terça-feira, maio 31, 2005

A Pista de Atletismo (1ºepisódio) “ A falsa partida”

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“Leões no pódio … Tudo começou a mudar com a vitória de Francis Obikwelu nos 200 metros, saindo apressado para regressar a Madrid, onde vive e se treina.”
Jornal “A Bola” (Online) de 30 de Maio de 05.


O Estádio do Restelo tem uma pista de atletismo e o Francisco Obikwelu (que raio de apelido para um Português) corre na pista de atletismo que o Sporting não tem. Estou a ironizar porque o Obikuelu (escrito assim parece-me melhor) treina em Espanha como a maior parte dos nossos atletas de alta competição (!). Este é o verdadeiro ecletismo dos nossos Clubes de Futebol. O nosso Governo gosta de subsidiar isto e aí está uma das razões porque é que, de quatro em quatro anos, andamos um tanto ou quanto desconsolados.
Bem, mas lá vai a pergunta da praxe (sempre difícil): Caros consócios, trocavam a pista de atletismo pelo Obikwelu com a Cruz ao peito?

segunda-feira, maio 30, 2005

Estou daltónico, ou podemos sonhar?

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P.S.: Obrigado Vitória de Setúbal por estes momentos de calmaria.

sábado, maio 28, 2005

As minhas tardes inesquecíveis

Ao fim de uma tarde, no princípio de Outubro de 87, depois de um jantar à beira rio, partimos eu o meu pai e um grupo de amigos rumo ao Estádio do Restelo.
No topo norte, de onde assisti a alguns jogos na altura, instalamo-nos no meio de muita gente, incluindo espanhóis adeptos do Barcelona. O ambiente estava espectacular e o momento do golo do Belenenses foi inesquecível, ganhamos 1-0.
Não sei se foi dos primeiros jogos que assisti no Restelo, foi certamente dos melhores e apesar de termos sido eliminados da taça UEFA continua a ser o modelo que imagino para os jogos que gostaria de ver sempre no Restelo, com muito público, emoção e uma vitória no fim. Tinha 14 anos de idade e já era do Belenenses, sempre fui e continuaria a ser mesmo que não tivesse assistido ao vivo a este jogo, mas poder recordar jogos como este é um privilégio.
Infelizmente, depois desta tarde, só em Maio de 89 voltei a assistir a um jogo igualmente inesquecível, a final da Taça de Portugal. Não foi no Restelo mas conquistamos um título.

Foi há 16 anos, estivemos lá.



Hoje não posso deixar de falar do décimo sexto aniversário da conquista da Taça de Portugal. É muito mais fácil falar de momentos a que assistimos. No entanto tenho que confessar que a minha memória desse tempo não é muito nítida. Em 89 ainda estava na fase que vou designar de “fase do topo norte” porque era de ai que assistia aos jogos, com o meu pai, no Restelo. Ainda não era sócio e não ia com muita regularidade ao futebol, apenas quando aconteciam jogos mais importantes. Lembro-me do Belenenses – Barcelona, de um Belenenses – Porto e de um Belenenses – Setúbal. Mas ida ao Jamor foi o momento alto desta fase e a conquista do título foi sem dúvida marcante. Nesta fase foi o meu Pai que, não sendo um adepto “ferrenho” teve um papel importante, ao levar-me a esses jogos estava a assegurar a continuidade, na família, de adeptos do Belenenses. É claro que contou com uma ajuda preciosa, uma equipa que disputava uma eliminatória das competições europeias com o Barcelona e disputava a final da Taça com o Benfica (e ganhava) é sem duvida uma ajuda importante. E era aqui que eu queria chegar. Hoje, e desde ai, o Belenenses já não chega à final da taça nem vai às competições europeias, e quando nestes dias nos lembramos dos momentos da nossa Historia (em especial os que assistimos) e se fala em trazer juventude para o Clube, dá que pensar. E eu dou comigo a pensar “como é que os jovens até aos vinte e tal anos, que não se podem lembrar como eu da final da taça, podem ser do Belenenses, quando os que se lembram cada vez se afastam mais do Clube”.
Bem, enquanto esperamos que os dirigentes façam a sua parte, nós vamos fazer a nossa.
Com estes artigos intitulados “As minhas tardes inesquecíveis” pretendemos, em poucas palavras, partilhar momentos, bons e maus, que vivemos e que nos ficaram na memória. O objectivo é incentivar quem viveu esses momentos desafiando-os também a completar estes artigos, por exemplo com datas ou com factos que nos escapem e assim transmitir aos mais jovens a História do Belenenses, e incentiva-los a participarem no presente do Clube. Quem quiser pode também descrever em poucas palavras uma tarde inesquecível, que queira partilhar.

Entretanto na RTP memória lembraram-se de nós. Desta vez não nos podemos queixar. Cheguei a casa a tempo de ver a segunda parte. Achei curioso os dois golos aconteceram logo depois das expulsões. O do empate depois do Valdo sair e o da vitória depois do Zé Mário sair, já não me lembrava.
Quanto à arbitragem. Vi um jogador do Belém pontapear o Veloso, se fosse hoje este tinha caído para enfatizar a situação até o jogador do Belém ser expulso. Na expulsão do Zé Mário não se vê a primeira agressão mas, pela reacção do Ricardo, acho que podemos dar o benefício da dúvida, claro que esta reacção hoje seria também punida. Globalmente, estou a falar da segunda parte, acho que a arbitragem foi positiva e normalmente vista nos dias de hoje a actuação do árbitro passaria desapercebida não fossem os critérios em relação à virilidade estarem desactualizados.
Por ultimo, reparei, que só quando sofremos o golo do empate começamos a jogar (o que se compreende pela importância do jogo e pelo favoritismo que é atribuído ao adversário), hoje muitas vezes isso só acontece depois de estarmos a perder mesmo em jogos menos importantes, tem a ver com garra e ambição. Deviam passar este jogo no princípio da próxima época para os jogadores, treinadores e até os dirigentes verem.

quinta-feira, maio 26, 2005

Balancete de uma época

Vamos lá fazer as contas:
Objectivos: entre o 5º e o 9º lugar – ficámos em 9º mas não nos livrámos de alguns sustos…Lembram-se do meu arrazoado sobre ambição e como ela se transmite?
Mais em pormenor:
Treze vitórias, catorze derrotas e sete empates. Mediania quase absoluta. Dez derrotas fora de casa! Cinco empates e apenas duas vitórias… Mas que enorme falta de personalidade! Pior do que nós só uma ou duas equipas.
Coisas positivas: Carvalhal estruturou uma equipa. Com as insuficiências apontadas (a maioria do foro psicológico), a verdade é que hoje o Belenenses tem uma equipa que não se ressente da saída deste ou daquele jogador. É isso que define uma equipa.
O momento decisivo, em minha opinião, aconteceu com a indispensável estabilização do sistema defensivo. Éramos, até Janeiro, uma das defesas mais batidas do campeonato, e a partir daí, parámos de sofrer golos.
Quer isto dizer, também, que as aquisições de Dezembro foram importantes!
Mas não há bela sem senão – à estabilização defensiva sucedeu menor eficácia atacante, não obstante nunca nos esquecermos que esta Super Liga foi a mais competitiva de sempre, e até à última jornada!
Assim sendo e em conclusão, precisamos de estruturar a próxima época aprendendo alguma coisa com os erros cometidos:
- Rever a questão fundamental da exigência e da ambição, que devem estar a cargo sobretudo da Direcção e Administração da SAD. As prestações fora de casa falam por si…
- Reforçar o ataque com avançados mais regulares.
- Encontrar um carregador de piano que o Juninho não conseguiu ser.
- Preparar a substituição do Wilson.
Se não destruirmos o equilíbrio defensivo já alcançado e obtivermos verdadeiras mais valias nos sectores apontados, penso que conseguiremos chegar aos cinquenta e cinco pontos. E ao que isso representa…

terça-feira, maio 24, 2005

Uma tarde irritante…..

Já não há pachorra para ver aquilo. E a coisa até começou bem – um cafezinho e uma torta de maçã na secção de rugby, servido por gente civilizada. Confesso que quando ali vou, sinto a consciência pesada pelo meu anti-ecletismo primário. À saída, acabo por fazer algumas concessões à “modalidade” desde que não façam mais buracos na relva!
Bem, mas regressemos ao jogo com o Vitória de Setúbal e àquele estafado 4.4.2. do Carvalhal. E a mania de jogar com dez!!! – o Amaral já se esqueceu de jogar em uma data de lugares! Hoje, é defesa-direito e basta. Ainda por cima reapareceu a marcar livres, cantos, pontapés à baliza, etc., e eu só tenho pena que os treinos tenham acabado, senão ia lá ver, porque o homem deve partir traves e furar redes que só visto!
Agora, a sério, neste sistema, e com pontas de lança a fingir, muito dificilmente marcaremos um golo!
Lourenço é o melhor amigo da relva – ninguém como ele para conhecer o relvado do Restelo! E está sempre em observação atenta e próxima. Espero que comunique ao Jardineiro-mor que aquilo está uma vergonha!
Paulo Sérgio, que é bom flanqueador, não tem condições para jogar a ponta de lança, em ataque continuado.
A equipa só se equilibrou na segunda parte, quando jogou com o Eliseu e o Paulo Sérgio nas alas. Ainda assim eu teria tirado o Lourenço em vez do Ruben Amorim, mas isso já é um bitaite…
O jogo era a feijões mas saí de lá irritado.

Registo:
- O abandono do Tuck, jogador brioso e que sempre honrou a camisola!
- O aplauso, no intervalo, aos jovens campeões das “modalidades”!
- “O futuro aplauso aos campeões de futebol juvenil”!!!
- O Pelé está um senhor jogador!
- O Renato melhorou com o decorrer do jogo!
- O Eliseu entrou bem na partida!
- O Rodolfo Lima precisava de ter tido mais oportunidades. Scopeli faria dele um grande ponta de lança… (eu sei que nesta altura há gente a sorrir, mas eu já vivi muitas surpresas no futebol!).
- Existem fórmulas de treino individual que melhoram a condição técnica de base dos jogadores; e existem outras fórmulas (inadequadas) que transformam os jogadores em “matacões”! E já nem falo na ansiedade!? Mas estas são contas de outro rosário…

JSM

As minhas tardes inesquecíveis

Bancada dos sócios, estou no enfiamento da linha de fundo, Matateu marca o canto ali, ao pé de mim, Costa Pereira mete as mãos à bola e ela entra. O árbitro invalida o golo argumentando que a bola deu a volta ao Cristo-Rei…
Eu fico mudo no meio da surpresa e indignação gerais. A raiva veio depois.
À noite, o Major Baptista da Silva levou um calhamaço de Física, para o Domingo Desportivo e tentou explicar que as leis da Física estavam a ser postas em causa no Restelo!
A verdade é que a cor da Física já tinha mudado…

JSM

sábado, maio 21, 2005

Um fim-de-semana perfeito

Para mim, um fim-de-semana perfeito, tenho que ser sincero, é quando o Belenenses ganha e o Benfica perde. Claro que a coisa pode melhorar: o Belenenses ganha fora, o Benfica perde em casa e os outros dois também perdem!Às vezes, em circunstâncias especiais, vou um bocadinho mais longe, e atrevo-me a sonhar: imagino o título de segunda-feira no jornal “A Bola” – “Belenenses ganha na Luz e tira Campeonato ao Sporting”… Nesta altura, normalmente, acordo sobressaltado!

JSM

quarta-feira, maio 18, 2005

Teoria da Conspiração

Os inter nautas que gostam de me visitar no Belém Integral, já devem andar preocupados com o meu estado de saúde, vendo-me assim, amargo, obsessivo, com a mania da perseguição…, enfim, uma série de comportamentos desviantes a reclamar colete-de-forças e rápido internamento. E eu tenho que admitir que tudo isto pode acontecer!
Mas, entretanto, sobre o futebol Português, ninguém tem dúvidas que está doente. O problema é que, ao contrário da minha pessoa, não se quer tratar. Mais e pior, anda a fingir que se trata!

Analisemos então os factos:

- Um grupo de clubes da Liga subscreve um Manifesto (entre eles está o Belenenses) a propor um conjunto de medidas para credibilizar as competições organizadas pela Liga.
- À cabeça, a inevitável questão das arbitragens e a repetitiva proposta de autonomização dos árbitros! Aqui, não resisto a referir, que Portugal, tem de facto, um problema com as arbitragens. Ao nível do poder Político andam os partidos e toda a gente muito preocupada, e há imenso tempo, a ver se conseguem arranjar o próximo árbitro do Regime. A ideia é que seja da “cor”. No futebol, idem, idem, aspas, aspas.
Estranho neste caso, ou talvez não, o facto de serem Benfica e Sporting a empunhar a bandeira dos espoliados, quando toda a gente sabe que as vítimas permanentes das arbitragens são os clubes pequenos!
- A oportunidade do passeio e da reunião na Sede da Liga numa altura de grande fragilidade dos principais dirigentes nortenhos!
- O relatório da Deloitte sobre as usuais e catastróficas contas da Liga a justificar intervenção Governamental. Curiosamente os grandes prevaricadores são os três Grandes e também por isso a iniciativa do Manifesto causa algumas perplexidades!

Estes são os factos. Vamos lá ver o que é que eles querem:

Benfica e Sporting estão falidos e só têm dívidas. O Porto também, mas tem uma “almofada” maior. Além disso, construiu nos últimos trinta anos algumas “condições” que os outros dois não têm.
Como se não bastasse, estão completamente dependentes das receitas extraordinárias da UEFA e daí o nervosismo quando algum incauto se tenta intrometer nos lugares cimeiros da classificação!
Como não querem fazer a aconselhável dieta, ou seja, resolver o problema pelo lado da despesa, preferem, (tal como o País e o Governo), a fuga para a frente em busca de novas fontes de rendimento.
Esgotadas as clássicas receitas dos nossos clubes de futebol: Subsídios, Bingo, bombas de gasolina, urbanizações, e, nalguns casos, transferências de jogadores e uns quantos bilhetes para ver o espectáculo (!), os Grandes procuram agora desencantar mais qualquer coisinha.
Contam para o efeito com o apoio entusiástico de toda a Comunicação Social e sabem como o Poder Político é sensível à propaganda do País através do Futebol, um velho hábito nacional, muito comum nas antigas democracias populares de Leste. Hoje, para além de Portugal, ainda subsiste em Cuba e… na Coreia do Norte. Mas o que é que se pode fazer?! Nós somos assim…
Bem, mas perguntam os leitores – que mais receitas haverá?
Claro que há!
Então não se lembram da campanha para a redução de clubes na Liga? Esfriou um bocadinho porque afinal um dos grandes argumentos era sua pouca competitividade?!
Os escribas de serviço ainda tentaram convencer o pessoal que a Liga estava nivelada por baixo, mas com a sistemática presença de clubes portugueses nas finais Europeias, deixaram-se disso.
Claro que a verdadeira preocupação, para eles, para o público em geral e para o Poder Político em especial, é a excessiva competitividade da Super Liga que torna mais difícil o acesso “seguro” à chamada “Liga Milionária”, situação muito desagradável para “os nossos três meninos”…
Aqui também não resisto a um comentário: Afinal, nesta Super Liga, os únicos intervenientes no espectáculo que não são competitivos, são o público!!! (inclui os Governantes quando estão a ver a bola) e a Comunicação Social!!!
Mas o objectivo primacial da redução tem a ver com a possibilidade de terem tempo para as suas digressões ao estrangeiro e para a realização de mais torneios particulares e consequentemente, mais dinheirinho.
Afinal os nossos emigrantes ficam muito contentes e quem sabe se o Ministério dos Negócios Estrangeiros não está na disposição de lhes atribuir alguma verba, a título de Embaixadores itinerantes?!
Outro grande aliado das reduções, sempre disponível, é o Presidente da estrutura fóssil conhecida pelas siglas FPF. Também ele precisa de mais datas para os jogos e estágios das suas inumeráveis Selecções, e pode ser que ainda se arranje algum dinheiro para compensar os clubes que fornecem jogadores, coitados…
Já viram os “argumentos” redutores…

Ao contrário, o que é que nós queremos:

Sobre reduções, aquilo que é imperioso fazer, é escavacar a FPF, substituir aquela engrenagem paleolítica, democratizá-la, (lembram-se dos episódios das ultimas eleições para aquele Politburo!), reduzir clubes e Divisões e restringir o acesso à Liga, através de um exigente Código de Admissibilidade. (Ver “Diga 33”)
Claro que todos percebemos que a redução de clubes na Liga é uma autêntica machadada nos outros trinta e três Clubes, que não fazem digressões nenhumas, têm menos jogos para ter receitas mas têm que continuar a pagar salários aos seus trabalhadores, (os jogadores), entretanto mais inactivos! Grande golpada?!
A troco de quê, é que algum dos trinta e três clubes vai aparar este golpe?
O que precisamos é de valorizar as competições da Liga, precisamos de mais jogos, e em melhores condições.
O Belenenses propôs em tempos, e bem, a realização da Taça da Liga, mas os Grandes, claro que não quiseram…, mas temos que insistir, reservando ao vencedor um dos lugares disponíveis nas competições Europeias.

Quanto ao resto, agora já sabem porque é que eu ando esquisito … e desconfiado.

JSM

segunda-feira, maio 16, 2005

O OBJECTIVO

Como já devem ter percebido o “Belém Integral” pretende apenas contribuir, na medida das suas parcas energias, para a mudança de mentalidades, sem a qual, no nosso entender, qualquer reforma é ineficaz. Ninguém me nomeou para isto, estou portanto em autogestão e sei que arrisco passar por pretensioso. Mas não é esse o preço de ter opinião?
Poderemos entretanto questionar, se a Blogosfera, e mais especializadamente a blogosfera ligada ao Belenenses, será o espaço de eleição para essa cruzada (?!). Penso que sim e explico.
Em primeiro lugar a Blogosfera è por enquanto o único espaço mediático onde não se faz sentir a ditadura do “politicamente correcto” e isto vale para todas e quaisquer manifestações da sociedade civil. Acontece que em Portugal a paupérrima sociedade civil que somos só se interessa por Futebol e para aí continua a canalizar todas as suas energias e frustrações. Também me revejo, infelizmente.
O futebol não tem culpa e é um extraordinário espectáculo desportivo que adoro e por isso bater-me-ei sempre para que seja verdadeiro espectáculo e verdadeiramente desportivo. Acontece que o Belenenses ganhou o seu único Título há mais de meio século (!) e neste “perpétuo sistema” poucas probabilidades terá de o voltar a ganhar. Para nós a mudança é essencial.
JSM

sábado, maio 14, 2005

DESENCANTO

“Um pouco mais de sol e eu era brasa
Um pouco mais de azul e eu era além
Para atingir faltou-me um golpe de asa
Se ao menos eu permanecesse aquém
…………………………………………………………

(“Indícios de Ouro”- Mário Sá Carneiro)

Estes versos lembram-me o Belenenses. Quando a duas jornadas do fim, olho para a pequena distância a que estamos do 5º lugar, concluo, que afinal, com um bocadinho mais de ambição e carácter, era possível…

JSM

sexta-feira, maio 13, 2005

Belém Sul

Nasci na Junqueira, pertinho de Santo Amaro e não muito longe das Salésias. Aos Domingos ía com o meu pai ao futebol e guardo desses momentos algumas imagens que gosto de recordar. O peão inclinado, de terra batida, a minha minúscula criatura a tentar, desesperadamente e em bicos dos pés, adivinhar o que se passava no relvado e a inevitável pergunta a seguir ao jogo. Então pai, ganhámos? Nas brumas da memória restam a careca do Serafim e as correrias do Narciso!
Depois, mudámo-nos para a Outra Banda.
Nesse tempo, subindo pela Trafaria, Murfacém, Costas do Cão e Pêra, até ao Monte de Caparica, ou descendo pela Fonte Santa até ao Porto Brandão, sem esquecer claro a Vila Nova e a Costa da Caparica, era possível confirmar que o Tejo não nos separava de Belém.
Os anos correram e nós continuámos a atravessar o rio para ver jogar o Matateu e o Yaúca, mas a cada época, a frustração aumentava e a malta ía diminuindo. Belém parecia mais longe.
Hoje, quando as fidelidades enfraquecem e os pais já não transmitem a herança, alguns resistentes ainda sustentam a memória e a esperança. São pequenos grandes baluartes que engrandecem o Belenenses e de quem me orgulho de ser consócio. Quando nos encontramos lembro-me daquela máxima que o meu pai gostava de repetir: “para se ser do Belenenses é preciso ter a coragem de não ser, nem do Sporting nem do Benfica”.

JSM

quinta-feira, maio 12, 2005

O princípio do contraditório

Foi assunto da ordem do dia por razões de conveniência mas deixou de interessar. Ao contrário, penso que é um problema relevante na sociedade Portuguesa, e que devemos encarar com toda a frontalidade.
Diariamente, todos verificamos, que os Media, todos eles, transmitem a mesma visão uniforme, unânime e “politicamente correcta” da realidade. Dir-se-ia que em Portugal não há oposição salvo em pequenos pormenores que têm mais a ver com a luta pelo “tacho” do que propriamente com a vontade de mudar o essencial. A sociedade imobilista que somos explica-se por si, e ao mesmo tempo explica o progressivo atraso em relação aos nossos parceiros Europeus.
Para agravar a situação, uma mentalidade redutora, herdada da Ditadura e incapaz de se regenerar, afirma-se cada dia mais dominante, ameaçando transformar o País numa pequena região ibérica!
Perguntar-me-ão, mas o que é que isso tem a ver com o Belenenses?
Tem tudo a ver com todos nós e também com o Belenenses. Eu explico:
Quem é que não se irrita ao ver o Telejornal da Televisão Pública, sentindo-se na obrigação de noticiar diariamente, mesmo quando não há notícia, o que se passa no Benfica, Sporting e Porto, desequilibrando sempre e ainda mais a competição desportiva?
Quem é que aceita aquelas ridículas mesas redondas onde nunca está presente, salvaguardando o tal princípio do contraditório, qualquer representante dos interesses dos Clubes ditos pequenos?
Quem é que consegue digerir os imbecis programas “desportivos”sobre a jornada, que gastam míseros segundos a tratar dos pequenos e horas a repetir imagens dos grandes?
Quem é que, não sendo completamente alienado, não desliga o som, para não ouvir os comentários aos incidentes do jogo, que invariavelmente obedecem ao princípio – na dúvida, a favor dos grandes?
Não vale a pena falar dos jornais porque aí o panorama ainda é pior.
Nestas condições, que fazer?
Aqui na blogosfera, espaço por enquanto relativamente livre, denunciar sistematicamente a situação pois pode ser que não estejamos a pregar no deserto.
Noutro plano, que também por aqui venho esboçando, a Direcção do Belenenses pode pegar nesta “bandeira” justa, que ao fim e ao cabo se destina a dar voz aos outros 33 Clubes que também estão inscritos na Liga.
Assim seja.

JSM

Um PEC para os Clubes de Futebol

Então andam os Governos completamente desesperados a ver se cumprem os 3% do deficit imposto pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento, lançando mão de todos os subterfúgios, no limite, equacionam vender as Berlengas, tudo para escapar ao terrível (só para alguns) Processo de Incumprimento da UE, e cá dentro, ninguém cumpre essa obrigatoriedade contabilística?!
Já não falo nas famílias, mas os Clubes de futebol, com franqueza…
Claro que os nossos Clubes quando por lá aparece qualquer Inspecção, têm sempre tudo em ordem, as certidõezinhas a jurar que está tudo regularizado, os carimbos todos em dia e os Inspectores (de que clube serão?) ainda se arriscam a um processo por obstrução ou coisa semelhante.
Por ultimo, se alguém se atreve a sugerir que o passivo pode estar um bocadinho elevado, é imediatamente esmagado pela contabilidade “criativa” e então podem ouvir-se expressões do género – “o nosso Estádio (não pago) está subavaliado, vale muito mais que isto” ou então “tenho aqui jogadores com propostas de compra que vocês nem imaginam”.
Incapaz de prosseguir com tais piruetas, um interlocutor normal tende a afastar-se, mas é carregado pelas costas e ainda tem que ouvir – “como somos sérios e isto é das poucas actividades rentáveis, quando não têm nada que fazer vêm atacar o futebol”!
Do livro: “Subsídios para a compreensão do Futebol Português”.

JSM

quarta-feira, maio 11, 2005

“A BOLA”, as contas da “DELOITE” e o “Senhor de La Palice”

Anualmente, aquelas duas Instituições reúnem-se com a memória do “Senhor de La Palice”, com o objectivo de nos apresentar, através de imensos números, a “dura” realidade do Futebol Português.
Invariavelmente, as conclusões são sempre as mesmas: os Grandes recebem milhões, mas gastam biliões…; os pequenos não servem para nada e só atrapalham…; os Estádios estão sempre vazios, excepto quando jogam os Grandes…; etc. etc.
Invariavelmente, as medidas terapêuticas propostas também são sempre as mesmas: temos que reduzir o numero de clubes na Liga, porque assim os Grandes não aguentam…; os pequenos têm que fazer dieta…; etc. etc.
Se lessem o Belém Integral ficariam admirados com a terapia que temos vindo a propor:
1. Uma dieta rigorosa para os Grandes;
2. Uma redistribuição mais equitativa dos dinheiros gerados nas competições da Liga;
3. Uma taxa sobre as receitas extraordinárias geradas nas competições Europeias, para redistribuir pelos clubes da Liga;
4. Introdução do “princípio do contraditório” na comunicação social desportiva com o objectivo de dar voz aos Pequenos;
Por ultimo, no âmbito da psicoterapia, deixava uma mensagem aos adeptos: apaixonem-se pelo Clube da vossa Região!
Como se vê, estamos nos antípodas e por cá continuaremos.

P.S.
Está em preparação mais uma golpada sobre o Futebol Português, em que o Belenenses será sempre vítima. Peço aos verdadeiros desportistas que me apoiem.

JSM

terça-feira, maio 10, 2005

“A BOLA” à minha procura

O jornal “A BOLA” anda a ler o “Belém Integral” e esta segunda-feira tomou uma decisão editorial! Vai regenerar o futebol português?! E dizem como: a partir de agora não publicam nada que possa estragar o seu derbysinho.
Já começaram a meritória cruzada – na capa, a toda a largura, Manuel Fernandes e Pedro Barbosa disputam um lance; no canto inferior direito, surge a pequena notícia, sem direito a boneco, do empate no Moreirense-Porto.
Prosseguindo, no cantinho reservado ao Penafiel, lê-se, e cito na íntegra, para não tirar brilho a esta magnífica peça pedagógica:
“Benfica não deverá receber qualquer factura”, pequeno título que nos introduz no grande título, a letras gordas – “DANOS LIGEIROS NO 25 DE ABRIL” - refere-se ao jogo e não à data, embora o texto se preste a algumas confusões: “Os últimos minutos do jogo com o Benfica foram marcados por situações de violência. Primeiro foram os objectos lançados para o terreno, que atingiram o penafidelense Odaír; depois foi a carga policial num dos topos do estádio, onde se encontravam as claques do Benfica. Os bombeiros presentes no estádio socorreram, ainda nas instalações do clube, dois adeptos do Penafiel, que apresentavam queixas por terem sido atingidos com isqueiros. A GNR também conseguiu identificar dois adeptos do Benfica que, na mesma bancada onde aconteceram os desacatos, terão sido responsáveis pelo rebentamento de dois petardos.”
Finalmente, o autor do texto, sossega os seus leitores: “Apesar dos momentos de pânico e de violência registados no Estádio 25 de Abril, (aqui percebe-se que não é na data), os estragos não foram muito avultados…” (e assim), “o Penafiel não deverá enviar a conta ao Benfica.”
Ficamos todos descansados, mas digo-vos uma coisa: se o Jornal “A BOLA” anda a ler o blog, não percebeu nada do que lá está escrito!

JSM

Leitura Matinal

Quando vou comprar o jornal desportivo o dono da tabacaria, homem muito compreensivo, sabendo que eu sou do Belenenses, faz-me sempre um grande desconto atendendo ao espaço e ao nº de linhas que as notícias sobre o meu Clube ocupam no referido jornal. Aquele ou qualquer outro. Estou-lhe agradecido por isso. Mesmo assim, lido o jornal, fico sempre com a sensação estranha de ser um intruso, penso sempre que aquele espaço podia ser melhor aproveitado para dar mais uma notícia sobre o Mantorras ou sobre a família do treinador do Sporting. Em última análise uma bicada no Pinto da Costa é sempre uma boa notícia. Tenho estes pensamentos todos (!) no Café onde costumo ir de manhã tomar o pequeno-almoço e à saída, lida e relida a notícia sobre o dia de folga do nosso plantel, pratico sempre o meu acto de generosidade: ofereço o jornal ao cliente que, sentado defronte, vai fazendo ginástica tentando desesperadamente apurar, entre os movimentos da minha leitura, se a capa traz o Liedson ou o Simão.
Afasto-me com o sentimento do dever cumprido. Afinal aquele jornal é muito mais dele do que meu.

JSM

domingo, maio 08, 2005

Os “Biombos”

O biombo é uma peça de mobiliário, constituída por vários painéis articulados, muito decorativos, com o objectivo fundamental de tapar ou esconder as zonas menos nobres das nossas habitações e o que lá se passa.
Têm origem na China (como quase tudo) e os portugueses nas suas viagens, descobriram-nos, gostaram deles, e usam-nos muito.
Por exemplo, a nossa Federação de Futebol tem para lá um grande biombo, a imitar os antigos, e que praticamente não nos deixa ver nada. Tapa a sala toda e eu considero que aquilo é mais um tapume do que um biombo!
A Liga, mais propriamente, os donos da bola, querem agora substituir o biombo que lá existe, que aliás, foi há pouco tempo a concertar! De facto está muito estragado, tem levado muitos safanões e está todo esburacado.
Tem tantos buracos que já nem se percebem bem as chinesices que eram tão bonitas e tão decorativas!
Agora, pelos buracos, vê-se quase tudo o que se passa lá dentro: os cozinhados, os corredores, os alçapões e até o pessoal de faca na liga (?!) que por lá anda e não devia andar…
Valha a verdade que este biombo teve sempre um defeito – esquecia-se muitas vezes que era biombo e aparecia no meio da sala ao pé das cómodas, o que era desagradável.
Bem, espero que as cómodas (digo, os donos da bola) encontrem um biombo à medida, mas que não o vão buscar aos antiquários do meu bairro…De resto, a Liga não precisa de biombos, precisa é de trocar a mobília toda.
JSM

NECA

Parece que o Neca vai para Guimarães. É pena, mas desde que me lembro do Neca, a ideia que tenho é que ele todos os anos queria sair. Jogador que prometia muito, mas que verdadeiramente nunca explodiu, podia ter sido um ídolo em Belém. Mas penso que nunca quis!
Entretanto continuo à espera de ver surgir da “cantera” azul aquele jogador, que existe mais ou menos em todas as equipas, e que nós já tivemos, mas foi há muito tempo: raçudo, que sente a camisola e que, quando é preciso, pega na equipa e leva-a às costas, até à vitória.
Hoje fabricamos jovens, tecnicamente dotados, sem dúvida, mas que só pensam em “dar o salto”.
Mas ainda não perdi a esperança de ouvir um jovem crack com a cruz ao peito, responder à letra, à eterna pergunta dos nossos jornalistas: então, gostava de representar um grande?
Fico satisfeito com as seguintes respostas:

1. Já jogo num Clube grande.
2. Em Portugal só jogo no Belenenses.
3. Espero dar o salto, um dia, para o … Real Madrid, se o Belenenses autorizar.

Fora disto, é de menos.

JSM

sexta-feira, maio 06, 2005

A " regeneração do Futebol Português "

Não fosse o meu enraizado cepticismo e eu até podia acreditar nas boas intenções e nas ideias reformadoras agora propostas pelos eternos beneficiários do perpétuo sistema vigente.
Objectivamente concordo com muitas das medidas anunciadas no tal Manifesto, cuja autoria, suponho, anda ligada ao Presidente do Sporting. Sendo Empresário, já deve ter percebido que o nosso Futebol está falido e nos actuais termos, não é viável.
Mas, há sempre um mas, não nos podemos esquecer que há muito dinheiro em jogo, que há muita gente a viver do Futebol tal como está, que sabe bem o terreno que pisa, e sente que o Poder Político, única entidade capaz de enfrentar a “besta”, está amarrado e comprometido com a situação. No fim de contas sempre se inventará uma solução qualquer, até porque o dinheiro do Orçamento de Estado não lhes custa a ganhar e portanto não lhes custa a gastar!
Não foi sempre assim?!
Claro que um dia a casa vai abaixo.

P.S. Ao contrário, penso que isto só começará a mudar quando os outros Clubes da Liga, que não os Grandes, se unirem, para deixarem de ser verbos de encher. Não será fácil, pressupõe alteração de mentalidades, mas é possível.

JSM

quinta-feira, maio 05, 2005

ESTÁDIO DO RESTELO – Todos de Parabéns.

Costuma dizer-se que ‘tudo está bem, quando acaba bem’! É verdade, terminou em beleza a novela do Projecto Imobiliário.
Sem conhecer pormenores e pelo que li nos jornais, penso que estão de parabéns:
Sequeira Nunes – negociou e levou a bom termo um projecto que se traduz num valor acrescentado para o Clube, tudo isto, sem alienar património e sem comprometer a necessária requalificação do Estádio do Restelo, e sua envolvente.
C. M. L. – através de Santana Lopes e Carmona Rodrigues, com uma proposta que eu classificaria de irrecusável. Aliás este Executivo Camarário fica na História do Belenenses como o primeiro que declarou, sem ambiguidades, “ que o Belenenses terá sempre o mesmo tratamento por parte da C.M.L. que Sporting e Benfica!”
Registamos e saberemos ser gratos.
Oposição – seria injusto não realçar Mendes Palitos, que na recente campanha eleitoral, teve dúvidas e sempre questionou, com razão, a prevista alienação de Património do Clube.
À nova Direcção, que hoje toma posse, pede-se que concretize com êxito o citado projecto imobiliário, e noutro plano, que não descure a requalificação do Estádio do Restelo.

quarta-feira, maio 04, 2005

Os suspeitos do costume

Os jornais desportivos que temos, gostam de empregar a expressão em epígrafe para, muito contentes, realçarem a chegada dos chamados 3 grandes aos seus lugares cativos no topo da classificação!
Eu dou à expressão o seu sentido literal. De facto lá estão eles outra vez, e se o País, órfão e alienado, parece tranquilo, a mim apetece-me telefonar à Polícia.
Domino-me, tomo uma aspirina, e recomeço a falar sozinho:
Na Luz – cartão amarelo madrugador ao defesa-direito do Belenenses a castigar uma falta banal (lembrei-me logo do Algarve-Benfica); depois, o penalty do costume.
Nas Antas – golo irregular dá vitória ao Porto;
Em Braga – com o resultado ainda em branco, Tello puxa a camisola do Wender, na área do Sporting. Segue jogo.
Claro que eu compreendo, está-se a aproximar o fim do Campeonato e há que ficar tudo (bem) resolvido.
A questão das questões nem é desportiva. Não nos podemos esquecer que o dinheirinho das competições Europeias é fundamental para mascarar a situação de falência técnica em que vivem alegremente Benfica, Sporting e Porto. Afinal eles precisam e a caridade é uma virtude!
Portanto, haja o que houver, temos que correr com os intrusos que inadvertidamente apareçam no cimo da classificação.
Pelos vistos o assunto está a ser tratado.

JSM

O Clube dos 6 milhões

O grande “leader ” LFV acaba de declarar “urbi et orbi” que afinal são 14 milhões, logo quer ser devidamente recompensado. O caderno reivindicativo adivinha-se:
1. Mais subsídios do Orçamento de Estado;
2. Mais Impostos e Contribuições por pagar;
3. Centro de Estágio a cargo da Câmara do Seixal como contrapartida da Honra concedida;
4. Licença de utilização de um 12º jogador, sempre que necessário (equipa de arbitragem não incluída);
Nota: Eles até podem declarar-se interplanetários, agora o que têm è que cumprir as regras que os outros cumprem, nomeadamente:
1.Alinharem só com onze jogadores;
2.Pagar os Impostos e Dívidas como os outros;
3.Deixar de “canibalizar” Clubes concorrentes (vide Alverca, Estoril, e qual será o próximo);
Mesmo assim, penso que são grandes de mais para um País tão pequeno!
Não seria possível exportá-los?
JSM

No dia em que Mourinho perdeu

Mourinho perder, é notícia. Felizes os que conquistaram esse estatuto.
Com um golo madrugador e algo duvidoso, o Liverpool qualificou-se para a Final da Liga dos Campeões, apesar do intenso e categórico domínio do Chelsea, em Anfield Road. È futebol.
Confesso que o homem me irritava quando era Adjunto no Barcelona com aquele seu ar muito diligente e interventivo. Mais tarde tive que admitir que havia ali coragem na maneira como se atirou de cabeça para a carreira de Treinador Principal. O percurso posterior fala por si e já ninguém dúvida da sua enorme competência.
Mas, para mim, a admiração e o respeito só chegaram, quando numa singela entrevista, se afirmou Setubalense de gema e Vitoriano de coração. O amor pela terra onde nasceu e o exemplo do pai são afinal as marcas invisíveis de um carácter firme e desenvolto, que nunca renega as origens, mas que antes as vinca sempre que a oportunidade lhe surge. Não admira assim a aura que desfruta entre todos os Portugueses.
Por fim, sem querer ser rebuscado, não me escapou, ainda naquela entrevista a frase “nasci em Setúbal e cresci em Belém”.
Desde aí, gosto de pensar que o então jovem Mourinho terá solidificado o seu carácter no exemplo de fidelidade de todos aqueles grandes resistentes com quem ele convivia diariamente no Restelo.
Também por isto, que Viva Mourinho.

segunda-feira, maio 02, 2005

DIGA 33

Pois é, são quinze da super Liga mais dezoito da Liga de Honra. Este grupo precisa de se organizar para defender os seus interesses específicos deixando de ser manipulado e instrumentalizado pelos três Grandes. A Liga de Clubes tal como está não funciona. O Grupo dos 33, deverá fazer-se representar através de um mandatário comum e só assim está em condições de negociar em pé de igualdade com os três Grandes. Não se trata de reivindicar quaisquer regalias injustas mas tão só e de uma vez por todas curar o Futebol Português da sua longa enfermidade colocando-o ao nível de um País civilizado. Não é fácil, põe em causa muitos interesses, muitas subserviências e cumplicidades, muita mentalidade retrógrada e conformista, mas tem de ser.
A lista de necessidades está na cabeça de todos os verdadeiros adeptos e podemos relacionar algumas:

Código de admissibilidade nas competições organizadas pela Liga de Clubes:

a) Contas auditadas por uma mesma Entidade. Limitação de passivos, estabelecendo um tecto de referência de forma a introduzir um mínimo de justiça competitiva;
Estamos a falar de espectáculos onde a vertente desportiva é fundamental e nestas condições não é aceitável pôr frente a frente duas equipas em que uma delas tem um passivo de milhões e a outra de tostões. A engenharia financeira não pode continuar a “explicar” tudo.

b) Impostos e Contribuições em dia com Certificação da responsabilidade de uma Entidade Oficial. Não podemos voltar à vergonha das Certidões falsas ou capciosas nem às Comissões de Acompanhamento que não descobrem, não verificam nem denunciam fraudes e evasões quando estão em causa os Clubes do seu coração (e são sempre os mesmos!).

c) Salários e Seguros em dia com Verificação Responsável e Obrigatória pelo Sindicato dos Jogadores e pela Liga de Clubes;

d) Redistribuição mais equitativa das receitas das transmissões televisivas dos jogos da Super Liga que também devem contemplar os Clubes da Liga de Honra. A Liga deve negociar o “bolo” com o Operador Televisivo repartindo-o por ordem classificativa, mas em proporção mais equilibrada, por todos os Clubes inscritos na Liga. O princípio que deve vigorar nesta matéria é o seguinte: “todos os Clubes têm a mesma importância e todos são indispensáveis para o êxito das provas organizadas pela Liga de Clubes”. Quero dizer, em síntese, o que é óbvio: “só há vencedores porque há vencidos”.

Sobre as receitas das competições Europeias de Clubes também deve recair uma taxa a favor da Liga porque o princípio acima enunciado volta a fazer sentido; O objectivo final deste conjunto de medidas redistributivas seria, para além de um acto de justiça, uma forma de diminuir o fosso actualmente existente entre a Super Liga e a Liga de Honra deixando de ser um drama financeiro a descida de Divisão;

e) Verificação de Incompatibilidades e Dependências;
Referimo-nos como é bem de ver à transparência sobre os reais detentores do capital das SAD e às promiscuidades várias em que o nosso futebol é fértil.
Escândalos como o recente Estoril-Benfica jogado no Algarve não podem voltar a acontecer.

f) Arbitragem fora da Liga e em Organismo Autónomo gerido pelos próprios árbitros que reportariam em termos de responsabilidade a uma Secção da A.R. Os jogos da Super Liga seriam todos televisionados e observados para efeitos de classificação dos árbitros por uma Comissão onde teriam lugar obrigatório representante: dos árbitros, dos Clubes (na nossa óptica teriam que ser dois em que um deles seria o mandatário do Grupo dos 33), dos treinadores, dos jogadores, dos médicos e massagistas;

g) Campo de jogo de acordo com as normas UEFA;

h) Salvaguarda do princípio do contraditório nas intervenções mediáticas onde estejam em causa os interesses competitivos do Grupo dos 33. Refiro-me nomeadamente aos Órgãos da Comunicação Social Pública onde normalmente só se tratam os problemas do Futebol Português na perspectiva dos interesses dos 3 Grandes. Em Portugal um espectador desprevenido que assista a um desses programas da rádio ou da televisão sobre futebol fica invariavelmente com a sensação de que jogam sozinhos! Daí a sugestão proposta.

i) Proibição de inscrição de jogadores emprestados por Clubes concorrentes no mesmo Campeonato;


Existem decerto outras medidas necessárias mas estas, a serem efectivadas, já têm pano para mangas.
È também muito claro que só com a intervenção do Governo se poderão implementar aquelas disposições embora também se saiba que os nossos Governantes não se querem comprometer com nada que lhes retire popularidade e votos. Habitualmente refugiam-se na desculpa de que não devem interferir no “livre movimento associativo”. Todos sabemos que não é livre porque está ao serviço dos mesmos e não é movimento porque não revela qualquer intenção de se reformular apostando antes no completo imobilismo.
Por outro lado volto a lembrar que as dificuldades aumentam sabendo que estes 33 Clubes têm poucos adeptos “legítimos”, quero dizer, que sejam só adeptos do Clube da terra, o que reduz o ânimo de mudança da actual situação. Mas temos que continuar a lutar por um futebol credível e rentável. Todos sabem que no nosso futebol há batota e todos sabem também que está falido.
O Belenenses só tem a ganhar com a reforma do nosso futebol.


JSM

Onde é que eu falhei?

Tive que ir visitar uma prima à Província e não pude orientar a equipa. Mas deixei tudo tratado. Expliquei ao meu Adjunto Carlos Carvalhal, tintim por tintim o que é que ele tinha que fazer. Foi um erro, não devia ter ido…

Nas “dicas” a coisa até estava a correr bem. O Anderson fez, como lhe pedi, o seu primeiro remate à baliza esta época; O Amaral não marcou os livres tal como eu tinha proibido e o Wilson só abriu os braços uma vez, mas percebeu rapidamente que o Marco Aurélio não podia sair até ao meio-campo e felizmente lá atrasou a bola.
Mas não há bela sem senão… O Carlos (se posso tratá-lo assim) só percebeu que estávamos a jogar com dez, muito tarde. O Antchouet, rapaz simpático, tem uma característica única entre os muitos avançados que já observei: em cada época só está um mês em boa forma, e não é este mês. Nisto é extremamente regular!
O resto já se adivinha – na Luz, com dez, e eles sempre com mais do que onze, as coisas tornam-se difíceis.

Noutro registo:
Como sou um Belenenses do Tipo I (ver perfil noutro espaço) não gosto nem me consola justificar derrotas com arbitragens porque, quanto mais não seja por pudor, entendo que mais de meio século a justificar, é já muita justificação.
Precisamos de correr mais, precisamos de jogar mais e precisamos de ter a cabecinha no Belenenses (refiro-me especialmente a alguns jogadores e não só) e depois, talvez cheguemos lá.
Ainda assim sempre direi que o árbitro terá cometido um erro técnico: Se marcou penalty foi porque julgou ser “mão intencional” e assim teria de considerar conduta anti-desportiva com a consequente exibição de cartão ao nosso jogador Amaral. Não o fez. De seguida entrou no sistema clássico das compensações, sintoma de má consciência.
Quanto às outras grandes penalidades não assinaladas, uma para cada lado, direi apenas o seguinte, a título pedagógico:
o puxão do Neca, foi uma falta desnecessária e idiótica, e assim sendo, o nosso jogador devia levar também um puxão, mas de orelhas, por parte da equipa técnica do Belenenses; quanto ao toque sofrido pelo Lourenço, real mas de difícil percepção, convenhamos que os árbitros têm alguma dificuldade em analisar, tal como nós, o comportamento do Lourenço em campo – é que nunca se percebe se quer prosseguir os lances ou se prefere que o árbitro marque falta?!

Quanto ao mais, hoje é Domingo, estou fechado em casa, e não sei o que é que os jornais dizem, nem quero saber.
Entretanto, a “guerra” pela reforma do Futebol Português continuará por aqui em próximos e incómodos capítulos.

JSM