domingo, outubro 28, 2007

Empate justo

Com algum atraso deixo aqui as minhas impressões sobre o encontro que se disputou sábado no Restelo:
Foi um empate justo num jogo que teve duas partes distintas, a Académica superiorizou-se na primeira parte graças sobretudo ao labor de Ndoye (jogador de outra galáxia) e de Lito, que ainda mantém uma velocidade base muito apreciável, enquanto que o Belenenses conseguiu algum ascendente na segunda parte, que se desvaneceu com a saída de Silas, pois a partir desse momento o jogo passou a ser de parada e resposta, com lances de perigo numa e noutra baliza.
Como vem sendo hábito entrámos com dois pontas de lança, Weldon e Roncatto, com Zé Pedro e Alvim a tentarem a sua sorte, ensaiando alguns passes e cruzamentos perigosos. Mas o problema centrava-se no flanco direito azul que não funcionava de maneira nenhuma – Amaral via-se amiúde confundido com a movimentação de Lito e de Miguel Pedro (outra excelente exibição coimbrã), Mendonça não acertava no ataque e também não ajudava na defesa, a que se juntarmos o factor Ndoye (Gavillan não lhe deve ter ganho uma única bola dividida!), somos forçados a admitir que só por milagre não fomos a perder para o intervalo.
No segundo tempo Jesus fez entrar Cândido Costa e Amorim para os lugares de Amaral e Mendonça e com essas alterações o jogo pendeu para a baliza de Pedro Roma, especialmente graças às movimentações de Cândido Costa, que está numa forma soberba e criou os dois lances que poderiam ter decidido o jogo a nosso favor – no primeiro, cruzou para a frente da baliza mas Weldon não conseguiu desfeitear Pedro Roma (no campo deu-me a sensação de ter atirado ao poste), no outro lance Cândido atraza para Roncatto encher o pé com a bola a encontrar o corpo do guarda-redes da Académica. No último quarto de hora Ndoye ressuscita memórias antigas no Estoril e ainda prega dois ou três sustos a Costinha – num deles Rolando tem um corte admirável, já perto do fim atira por alto graças à destemida saída do guarda-redes azul!

Alguns destaques: Costinha (seguro); Alcântara (regular); Cândido Costa (em grande forma); Rolando (um corte precioso); Alvim (melhor que nos últimos jogos); Zé Pedro (a subir de rendimento); Silas (idem); Weldon (recepção e pormenores de ponta de lança);
Resultado final: Belenenses 0 – Académica 0.
Este jogo já passou, preparemo-nos para pontuar nas Antas.
Saudações azuis.

terça-feira, outubro 23, 2007

Antecipei-me…

É uma das regras do jogo, jogar em antecipação, surpreender o adversário, chegar primeiro á bola do que ele, mas nada disto é verdade, porque o adversário é manhoso e há muito que se prepara para nos pregar uma rasteira. Mais uma. Senão vejamos: no último postal tinha feito uma breve alusão à chamada ‘reforma Platini’, que visa democratizar ligeiramente as provas organizadas pela UEFA, nomeadamente a Liga dos Campeões. Trata-se de facilitar o acesso à fase de grupos de clubes oriundos de campeonatos menos fortes, alargando ainda essa possibilidade a alguns vencedores das respectivas Taças nacionais. Poderia pensar-se portanto que as alterações previstas seriam recebidas de braços abertos pelas instituições que representam o futebol português, ou seja, Federação e Liga. De facto, o nosso campeonato é pouco competitivo, ganham sempre os mesmos, e assim, pelo menos através da Taça de Portugal haveria a hipótese de um clube, fora do círculo dos chamados três grandes, conseguir chegar à fase de grupos da Champions. Mas não, é precisamente neste ponto que os nossos organismos parecem discordar, é precisamente sobre este ponto que iremos assistir a uma guerra de desgaste entre os grandes clubes europeus e a proposta Platini. E Portugal, à semelhança do que já se passou com o Tratado de Lisboa, apoia sempre as posições dos grandes contra os pequenos, ou seja, contra si próprio! Vamos lá descodificar a conversa, e esclarecer o que está em jogo: - para os três clubes do estado as receitas da Champions são indispensáveis e segundo as regras propostas por Platini o terceiro lugar no campeonato deixa de dar acesso a essa prova, avançando em seu lugar o vencedor da respectiva Taça nacional, prova muito mais aleatória como todos sabemos. Se a esta incerteza acrescentarmos ainda a previsível descida no ranking europeu do nosso país, imaginamos o alarme que não irá entre os ‘nossos três meninos’… e entre os seus pertinazes defensores!
A comprovar o que digo, o jornal “A Bola”, na sua edição de hoje, reflecte sobre o assunto e também já anda preocupado! Destaco este título: - “Dificuldades para o Benfica…”! Um mimo, estes democratas são uns pândegos, não acham?
Saudações azuis.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Prova de vida

Sem futebol não há postais para ninguém. Andam a dar cabo do campeonato com estas interrupções sucessivas, estou farto das selecções e de provas europeias que nos levam até às fronteiras da Mongólia, estou farto da batota das naturalizações e dos hinos cantados nestas condições, enfim, estou farto do mercantilismo da UEFA que ameaça reduzir a vertente desportiva do futebol a assunto de menor importância. Ah, pois, pois, a indústria… da televisão e do resto, as galas, as passagens de modelo… e ainda o curioso alinhamento (anti-Platini) dos três clubes do estado com os grandes clubes europeus! Igual a isto só o Tratado de Lisboa, cujo lema em relação aos interesses dos portugueses é o seguinte: - o que é bom para os grandes países da Europa é bom para Portugal!!! Toca a assinar e venha o cheque.
Se calhar ando mal disposto! Se calhar quero voltar ao tempo das balizas às costas! Se calhar quero apenas um bocadinho de bom senso e equilíbrio… e menos batota. Explico: a batota não rima com desporto.
Outros assuntos. Fui ver o Futsal e parece-me que temos finalmente uma equipa competitiva. Parabéns à respectiva Secção e só desejo que a ‘contra cultura’ que invadiu o Clube há uma série de anos não comece já a facilitar nos graus de exigência.
O andebol continua a perder tangencialmente! Pode ser que sejam nervos.

Notícias do estrangeiro: Temos vindo a assistir a alguns episódios interessantes de conhecidas telenovelas, a saber: o Sporting, clube acima de qualquer suspeita, campeão anti-sistema, apanhado nas malhas do sistema! Parece que há qualquer coisa que não bate certo na transferência de João Pinto!
No Boavista a era Loureiro pode ter chegado ao fim. Não faço juízos de valor sobre as pessoas mas as dificuldades financeiras sentidas no Bessa dão que pensar. O estádio novo e o facto de não terem conseguido afirmar-se como grande clube do norte, apesar de terem ganho um campeonato, talvez seja uma questão para levar a sério e entronque naquela ‘guerra’ que aqui venho travando há muito: enquanto os clubes ditos pequenos não se rebelarem contra o actual sistema, que todos os dias cava mais fundo o fosso entre os três clubes do estado e todos os outros, não vamos a lado nenhum. O exemplo do Boavista, repito, é para levar a sério, para além de animosidades ocasionais.
Saudações azuis.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Ai, Hermínio…

O homem parece ter boa vontade mas com franqueza, considerar uma prioridade para o futebol português colocar chips nas bolas e altas tecnologias na linha de baliza não lembra o careca! Sem ofensa para a careca do Hermínio. O que esta preocupação acaba por revelar é o tremendo clima de suspeição em que vive o nosso futebol e assim nada melhor do que irresponsabilizar ainda mais os árbitros e fiscais de linha, atribuindo à robótica o encargo de tomar decisões difíceis! E as decisões difíceis em Portugal são como todos sabem, marcar penalties contra os três clubes do estado, ou quando jogam entre si, marcar qualquer tipo de falta! Hermínio Loureiro e os árbitros da Liga livravam-se assim de trabalhos e canseiras. Mas não devem ter sorte nenhuma porque não imagino que sejam estas as preocupações da Europa do futebol, pelo menos aquela Europa que organiza os campeonatos mais competitivos e por isso mais rentáveis.
Outra das ideias do presidente da Liga de Clubes consiste em organizar na pré-época um torneio de prestígio com a presença de dois ou três grandes emblemas europeus para defrontarem os melhores classificados na Liga portuguesa. Registo a nuance ‘dos melhores classificados’, já é um avanço na linguagem, mas enquanto não se alterarem algumas das regras que viciam o nosso campeonato, aquele torneio destina-se apenas a encher os cofres dos três do costume.
A taça da Liga foi uma boa ideia faltando apenas dar-lhe o empurrão de uma presença nas competições europeias.
Para o fim uma ideia interessante dirigida aos estádios que não beneficiaram das ajudas do Euro para se modernizarem convenientemente. Hermínio Loureiro promete fundos europeus para o efeito. Penso que o Belenenses poderá candidatar-se a estas ajudas com toda a legitimidade.
A ideia que faltou, mas já é habitual a sua falta, diz respeito à distribuição mais equitativa dos dinheiros das transmissões televisivas, transmissões que deveriam ser negociadas globalmente pela Liga de Clubes.
Saudações azuis.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Boavista 2 - Belenenses 4

O Belenenses arrancou hoje uma brilhante (e fundamental) vitória no Bessa. Marcaram pelo Belenenses: Zé Pedro (2), Silas e Gavilan. Marcelão apontou os dois golos do Boavista.
Com este resultado a diferença para o segundo lugar é de apenas quatro pontos!
Saudações auis.

Cultura de vitória

Demora muito a perder, mas quando se perde é difícil de encontrar outra vez. É um pouco o que se passa com o nosso clube, pois apesar dos esforços bem intencionados de alguns, tenho dúvidas se estamos no caminho ascendente, tentando recuperar o estatuto perdido, ou se estamos parados, o que equivale sempre a descer, porque o mundo não pára. Isto vem a propósito das últimas prestações da equipa de futebol onde parece faltar qualquer coisa, aquela raiva ou revolta contra o inevitável, que se espera sempre de quem tem a tal cultura de vitória. Depois o discurso dos colossos e dos pobrezinhos também não ajuda, e não é saudável esgrimir argumentos baseados nas diferenças orçamentais quando ao mesmo tempo não se denunciam as causas dessas mesmas diferenças. É preciso fazer alguma coisa, porque esta situação só interessa aos actuais beneficiários… que não somos nós.
Mas a cultura de vitória tem que se estender a todo o clube, às modalidades de alta competição, e nesse aspecto apraz-me registar o comportamento do treinador de andebol, inconformado com a prestação da equipa frente ao Águas Santas, último classificado e até ontem só com derrotas. Sem paliativos disse o que se esperava, que um candidato ao título não pode jogar assim! E como também vi o jogo de basquetebol contra a Ovarense, constatei mais uma vez que não vale a pena manter equipas profissionais para serem cilindradas pelos seus adversários directos, e sem quaisquer hipóteses de réplica! Já sei que a explicação para a expressiva derrota é que a Ovarense é um colosso…
Saudações azuis.

Post-Scriptum: Parece que o Weldon não foi convocado, o que diminui ainda mais a nossa capacidade ofensiva. Vamos ver no que dá a deslocação ao Bessa. Mas é preciso marcar golos… e aquela força interior que faz a diferença.

quinta-feira, outubro 04, 2007

Belenenses 0 - Bayern Munique 2

O Belenenses despediu-se da Taça UEFA com uma derrota no Restelo. Durante a primeira parte ainda foi possível adiar o inevitável, mas a reentrada impetuosa dos alemães na segunda metade deu frutos. Bastou uma falha da defensiva azul para Luca Toni marcar o primeiro golo. A eliminatória estava definitivamente comprometida. O segundo golo foi talvez castigo imerecido, mas o futebol é assim. Precisamos de marcar golos, a táctica só não chega.
Saudações azuis.

terça-feira, outubro 02, 2007

Pelé e o Belenenses

Não há belenense que não ligue Pelé ao nosso Vicente Lucas, também um grande jogador e que soube como ninguém travar o passo ao génio brasileiro. O que eu não sabia (ou não me lembrava) é que tinha sido o Belenenses quem apadrinhou a sua estreia! Com a devida vénia transcrevo um depoimento de Aurélio Márcio, publicado no jornal Público de ontem (01/10/2007):

“Uma curiosidade de que talvez as pessoas não se lembrem foi que Pelé estreou-se na sua carreira com 15 ou 16 anos, no Rio de Janeiro, contra a equipa do Belenenses. Lembro-me perfeitamente do jogo e o que este miúdo fez no estádio. Foi talvez há cinquenta anos. Jogadores como o Pelé, naquele tempo, haviam aos montes. Numa viagem de avião, para o Rio de Janeiro, ía sentado ao lado de Pelé, recebi um autógrafo numa nota de cinco dólares. Ainda devo ter essa nota. Pelé é considerado o melhor jogador da história do futebol. Mas há muita gente que discorda. A verdade é que ele foi por ali a cima, e nunca mais parou.”

Uma curiosidade que registo com agrado neste espaço. Mais uma história do Belenenses, que fica para a história.
Saudações azuis.