveria ser reduzida para 12 clubes (na linha aliás do pensamento de Delgado, já várias vezes expresso pelo próprio).
Penso que é um disparate porque não vai ao cerne da questão. Apoiou-se no estudo da ‘Deloitte’, que também já critiquei, e que assenta, como se sabe, em critérios teóricos, meramente economicistas, que não provaram em lado nenhum!
O campeonato escocês, por exemplo, baixou imenso de nível, sendo que os campeões continuam a ser os mesmos – Glasgow Rangers e Celtic. Por outro lado, quaisquer alterações no campeonato que não tenham o suporte de uma prévia regionalização (com criação de regiões autónomas no Continente, se necessário), não vai ter qualquer eficácia. A Espanha, criou primeiro as Regiões e depois, naturalmente, os clubes regionais foram aparecendo, e tornaram-se fortes. Não se fizeram reduções porque seriam contraproducentes.
A atestar o que acabo de afirmar (e venho afirmando, desde há longa data), sirvam de exemplo o Desportivo da Corunha e o Celta de Vigo, que antes da criação das Regiões Autónomas, não tinham grandes possibilidades de singrar na 1ª Liga espanhola, e que hoje em dia são grandes clubes em Espanha e na Europa.
Olhemos também o caso da Madeira, que nunca teve quaisquer hipóteses de manter um clube na primeira divisão, e agora, tem dois clubes na 1ª Liga! Já sei que estão a pensar nos dinheiros e apoios que vão para as ilhas, mas isso é uma falsa questão, como se demonstra no caso da Espanha. Tem a ver com o desenvolvimento das Regiões, inquestionável, outrora subdesenvolvidas, de onde as populações fugiam e emigravam e que hoje, graças ao Estatuto da Autonomia, permitem uma razoável qualidade de vida aos seus habitantes. A Galiza, em Espanha, e a Madeira, em Portugal, são bons exemplos!
A Madeira pode também ilustrar o enorme risco que correríamos se seguíssemos os critérios e a linha economicista da ‘Deloitte’. A tal Liga com 12 clubes, poderia vir a ter dois ou três clubes da Madeira! Eu explico: os clubes da Madeira têm-se classificado, época após época, muito acima dos lugares de descida, não se prevendo que a dita redução os venha a afectar. A selecção far-se-ia, decerto, entre os clubes do Continente, acantonados à volta de Lisboa e Porto, a sofrerem uma concorrência de proximidade cada vez mais forte. O Benfica, o Sporting e o Porto tornar-se-iam cada vez maiores (é o que vem sucedendo), sem qualquer benefício para os chamados clubes ‘médios’. Dá que pensar!
Mas existe ainda outro ponto, que não foi abordado na entrevista, e que me parece muito importante: tem a ver com a mentalidade e a perspectiva com que se organizam as provas em Portugal.
Referindo-me ao futebol profissional, tudo vem sendo estruturado, no sentido dos clubes grandes serem candidatos à conquista de títulos Europeus, em lugar de se valorizar o nosso campeonato! Em Espanha e em Inglaterra, para dar dois exemplos de campeonatos competitivos e rentáveis, a prova mais importante é a respectiva Liga. Por acréscimo e só por acréscimo, vêm as competições europeias. Este é um problema mental, de raiz terceiro-mundista, que também dá que pensar! E que revela a razão de muitas das moléstias do nosso futebol, que me atrevo a resumir no seguinte desabafo – vivemos todos de tanga, para sustentar três fidalgotes que se habituaram a viver bem na Europa! Muitas parecenças com as desigualdades de tratamento (de ordenado) entre a malta que cá tem que viver e trabalhar e os nossos eurocratas que folgam em Bruxelas!
Estas, algumas das lacunas de Evangelista, que no entanto, não ensombram a importância da entrevista.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Há só um Belenenses

Esta história de ter um espaço aberto, gratuito, em prol do Belenenses, não é tarefa fácil. Os clubes, como qualquer associação humana, nascem, desenvolvem-se com o tempo, chegam à idade adulta, e para não morrer, devem ser capazes de transmitir a sua cultura aos vindouros.
As sociedades, neste caso, as associações com finalidade específica, que começam a ter problemas de memória, dúvidas sobre os seus objectivos fundacionais, sobre o significado dos seus símbolos, entram rápidamente em decadência e desaparecem (ou então mudam de ramo).
Tenho vindo a alertar os adeptos, que têm pachorra para ler o que aqui escrevo, que o Belenenses, é, neste aspecto, um clube de risco.
De risco, porque sofreu (desnecessariamente) com as incidências do processo histórico em Portugal, (passagem da II para a III Republica), criando confusão e dissidências várias no seio da massa associativa. Descemos pela primeira vez de divisão.
A decadência, que já vinha de trás, acentuou-se logicamente, e hoje aqui estamos, desconfiados uns com os outros, desorientados sobre o rumo a seguir, discutindo símbolos, se somos um clube de futebol ou um clube eclético, ou outras querelas semelhantes.
São os sinais da doença. Se será mortal ou não, depende de nós.
Este espaço de diálogo foi criado com o objectivo de tentar estabelecer a diferença entre o essencial e o acessório, de encontrar uma plataforma mínima de consenso, de forma a permitir reconstruir o Belenenses, colocando-o num lugar que não desmerecesse do sonho dos seus Fundadores.
Infelizmente nem sempre temos tido o engenho e arte para fazer passar a nossa mensagem. Continuo entretanto convencido que o problema é do mensageiro, não da mensagem.
Antes de terminar este ponto da situação, que achei necessário efectuar nesta altura do ‘campeonato’, volto a esclarecer que o Belém Integral se destina a unir e reafirmar o que encimei como título – há só um Belenenses.
Por esse motivo não nos move o intuito de atacar seja quem for, muito menos a Direcção, que foi legitimamente eleita. Teremos também o cuidado de ‘analisar’ as questões técnicas do futebol, unicamente à luz saudável dos ‘técnicos de bancada’, nada mais. O que vale também por dizer que os jogadores do Belenenses, enquanto estiverem no Belenenses, são sempre os melhores jogadores do mundo.
Saudações azuis integrais.

domingo, novembro 06, 2005

Os nervos em franja

Gritei, barafustei, apanhei frio que me fartei, vim para casa desolado. Chá quente e uma torrada e aqui estou eu a desabafar:
- Estivemos melhor do que o costume. Posso até dizer que há muito tempo que não éramos capazes de assumir o jogo, mas desta vez, durante a primeira parte, empurrámos o Boavista para o seu meio campo e limitámos as suas iniciativas!
Com a defesa bastante mais adiantada no terreno, obrigando Marco Aurélio a sair dos postes como lhe compete, com os espaços encurtados e alguma circulação de bola, faltou apenas um bocadinho mais de acutilância, eu diria, engenho e arte para marcar um golo.
De qualquer modo, penso que há mérito de Couceiro
Para a segunda parte, Carlos Brito mudou qualquer coisa na sua equipa, e o Boavista (e João Pinto) assumiu o controle do jogo. Recuámos, começámos a falhar passes, mais nervosismo, um cabeceamento à vontade e Pinheiro salva sobre o risco. Antes, Fábio Januário, numa descida perigosa já tinha tido um bom ensejo para abrir o activo. Ficámos assim empatados em lances de golo eminente.
A toada do jogo arrefeceu, estabilizámos, e Silas pelo lado esquerdo começou a criar perigo, tirando partido da fogosidade de Fábio Januário. Mais uma bola metida na área, Paulo Sérgio roda bem e atira para a baliza obrigando Areias a fazer penalty e a ser expulso.
Meyong marca irrepreensivelmente – foi golo do Belenenses, coisa rara nos últimos tempos.
Não soubemos aproveitar a vantagem numérica. Meyong, em lance irreflectido, envolve-se com Cadu (manhoso que se farta), e Bruno Paixão expulsa o nosso jogador. Prejuízo para este jogo e para os próximos dois jogos.
Dez contra dez e voltou uma inexplicável tremideira. Sousa escorrega, (muito escorregaram os nossos jogadores!), cruzamento do lado direito e o Boavista falha um golo quase certo. Marco Aurélio defende bem.
Couceiro substitui – tira Silas (mal, em minha opinião) para entrar Zé Pedro, e a seguir tira Fábio Januário para entrar Romeu (outra substituição sem qualquer proveito).
Faltavam cinco minutos, estávamos a recuar muito, a tentar segurar a vantagem tangencial, até que... João Pinto solta-se na meia esquerda do seu ataque e remata de fora da área – a bola vai à figura, mas Marco Aurélio deixa-a escapar para dentro da baliza – frango monumental.
Parecia assombração – um empate com sabor a derrota.

Sou o único que na blogosfera azul tem criticado Marco Aurélio, responsabilizando-o por golos que têm acelerado algumas das nossas derrotas. Também reconheço o seu precioso contributo noutros jogos e resultados. Neste jogo, Marco Aurélio esteve melhor do que habitualmente, quer a sair, quer a movimentar-se no seu espaço de acção. Não o vou por isso crucificar.
Penso, no entanto, que a braçadeira de capitão deve ser entregue a um jogador de campo, porque já existem vícios defensivos difíceis de mudar, situação que naturalmente sucede quando o capitão de equipa é o próprio guarda-redes.
É uma opinião. E por hoje já chega.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Resumos da jornada

Renascença fecha ‘Frente Desportiva’

- É notícia no CM: “Programa com 25 anos já não vai para o ar Domingo. (...) O velho programa idealizado por Ribeiro Cristóvão... será substituído por quatro edições... de ‘Bola Branca’... Com a mudança de formato daquele espaço de desporto, os relatos de futebol desaparecerão do mapa, excepto as partidas que envolvam os chamados grandes ou a Selecção”.
É claro que os desfasamentos de horário dos jogos, por causa da televisão, já tinham ferido de morte este e outros programas que relatavam os jogos ao Domingo. A mentalidade redutora e economicista, fez o resto.
Aonde é que isto vai parar? No limite, haverá relatos do Real Madrid e pouco mais...
Mas faz pena. Já não poderemos ouvir os entusiásticos relatos, interrompidos pelos golos nos outros campos. A informação simultânea de tudo o que acontecia no país do futebol. A perspectiva facciosa dos locutores, a inclinarem o campo contra a realidade. Inesquecível, neste aspecto, o relato de um Porto-Benfica dos anos sessenta, com os encarnados claramente superiores; ainda assim, Nuno Brás, indefectível portista, ía transmitindo algum equilíbrio ao jogo, imaginava o Porto a pressionar, até que o insólito aconteceu: - “aí vai o Porto balanceado ao ataque... é golo do Benfica!”
Que saudades...

Estoril ameaça fechar

Não é o Casino, é o velho Clube de Futebol que joga na Amoreira. Passou por lá o Benfica. Os dirigentes também são do Benfica.
Para quando o clube único?

Couceiro reavalia plantel

Parece que é curto. Nos Blogues ligados ao Belenenses, fizeram-se interessantes análises sobre o tema. Concordo com muitos dos aspectos ali versados. Couceiro pode inteirar-se, que não perde nada.

Jornada Europeia

A substituição de Paulo Assunção! E pensar que este jogador não serviu para uma série de treinadores que chegaram entretanto ao Porto (mandaram-no para a Grécia) e afinal é imprescindível para disfarçar a ausência de centrais, atrás, e o jogo excessivamente miudinho, à frente. Pois é, não há assim tanta gente a perceber de futebol.
O treinador do Porto, que só o chamou à equipa em desespero de causa, parece que também não compreende o real valor deste tipo de jogadores.
Na Luz, a primeira parte do Villa Real! A calma, a classe, o meio campo de uma equipa a sério. Um bom exemplo para os clubes que se acham pequenos.
E já me esquecia – a sarrafada do Luizão que arrumou o Forlan. O árbitro marcou livre, a nossa comunicação social, ignorou o lance!
Saudações azuis integrais.

terça-feira, novembro 01, 2005

Sofrível mais

Antigamente dava para ir à oral, mas o professor já sabia que o aluno não sabia grande coisa.
Entrámos bem (uma novidade fora de casa), com a equipa a jogar mais avançada no terreno (outra novidade, que contraria vícios antigos), mais compacta, como aliás fazem hoje em dia quase todas as equipas, e sendo assim...é evidente que se notaram as insuficiências de base.
Jogadores fora de forma, níveis psicológicos baixíssimos, e erros infantis (no caso de Amaral e Marco Aurélio, repetitivos).
- Um livre, a bola descreveu um grande arco, durante uma eternidade, e ao segundo poste, João Tomás marcou à vontade, perante a passividade de Marco Aurélio e a incrível inércia de Amaral! Sofrer um golo destes aos 18 minutos, de um Braga imbatível e que não costuma sofrer golos... o resultado estava feito. Ainda houve tempo para mais um ou dois calafrios (desposicionamento defensivo completo) e lá acabou a primeira parte.
No resto do jogo conseguimos algum equilíbrio, (o que é positivo), mantivemos uma postura ofensiva, mas só fizemos cócegas à defesa adversária. Aqui o problema é mais grave porque envolve a incapacidade de alguns jogadores.
Não quero ser injusto porque se esforçaram e suaram a camisola, simplesmente temos que convir que, se alguns jogadores não melhorarem as suas perfomances técnicas (e psicológicas), precisamos de ir ao mercado em Dezembro.
Há jogadores irreconhecíveis! Há outros que querem mas não podem (a questão que já salientei dos níveis físicos e dos reflexos, tem que ser solucionada). Há outros que querem, mas não sabem.
No próximo jogo a ansiedade pode trair-nos, mas temos que ganhar ao Boavista.
Couceiro precisa de sorte. Não desgostei da sua actuação no Banco.

sábado, outubro 29, 2005

A crise

“A crise no Bonfim já apagou do futebol profissional o Salgueiros e pode rebentar no Restelo ou na Reboleira”. Lê-se no “Expresso” de hoje, sábado, dia 29 de Outubro de 2005!
O que é que isto quer dizer? O que é que me está a escapar, no momento em que as atenções dos sócios se viram para Couceiro, o novel treinador do Belenenses?!
A ‘informação’ vem do líder do sindicato, Joaquim Evangelista, que adianta – “os jogadores do Vitória estão a fazer um favor ao futebol português, ao desmascararem a profunda crise em que vive” e “que o caso do Setúbal nem sequer é o pior, mas sim o mais público e notório”.
A notícia prossegue – “pelas queixas informais que vão chegando ao Sindicato, clubes como o Maia, Ovarense, Estrela da Amadora, Estoril ou Belenenses estarão também à beira do colapso”.
A reportagem noticiosa que abre com o título – “Pobre Futebol” enumera logo de início as vítimas actuais e futuras (?) – “Mas a crise que apagou do quadro competitivo do futebol profissional clubes como Salgueiros, Farense, Felgueiras, Alverca, Académico de Viseu e Campomaiorense, não está completamente afastada do Bonfim, nem de clubes como o Belenenses ou o Estrela da Amadora, entre outros”.
Em resumo, penso duas coisas: que a Direcção deve prestar um esclarecimento público sobre este assunto, e que nos devemos precaver contra falsas notícias ou duras realidades.
Recordo apenas que muitos destes clubes viviam do Bingo, que o Salgueiros chegou a ter o melhor e mais rentável Bingo da cidade do Porto, e que isso não lhes valeu de nada.
De vez em quando os clubes (e outros grupos associativos) necessitam de ser desparasitados para que as funções vitais não sejam irremediavelmente atingidas.
O Belenenses, já o afirmei, sofre deste mal há muito tempo, e chegou talvez a hora do tudo ou nada. Claro que os parasitas vão reagir, é normal, mas não podemos vacilar.
O clube tem que deixar de ser Bingo-dependente, tem, se preciso for, de enfrentar as poderosas forças do futebol nacional, que o estão a consumir, e, dando o exemplo, deve reestruturar-se com coragem.
A tarefa só é complicada, para quem não é verdadeiramente belenense.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Aprender com os erros

Escrevo na convicção da saída de Carlos Carvalhal, de acordo com as notícias da blogosfera.
Assim sendo, gostava de tentar influenciar a escolha do próximo treinador do Belenenses, a partir de um “perfil” (acho um bocado ridículo este termo) indispensável para sobreviver no autêntico cemitério de treinadores em que se transformou o Belenenses, de há três décadas para cá!
Tem que ter obra feita.
O que é isso, perguntarão uns?!
Manuel José também tinha, dirão outros!?
- Tem que ter um curriculum que se imponha a jogadores, dirigentes, empresários, seccionistas, sócios e demais “eminências pardas” que gravitam à volta do clube;
- Tem que vir na esperança de um projecto com alguma ambição;
Dir-me-ão: Não existe esse treinador ou então está fora do horizonte financeiro do Belenenses.
Respondo: o maior investimento de qualquer clube bem dirigido tem que ser num treinador (veja-se o caso do Benfica). No Belenenses, pelas razões acima apontadas, a necessidade ainda é mais imperiosa.
Claro que a altura é má e as circunstâncias limitam as escolhas. Pois bem, seria então conveniente que se apostasse em alguém que já conhece o futebol português e que conheça bem o mercado brasileiro (precisamos de alguém para o meio campo), no caso de ser necessário adquirir algum jogador em Dezembro.
Casimiro Mior?
Ou outro grande treinador estrangeiro (brasileiro ou espanhol, de preferência).
É uma sugestão.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Aves

É o tema do momento por causa da gripe, e não só. Andam por aí outras aves, tornando-se necessário proceder à sua classificação para efeitos de natureza científica, caritativa, e não só.
Vamos por partes e com método:


Aves de rapina

É notícia do jornal “O Jogo” de hoje, que a águia vitória esvoaça sobre o Vitória de Setúbal no sentido de o ajudar a sair da crise! Há negociações confidenciais, e fala-se de uma proposta financeira do director-geral do Benfica “que permitirá evitar a debandada geral, com os encarnados a garantirem o direito de opção sobre a venda dos passes de alguns jogadores do clube do Sado”!
Tamanha generosidade enternece. Antigamente estes negócios tinham um nome feio, e aos usurários que se aproveitavam da fraqueza alheia para os depenar, chamavam-se “abutres”, mas como é o Benfica...
Espero que esta promiscuidade e pouca-vergonha, que continua a embaciar o futebol português, não vá para a frente. A Liga não deve permitir mais “Alvercas” e “Estoris” a bem da higiene do nosso futebol. E os verdadeiros vitorianos devem temer-se do que lhes está a acontecer. Os canibais, vestidos de anjinhos com asas, estão a bater-lhes à porta.

Aves de arribação

Há muitas no nosso futebol! Vieram não se sabe de onde, pousaram, fizeram ninho nalguns clubes, ocuparam o território, e agora não saem de lá. Na época própria, mudaram a pena, adquiriram uma plumagem vistosa, parecem-se com os antigos residentes, mas se lhes perguntarmos o que andam ali a fazer – não sabem!
Os clubes que sofreram e sofrem desse mal (de asa), vivem um permanente declínio e a sua extinção, ou mudança de ramo, é um cenário possível.
Cuidado com as aves de arribação.

Vila das Aves

Local do encontro da taça de Portugal onde o Belenenses joga um dos seus objectivos da época!
Aguardemos, esperando que ultrapasse este obstáculo. Já não há jogos fáceis.

sábado, outubro 22, 2005

Escrevo?! Não escrevo?!

Tenho que escrever a croniqueta da ordem. Começa assim:
Eu estava lá e vi tudo! Éramos cerca de oitocentas pessoas, contando com os jogadores do Rio Ave e respectivo banco.
Equipa renovada, defesa renovada, meio campo ofensivo inexistente, mas renovado, e... Meyong.
Vi o Sousa subir com mais atrevimento no ataque. Daí resultou um grande golo, acidental.
Vi o Sandro Gaúcho dominar nas alturas. Vi uma razoável exibição do central Faísca.
Vi o Pinheiro jogar “à rabia”!
Vi o suor nalgumas camisolas azuis.
Vi a classe de Meyong!
Vi a indecisão do treinador nos primeiros dez minutos da segunda parte (até sofrermos o empate).
Vi a incompetência do árbitro.
Vi o desconsolo, a desolação, o conformismo.
Revi abismos, maus presságios.
De resto, não vi mais nada.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Diário desportivo (alternativo)

Pegue-se num jornal desportivo de hoje, quinta-feira, 20 de Outubro de 05, e leia-se a primeira notícia inexistente:
Título – “Jogadores há muitos... seu palerma”.
Assinada por um anónimo, o texto discorre com muito a propósito, sobre o tema da actual competitividade do campeonato português e interroga-se: - “Quem é que hoje em dia, com a miséria que grassa por esse mundo fora, tem dificuldades em arranjar, ao preço da uva mijona, meia dúzia de craques e construir uma equipa competitiva?” E responde: - “só quem não percebe nada de futebol, ou então anda ‘nisto’ para sacar uns dinheiros com as compras e vendas de jogadores ‘fantásticos’, promovidos pela comunicação social interessada!”
O artigo prossegue, e menciona os nomes de alguns clubes que gostam de enfiar barretes, e ao contrário, elogia a política de contratações do Benfica.
O autor, que se revela um anti-benfiquista primário, ainda assim não tem dúvidas em concordar com a evidência, conforme passo a citar: “O Benfica, conhecido canibal do futebol português, que ‘compra’ ou ‘subcontrata’ jogadores aos outros clubes, (que entretanto vão à falência), com a prestimosa colaboração dos respectivos presidentes e a complacência (e cobertura) da comunicação social; o Benfica, clube do Estado e por isso, especialmente apoiado pelos poderes constituídos, tem, apesar de tudo, gente que percebe de futebol e ‘que não anda aqui para ver passar os comboios’!”
E continua o autor – “em pouco anos, apesar de muito pressionado, construiu uma senhora equipa, que desde Camacho, nunca deixou de ser bem dirigida!
O segredo?
Contratou sempre grandes treinadores, com provas dadas indiscutíveis. Foi ao Brasil contratar ou pedir emprestados defesas centrais, também com provas dadas indiscutíveis. E no mercado nacional, preocupa-se em adquirir (e não se engana) jogadores jovens com grande futuro! Que os tais bons treinadores põem a jogar com sucesso!”
Crónica que dá que pensar, convenhamos.

terça-feira, outubro 18, 2005

Futebol, futebol, futebol

Desde que o Belenenses deixou de ser um clube de futebol e passou a ser enxameado por comissários (leia-se seccionistas) de uma série de outras modalidades, podemos estar certos que o fim se encaminha mais depressa do que se julga.
Desde que uma “luminária” qualquer, que ainda lá deve andar, descobriu que as piscinas (e golfinhos associados), seriam o berço de futuros sócios do Belenenses que, quando crescessem, se tornavam indefectíveis adeptos do futebol do Clube, podemos estar certos que somos dirigidos por incompetentes, e há muito tempo.
Para não recuarmos assim tanto, fixemos a progressiva redução de espaços, exclusivamente reservados ao futebol, e o aumento considerável de abarracamentos, destinados a tudo e mais alguma coisa, nomeadamente, a dispersar a atenção e o esforço que deveria ser consagrado ao futebol.
O que diria disto Artur José Pereira, um dos fundadores do Belenenses?!
Nestes últimos quinze anos (para não politizar muito a questão), quantos clubes de futebol nos ultrapassaram? Vejam-se para o efeito, as classificações médias!
O Boavista? O Guimarães? O Braga? O Marítimo? O Leiria? O Nacional?
Enquanto isto, vemos as faixas ridículas do quarto grande... Só se for anúncio de apartamento com uma assoalhada!
E não me falem da Taça de Portugal, competição por natureza aleatória e que qualquer clube modesto pode ganhar... e ganhou.
Quantos são os sócios do “futebol”? Destes, quantos é que votaram nas últimas eleições? E quantos vão regularmente ao Estádio ver a bola?
É importante saber dar resposta a estas perguntas para conhecermos de facto, qual é a nossa realidade. Para termos uma noção exacta da nossa dimensão.
Sem esta informação bem interiorizada por aqueles, poucos, que ainda restam, não conseguiremos evitar o naufrágio da velha nau azul.
Não se enganem, o Belenenses ou é futebol, ou não é.
Este arremedo ridículo do clube que já fomos, que vai alegremente comemorando aniversários como se estivesse a crescer, pode desfazer-se em pó e cinzas, de um momento para o outro. Os que agora o utilizam como seu clube privativo, serão os primeiros a fugir quando as coisas se complicarem.
Ou então conseguiram os seus objectivos – transformar o Belenenses numa sociedade recreativa e filarmónica, dedicando-se a alugar o espaço, de novo às testemunhas de Jeová, ou se calhar para a festa do Avante!
Quando não se respeitam os símbolos fundadores, tudo pode acontecer, inclusive, o fim.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Crónica activa

Não reactiva, sinal dos fracos que só jogam quando estão a perder!
Mas o que é que andaram a fazer nestes quinze dias? A treinar o quê?
Ter que mudar tudo ao fim de meia hora de jogo é bom, e é mau ao mesmo tempo! É bom porque revela que o treinador viu o que toda a gente está a ver. É mau, porque o treinador imaginou que aquilo podia dar certo!
Os nomes das coisas:
- A questão mental é incontornável. Parece uma equipa de “tortolhos”, que não sabe dar um pontapé na bola, dando por outro lado a sensação que o adversário é uma equipa de “argentinos”, uma super equipa!!!
Ora, nada disto é verdade. Passa-se efectivamente qualquer coisa!?
- Casos caricatos: dois cartões amarelos na nossa defesa ao fim de quinze minutos de jogo, motivados por faltas a meio campo, completamente desnecessárias!
Os golos consentidos. Amaral, por duas vezes ausente e batido no jogo aéreo, por dois jogadores diferentes!? Ando a falar nisto desde o princípio da época. Se o rapaz é um craque, não parece. Precisamos de jogadores consistentes e concentrados.
O Sousa e o Sandro têm lugar nesta equipa. São mentalmente mais fortes.
Aquela primeira parte...só tem um nome – trágica.
O velho Glauber chegou e sobrou para todo o meio campo do Belenenses!
A segunda parte melhorou com as substituições: Ruben Amorim merece mais oportunidades. É neste momento o único construtor de jogo que temos! O estreante Araújo está ainda muito verde, mas sabe passar uma bola.
O resto, depende de Meyong, que nem sempre resolve.
Isto não está famoso.

sábado, outubro 15, 2005

Os canibais e o cavalo de Àtila

A fonte é o Correio da Manhã de hoje, sábado 15 de Outubro de 2005, porque a imprensa livre da especialidade, não se refere ao assunto: “Transferência de Miguel na PJ” – Auditoria detecta irregularidades no negócio com o Benfica, em 2000”.
(...) foi a auditoria pedida por António Oliveira (presidente do Estrela) às contas das gestões anteriores, que fez vir à tona este caso...”
É preciso continuar? Claro que não.
Já escrevi e rescrevi que o submundo futebolístico onde alegremente vegetamos, é uma coutada do nacional-benfiquismo, a que eu não há maneira de me habituar! Sei que a norte também existem sintomas preocupantes, que podem alterar a minha visão de conjunto do sistema: se calhar o tratado de Tordesilhas recuou no tempo e no espaço, principalmente no espaço. Creio que ninguém tem dúvidas que estamos com menos espaço (metros quadrados, kilómetros quadrados, etc.)!
Mas deixemos os canibais, e já que hoje me deu para revisitar a história, lembrei-me de Àtila e do seu cavalo!
Pois é, a propósito da crise do Vitória de Setúbal!
O principal clube de uma região, que já conheceu melhores dias, corre o risco de abrir falência, enquanto as municipalidades de Alcochete e Seixal abrem as suas portas de par em par para receber os clubes da capital!!!
Já ninguém se lembra do Seixal na primeira divisão?! E do Barreirense?! E do Montijo?! E da CUF?! E do Amora?!
Voltando ao Vitória, é preciso acrescentar que a Câmara de Setúbal é forte accionista da respectiva SAD. Mesmo assim não se vê futuro. Talvez um construtor civil, na mira dos negócios do Bonfim? Talvez...
Encerremos então: Àtila, temível rei dos Hunos, que espalhou a desolação e a morte por onde passava, gostava de afirmar a sua lenda, dizendo – “chão onde a pata do meu cavalo pisar, não cresce mais erva...”
Aplicado ao distrito de Setúbal, poderia também dizer-se que Câmara que caia nas mãos da malta de Abril, já se sabe que o clube da terra vai à vida, enquanto os canibais engordam.
Àtila, obrigado pela inspiração.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Notas à margem

Em Portugal é assim. Quando pensamos em política, falamos de futebol, quando pensamos em futebol, falamos de política!
Por isso, lá vai: O primeiro-ministro resolveu apanhar uma boleia no Falcon da Força Aérea para ir ver o jogo da selecção nacional em Aveiro. A despesa já estava orçamentada, juntando-se assim o útil ao agradável. Útil porque o apoio do Chefe do Governo era muito importante para a moral dos rapazes, e agradável porque nestas condições o adepto Sócrates podia desfrutar de uma boa jogatana de futebol. Tudo bem?
Não, tudo mal.
Se estamos em maré de contenção de despesas, o melhor é desorçamentar umas quantas. E se por razões técnicas o Falcon tem que voar, que voe sem o primeiro-ministro a bordo, em função do seu calendário específico. Por outro lado, penso que já chega desta futebolite aguda em que o País está envolvido, verdadeiro caso psiquiátrico de um povo, que parece que não tem mais nada que pensar ou fazer na vida.
Já chega de ver, nos camarotes dos grandes clubes de futebol, ao lado dos respectivos presidentes, ministros e ex-ministros, deputados e ex-deputados, juízes e magistrados, e toda uma série de aspirantes a cargos públicos, que buscam na visibilidade que o futebol e a televisão patrocinam, uma evidência que em situações normais nunca teriam.
O Portugal Futebol Clube tem que acabar e com ele, todas as promiscuidades que mantém com políticos, magistrados, autarcas, e outros interesses pouco recomendáveis. Nesse sentido, seria bom que o primeiro-ministro desse o exemplo, guardando uma distância higiénica do fenómeno.
Afinal, tanta coisa por causa de um jogo de futebol?
Estou inteiramente de acordo.

domingo, outubro 09, 2005

Nasceu uma estrela

O dia 7 de Outubro de 2005 não se apagará facilmente da nossa memória!
Futuras crónicas dirão que, enquanto o sol entardecia no Restelo, um jovem com oito anos subia ao relvado (sintético, por sinal) e em poucos minutos resolveu substituir-se ao astro rei e iluminar, em lances de génio, toda aquela imensa plateia, há tanto tempo saudosa de um novo “Di Pace”.
O rapaz não é argentino, mas parece, tendo em vista os truques e malabarismos que faz com o esférico.
Trata a bola por tu, não é preciso dizer mais nada!
Ou talvez seja. A velocidade sem bola, de um Narciso; a solidez defensiva de uma Torre de Belém, o Feliciano, quem sabe?! Mas é no remate, que vislumbro o Matateu!
O jovem, belenense do coração, não conhece evidentemente todas aquelas legendas que povoam o imaginário da grande família Belenenses, mas desconfia que somos todos uns sonhadores.
Se calhar, desconfia e é verdade.
O rapaz chama-se Kiko.
Fixem este nome!

sexta-feira, outubro 07, 2005

As Verdades

Raramente num simples comentário, se toca tão fundo na origem da doença que vai minando o Belenenses. Por essa razão decidi transformar em postal esta oportuna intervenção, certo de que o autor não se importará porque é a favor do Belenenses.

“Também não vi em directo o jogo com o EA, mas o resultado em nada me admirou. Contra o UL e o VG as nossas exibições foram fracas e muito pouco convincentes, mas as vitórias, ambas por 2 golos, deram a ideia errada de que tudo estaria bem. Nada mais falso e perigoso, como agora se viu. A verdadeira questão não é termos perdido, mas sim como perdemos: jogando sem vontade, sem ambição, sem humildade, sem ponta de categoria/classe. O problema de sempre do nosso CFB, com níveis de exigência competitiva teimosamente baixos, estratégias condicionadas pelo eterno medo de assumir objectivos claros e ambiciosos, desresponsabilização permanente dos principais actores. Esta cultura de derrota e mediocridade está arreigada no clube há "séculos" e dá cabo dele e de nós, sócios que são do Belenenses e de mais ninguém e não se contentam com um CFB saneado financeiramente, mas também eternamente saneado do espírito ganhador que está naturalmente associado à sua fundação. O clube precisa, como aliás o País, de se libertar deste pesadíssimo fardo e de explicar (urgentemente) porque é que existe. Se for para continuar nesta vidinha, estará rapidamente liquidado e será melhor deixar de competir a nível profissional o quanto antes. O passado do Belenenses é soberbo, mas não nos satisfaz: queremos presente e futuro, com seriedade, humildade mas também ambição. Para tal é necessário mudar o espírito nefasto a que aludi. A mudança terá de ser induzida de cima para baixo, tocando todos os níveis do clube. Provavelmente, não serão os actuais responsáveis que a farão. Então, os numerosos sócios que, como tenho lido em variados sítios, sentem que o verdadeiro problema do clube é este, têm que se chegar à frente. Caso contrário, não é demais repeti-lo, o Belenenses não sobreviverá, pelo menos nos moldes actuais.”
FQ

segunda-feira, outubro 03, 2005

Frontalidade

De saudar a clareza e frontalidade com que, olhos nos olhos, o holandês Koeman “saudou” os jornalistas numa recente conferência de Imprensa – “oportunistas”!
No sentido de dizerem hoje uma coisa e o seu contrário, ao sabor das derrotas e vitórias dos mesmos clubes. E deu o exemplo do Sporting, o melhor do mundo quando ganhou ao Benfica, e péssimo, agora, porque foi eliminado na UEFA e perdeu com o Paços de Ferreira.
Incapazes de se distanciarem do “coração” ou de mudarem de mentalidade (no mínimo, terceiro mundista), os jornalistas que temos (quase todos), perdem literalmente a compostura e frieza de raciocínio, especialmente quando se “metem” a analisar as prestações de Benfica e Sporting, aliás, as únicas que lhes interessam!
Ignoram assim as suas responsabilidades perante os leitores, e contribuem para níveis de intoxicação nunca vistas, e que em certa medida explicam os frequentes desacatos e violências que se verificam após os jogos em que intervêm os chamados três grandes.
E isto que se passa com o futebol, assunto nacional por excelência, estende-se a todos os outros domínios da informação, fazendo de Portugal um dos países mais imbecilizados da Europa. Os índices, todos os índices comparativos, espelham infelizmente esta realidade.
Que tenham de vir, entretanto, dois holandeses chamarem-nos a atenção para o facto, é triste.

sábado, outubro 01, 2005

Sem ver

Por razões profissionais, não vi o jogo nem sequer pude ouvir o relato. Um telefonema, desconsolado, comunicou-me o resultado. O Estrela da Amadora foi ganhar ao Restelo, por duas bolas a zero!
Que dizer?
Li hoje o “Record” e a crónica do jogo, assinada por Rui Dias, a dado passo diz o seguinte: “ (...) O Estrela surgiu no Restelo conhecendo perfeitamente as regras do que iria encontrar. Encaixou-se bem no 4-4-2 azul e criou problemas com duas setas na frente (Manu e Semedo), colocadas fora das zonas dos centrais, manobra com a qual o adversário demorou a saber lidar. Os primeiros minutos foram decisivos...”.
Lembrei-me então do que escrevi sobre o jogo Porto-Belenenses!
Bem, mas passado é passado, e acreditando na sabedoria chinesa, lembremos o ditado – “ a derrota é a mãe da vitória”.
Voltemos então ao drama, para ver se aprendemos alguma coisa: a falta de concentração, a táctica inflexível, as laterais que não funcionam e ainda por cima, segundo li, dão abébias, a falta de sentido do passe, especialmente a meio-campo, e, finalmente... alguns jogadores do Estrela tinham lugar no Belenenses! E se calhar, podiam lá estar (Semedo, Rui Duarte, Manu,...).
E tantos cartões, para tanta apatia! Estranho!
As mini-férias, vão decerto fazer-lhes bem a eles, e a nós também.
Sem outro assunto...

sexta-feira, setembro 30, 2005

Diário terapêutico

O Jornal "A Bola", cujo Director registou recentemente, surpreendentes melhoras, (um excelente artigo de fundo sobre "os clubes da terra"), o que só vem provar a utilidade da leitura do Belém Integral, sem distinção de idade ou filiação clubista, o citado jornal, dizia eu, ainda assim tem que ser manuseado ou lido com alguns cuidados.
Por exemplo, recomendo a leitura de algumas prosas do fim para o princípio. Ou então a partir do ponto em que se faz referência a palavras-chave, como "Madaíl" ou "Federação". As zonas com muita tinta encarnada, devem ser evitadas, porque fazem mal à vista.
Quanto às páginas de "humor", as existentes e as prometidas, são aconselháveis para a limpeza de vidros e outras superfícies com gordura. Não havendo necessidades, remetem-se directamente para o lixo, de olhos fechados, usando apenas o tacto.
Neste contexto interessei-me pelo seguinte:

– " (...) Hoje haverá uma reunião com Gilberto Madaíl, na sede da Federação(FPF), a fim de discutir os problemas causados com as crises no Felgueiras, no Alverca, no Académico de Viseu e no Farense, que deixaram muitos jogadores em situações complicadas. O objectivo é tentar responsabilizar mais directamente os dirigentes dos clubes, com a ajuda da FPF."
(assinado "A.S" – "A Bola" de 30 de Setembro de 2005)
Como uma notícia tão pequena diz tanto sobre o futebol português, sobre os portugueses actuais, sobre as polémicas identidades clubísticas, afinal, um retrato perfeito do "adepto nacional"!
Um documento para estudo aturado sobre os conceitos: "ser benfiquista", "ser sportinguista" ou "ser portista".
Analisemos com o rigor que merece:

1. Felgueiras – impossível acrescentar mais alguma coisa sobre este clube, além de que Fátima Felgueiras regressou!
2. Alverca – " tentar responsabilizar mais directamente os dirigentes dos clubes...", acho bem. Quais? O actual Presidente do Benfica? Os dirigentes que o actual Presidente do Benfica lá deixou em sua substituição? Procurar o dinheiro da transferência do Mantorras? Responsabilizar o Benfica pela destruição do Alverca?
Madaíl é decerto a pessoa indicada para resolver este assunto.
3. Académico de Viseu – porque é que os viseenses e a região de Viseu são do Benfica, Sporting ou Porto? Porque é que têm vergonha de ser só do clube da terra? Porque é que o Académico de Viseu, representante de uma cidade do interior, não consegue, ano após ano, sair do marasmo? Quantas "Casas do Benfica" há na região? E do Porto? Para quando a descolonização?
4. Farense – idem, idem, aspas, aspas. Quem tem medo ou vergonha de ser farense e algarvio, e continua, provincianamente, a ser do Sporting ou do Benfica?

Agora, para todos os intelectuais da bola – acham possível realizar um campeonato nacional só com adeptos de três clubes?
Acham que tem alguma possibilidade de ser rentável?
Acham que vale a pena?
Não pensem e poupem-me às respostas.

Depois disto, esses "adeptos" do Benfica e do Sporting devem evitar fazer considerações sobre realidades que desconhecem, e que, aliás, têm medo de enfrentar: fidelidade, coragem e coração para nunca desistir, com ou sem campeonatos.
Essas qualidades costumam ter os verdadeiros belenenses.
Eles não sabem nem sonham...

terça-feira, setembro 27, 2005

Estádios novos, campos pelados

E vazios.
Carlos Carvalhal, é um homem do futebol. Refiro esta particularidade, porque já todos sabemos que o futebol português é dirigido e influenciado por uma série de indivíduos, paraquedistas camuflados, caídos não se sabe donde, mas que adivinhamos o que pretendem – servir-se do futebol para os seus inconfessados desígnios.
Vem isto a propósito das acertadas declarações do treinador do Belenenses, apontando algumas "singularidades" inexplicáveis que por aqui se passam, nomeadamente os preços dos bilhetes, que continuam altos, com as assistências aos jogos sempre a baixar!
A "questão mental" do adepto português, que em parte explica a situação, e já aqui foi desenvolvida em quase todas as direcções e sentidos, efectivamente, não explica tudo.
Estamos de facto a viver tempos difíceis, de aperto orçamental, que toca a todos, e é por isso que não se compreende a insistência em querer que o pobre adepto, que ainda se recusa a ver o jogo na televisão, tenha que pagar a crise!
Pois é, está tudo falido, e é preciso "sacar" dinheiro de qualquer maneira.
Tudo falido, ponto e vírgula. Ainda há tempo e espaço de manobra para anunciar, com pompa e circunstância, que o principal Clube do Estado e, pelos vistos, de todas as autarquias, tem quase prontos um conjunto de relvados e apetrechos de fazer inveja, por exemplo, ao cada vez mais pobre clube da região – Vitória de Setúbal, de seu nome!
Para não falar do estado lastimoso em que se encontram os relvados desses Estádios do Euro, na sua nova versão depilatória.
Mas é assim a vida neste País exemplar – a relva não chega para todos, e há que ter paciência.

segunda-feira, setembro 26, 2005

Conformado

Mais sóbrio, por puro masoquismo, revisitei o jogo no Dragão. Sem qualquer dúvida, o Porto jogou muito bem: grande cadência, enorme concentração e humildade, pressão asfixiante, a revelar treino acertado, e apresentou algumas novidades, que a confirmarem-se, serão muito úteis para as suas pretensões ao título – a conseguida integração defensiva de Bosingwa e Bruno Alves (tinha logo de ser contra nós!) e a revelação de dois jogadores mentalmente “renovados” – refiro-me a César Peixoto, em melhor condição física e psicológica, muito compenetrado no jogo, a realizar uma boa exibição, e... Quaresma! Este jogador, a avaliar pelo seu brilhante desempenho (também tinha que ser contra nós), está diferente! Pode ser que o treinador do Porto consiga o milagre de transformar o seu futebol, até agora feito à base de fogachos inconsequentes, num futebol colectivo e adulto, com ganhos para o próprio, para o seu clube e também para o espectáculo desportivo.
Mas ainda assim e apesar de reconhecer a superioridade do Porto neste jogo, eles não são imbatíveis. Quando pressionados, também falharam passes defensivos, susceptíveis de ser melhor aproveitados pelos nossos (inexistentes) avançados.
Não gosto de individualizar comentários negativos à prestação dos nossos rapazes, que sabemos, só não fazem melhor porque não podem ou porque não estão em dia sim. Vou abrir uma excepção, por se tratar do capitão de equipa, guarda-redes de classe e por tudo isso, com acrescidas responsabilidades.
Ao contrário da crítica unânime e nada preocupado com o endeusamento proposto pela nossa massa associativa, declaro que não gostei de algumas distracções e excessos de confiança de Marco Aurélio – é verdade que evitou três golos “certos”, assim como Vítor Baía terá evitado um ou dois. Isso não o habilita a fazer reposições de bola precipitadas, (o segundo e decisivo golo do Porto nasce de uma dessas infantilidades), como não é aceitável num jogador da sua categoria, repetir fífias, como aconteceu em Alvalade! O aplauso geral para o seu toque “argentino” também não me impressionou. Eu quero um “capitão” inconformado mas sóbrio, que transmita essa sobriedade e rigor aos seus colegas de equipa, não quero uma “estrela da companhia”.
E sobretudo o que eu não quero, é continuar na iminência de ser goleado, com a crítica a aplaudir a grande exibição do Marco Aurélio. Mas disso, sejamos justos, o Marco Aurélio já não tem culpa.
Afinal, parece que ainda não estou conformado?!

Nota: Só critico (construtivamente) os grandes jogadores, que ainda por cima se tornaram símbolos do Clube. Marco Aurélio é um desses, a quem aproveito para felicitar pelos seus duzentos jogos oficiais.

domingo, setembro 25, 2005

Santa paciência

Nove homens atrás da linha da bola, encurralados no meio campo, incapazes de segurar a bola mais do que uns segundos, e ainda por cima, sujeitarmo-nos a ser goleados... confesso que já me começa a faltar a pachorra para ver estes jogos.
Podíamos ter marcado um ou dois golos? Sim.
Podíamos ter sofrido quatro ou cinco? Sim.
Mas nunca demos qualquer indício de podermos ganhar o jogo.
O treinador do Porto conseguiu de facto desestabilizar-nos completamente. E engarrafou, bloqueou, interceptou tudo o que era possível. Ganhou bem e ainda por cima confirmou a sua tese: "Somos uma equipa que quer esteja a ganhar por um, por dois ou por três golos, ou a perder por um, ou mais golos, joga sempre da mesma maneira"! O que nem é verdade, mas pareceu!
A defesa do Porto tornou-se "super" de um dia para o outro? Não.
César Peixoto é intransponível? Claro que não.
Então o que é que verdadeiramente se passou para entregarmos tranquilamente os pontos?!
Velhos hábitos... velhos hábitos...
Concretizemos um pouco:
Este era um jogo para jogarmos com dois extremos abertos, lançados em ataques rápidos (tentámos com um, Paulo Sérgio, mas o rapaz está completamente fora de forma, trapalhão, incapaz de dominar convenientemente uma bola!).
Este era também um jogo para arriscarmos na defesa, porque temos jogadores com boa velocidade de recuperação.
Este era um jogo para baralharmos o Porto, abdicando do avançado centro clássico, deixando os centrais adversários a falarem sozinhos.
Este era finalmente um jogo para termos mais frieza, mas ao mesmo tempo mais capacidade de reacção, mais frenesim, outros reflexos. E não podemos falhar tantos passes! Qualquer alívio, qualquer sobra de bola ía parar invariavelmente aos pés dos jogadores do Porto! Assim não dá.
Falar das exibições individuais?! Para quê?
Repetir que Marco Aurélio evitou alguns golos?! Para quê?
O que de facto me impressionou, foi a sensação de impotência para dar a volta ao resultado, e é disso que me lembrarei nos tempos mais próximos.
O resto, dirão os jornais com mais ou menos acerto - ‘que o Porto foi um "Vintage" demasiado forte para este Belenenses’.
Deve ser uma coisa do género, mas isso já não interessa.

Nota: Estou entretanto convencido que contra o Estrela da Amadora, voltaremos a ganhar. E uma coisa nada tem a ver com a outra. Penso que me entendem, pelo menos, os velhos belenenses.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Era uma vez...

No dia 23 de Setembro de 1919 nascemos Azuis com a Cruz de Cristo ao peito. O sonho nasceu à beira rio, na Praça do Império, à sombra da epopeia lusíada.
Com tais pergaminhos o Clube tinha que ser grande e foi. Se não desmerecermos da obra dos seus Fundadores, continuará a ser.
A bola está em nosso poder.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Confirmação

Este era o jogo da confirmação ou do regresso ao passado.
E começou mal, equipas fechadas, encaixadas uma na outra, ambas com medo de perder, a jogar numa estreita faixa do relvado e com o Guimarães a superiorizar-se nos despiques directos!
E veio a asneira do nervoso miudinho?! Golo do Vitória e pensei no jogo com o Estoril da época passada.
Soltei o primeiro grito que Carvalhal não ouviu – “tens que arriscar”; “abre a frente de ataque”...
Inútil. Silas falhava sempre o último passe, o Guimarães não nos deixava pegar no jogo, até que aconteceu um lance decisivo: uma boa abertura de Pinheiro, isola Paulo Sérgio que se antecipa ao guarda-redes, toca primeiro na bola, e existe o inevitável contacto. É um penalty clássico, que Meyong transformou.
Estamos com sorte, comentei para o lado!
Segunda parte, de novo incaracterística, mas sentia-se que se apertássemos um bocadinho, o Guimarães ia-se abaixo. Foi o que sucedeu – canto de Silas e Meyong, de cabeça, venenoso, põe o Belenenses a ganhar.
Estamos safos, pensei.
Veio o terceiro golo num rápido contra-ataque, com Zé Pedro a meter no meio para o disparo de Silas. Antes disso, o mesmo Silas já poderia ter sentenciado o jogo se não falha novamente o último passe! Um jogador com a sua classe tem que ser mais preciso.
Final do jogo, em que respirámos de alívio depois do susto inicial. E quando se ganha, há que dar mérito à estratégia do Carlos Carvalhal e é esta a lógica do futebol, que como se sabe, não é uma ciência exacta.
Também não nos podemos esquecer que não estávamos a jogar sozinhos, e, diga-se, o Vitória de Guimarães, “que não podia perder”, dificultou ao máximo o nosso triunfo. Registe-se como curiosidade que o Neca esteve bem, é um jogador nuclear no sistema de Jaime Pacheco, e nas bolas paradas ainda assustou!
Resultado final: Belenenses – Vitória (3-1).
O treinador de bancada refere o mais positivo e o mais negativo do jogo:
Positivo – a classe e segurança do nosso jogo aéreo defensivo, com realce para Gaspar e Sandro Gaúcho, este último, o melhor jogador do nosso lado!
A faceta disciplinada e profissional da equipa do Belenenses que assim evita atritos desnecessários com o árbitro!
Negativo – o nervosismo inicial, especialmente no flanco direito defensivo; e a imprecisão no passe já referida dos jogadores de meio-campo (descontado, claro, o mérito do Vitória)!

A partir de agora a estrada desanuvia-se e só peço ao Carlos Carvalhal que evite pronunciar a frase “assassina”, que amolece e irresponsabiliza o “balneário” – “não somos candidatos ao título”. Disfarce, e diga que “pensamos jogo a jogo”!
E o próximo jogo é com o Porto que funciona muito bem do meio campo para a frente mas que tem uma defesa frágil.
Temos que explorar o ponto fraco do adversário, mas até eu sei que as coisas nunca são assim tão simples nem à medida dos nossos desejos.
Saudações azuis integrais.

terça-feira, setembro 20, 2005

Co Adriaanse tocou na ferida...

Em conferência de imprensa, o treinador do F.C.Porto, referiu-se à “estúpida” regra dos cartões amarelos que aqui vigora, estabelecendo um paralelo com o que se passa na Holanda.
Lá, depois de uma série de quatro cartões amarelos (cá, são cinco) o infractor é penalizado com um jogo de castigo, passando de seguida, por cada cartão amarelo, a cumprir novo jogo de castigo!
As vantagens do sistema são evidentes: o espectáculo melhora, os “sarrafeiros” são afastados, diminuem as lesões, as “limpezas” de cartões tornam-se problemáticas e terminam os comentários deseducativos (anti desportivos) sobre faltas “cirúrgicas” ou “inteligentes”!
A única desvantagem visível seria a de proporcionar algum benefício aos grandes clubes – porque atacam mais e “obrigam” por isso a outro esforço das defesas, e daí, ao recurso a faltas eventualmente puníveis com cartão amarelo.
O facto de terem plantéis mais equilibrados também poderia pesar um pouco a favor dos grandes, pois admite-se que teriam mais soluções em caso de impedimento por castigo.
Isto, em termos teóricos.
Mas Co Adriaanse não se informou para que país é que vinha, ao contrário de Koeman, que sabe do que a casa gasta pois jogou algum tempo aqui ao lado, em Barcelona.
Em Portugal as desvantagens de tal sistema aumentam em flecha: a pressão sobre os árbitros, vinda do público, dos dirigentes e da comunicação social seria enorme, adensando ainda mais o clima de suspeição em que vivemos.
Passaríamos toda a semana a discutir e ver imagens das entradas e não entradas, faltosas ou não faltosas, merecedoras ou não do respectivo cartão. Um inferno.
Penso que o caminho apontado pelo treinador do Porto é inevitável, mas em Portugal terá de ser faseado, obrigando à prévia autonomia da arbitragem, de que toda a gente fala, mas nunca mais acontece!
Sugiro para a próxima época: Quatro cartões, um jogo de castigo; a partir daqui, por cada série de três amarelos, novo jogo de castigo.
Para começar já não seria mau.

Surpresas de um navegador solitário

Solitário e inexperiente. Navegava eu em mar chão, sem pensar na vida ou nas preocupações que um belenense normalmente transporta, quando resolvi aportar a um cais conhecido – o “belenenses sempre”. Desembarquei numa importante descrição sobre a saga da recuperação do Estádio do Restelo, com todas as suas elucidativas peripécias, e resolvi fazer um comentário, e lembro-me que na altura, o postal ainda não tinha qualquer comentário. Fui sucinto e referi apenas a oportunidade de tal divulgação! Recuperei o rumo e segui viagem.
Dormi descansado e só no dia seguinte me dei conta dos tremendos perigos que corri porque, mal me afastei, rebentou de imediato uma autêntica batalha campal (ou naval), com flechas e tinteiros a sobrevoar a terra de ninguém, onde por sorte, eu já não estava!
Recolhido em porto seguro, não quis acreditar que o meu singelo comentário pudesse ter dado origem a tamanho desacato, e questionei o meu companheiro de viagens, sobre as razões da tempestade?!
SPM, marinheiro mais experimentado, lá me explicou que aqueles comentários vinham de trás, que aquilo não era nada comigo, eram transcrições, acertos de contas, e que eu tinha que me habituar a reconhecer o traço contínuo e o tracejado, etc., etc.
Ora bem, recém-chegado à blogosfera, mal sabendo ainda mexer em todas as teclas e botões, não quero impor as minhas regras a ninguém. Mas tem que haver uma regra mínima e, passe a tentativa de ironia com que iniciei o texto, creio que a regra mínima a respeitar será decerto tomar como base de comentário, o assunto do “postal”.
Parece-me elementar.

Nota: Luís Lacerda também chamou a atenção para o facto.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Liga Betandwin.com 2005/2006

4ª Jornada



Hoje no Restelo, às 19:00h.



Mais informações no Site Oficial